domingo, 23 de abril de 2017

A vitória do cinismo

O jogo de ontem foi um hino ao cinismo.
Infelizmente o derby havia começado horas antes das anunciadas 20h30 pelos mais tristes e infelizes motivos. A morte de um adepto assinalou uma já longa e abominável lista de vitimas do hooliganismo nacional. Pelo meio, naquilo que tresandava de cheiro a homicídio puro e duro, foi "delicioso" ver os telejornais da hora de almoço citar vizinhos anónimos e outras fontes igualmente credíveis, para nos tentar vender que o condutor tinha sido atacado, defendeu-se e sem querer atropelou o rapaz italiano. Comparem esta versão com aquela que circulava hoje de fonte da PJ. Este é hoje o actual estado da comunicação social em Portugal: vale tudo para vender o lado certo da história, sob a capa do pós-verdade e a sombra da cartilha.
Bruno de Carvalho fez o que qualquer homem provido de bom senso faria perante uma tragédia destas. Estendeu a mão ao seu homólogo do benfica. Seria algo bonito, romântico, ver os dois presidentes juntos a assistir a um jogo desta importância na tribuna. Luís Filipe Vieira não só não teve postura de estado como lhe faltou a hombridade que caracteriza os grandes Homens nos momentos difíceis. Cuspiu na mão apaziguadora que lhe estenderam, desenterrou Vale e Azevedo e desculpou um acto miserável, de uma forma igualmente miserável. Se tivesse sido BdC a dizer o que LFV disse, teríamos conversas, debates, aberturas de telejornais, tudo em teor condenatório. Como quem disse foi quem o disse, tudo passou despercebido. Vi hoje à hora de almoço o David Borges a criticar LFV mas indirectamente, quase por mensagens subliminares. É assim que está a nossa comunicação social.
O cinismo não ficou por aqui. Se LFV foi timidamente criticado pela sua vergonhosa atitude, já Rui Vitória foi aclamado de pé por ter defendido compreensão perante o trabalho de Artur Soares Dias. Como se o empate tivesse sido uma mau resultado para RV. De repente os discursos das ceboladas e dos 6 milhões atrás de nós foram remetidos para o país da amnésia, surgindo o treinador encarnado como exemplo do desportivismo e fair-play, em contrate com "outros intervenientes". E que "outros intervenientes" seriam estes? Pois, não é difícil adivinhar.
O jogo em si também não destoou do cenário cínico. Foi um espectáculo pobre, praticamente sem momentos de perigo ou oportunidades de golo. Lembro-me que em jogos assim, desde os finais dos anos 80 até há 3 ou 4 anos atrás, contra o porto, nunca conseguíamos ganhar. Podíamos até, como ontem, marcar um golo madrugador ou de sorte. Mas depois sofríamos também golos de sorte (neste caso, de azar). Ontem, o jogo tinha tudo para ser como esses clássicos antigos. Sem oportunidades de golo, cedo pareceu que só em lances de bola parada se conseguiriam marcar os golos em falta. Se Grimaldo, o marcador de serviço do benfica, não conseguiu marcar, nada melhor que estrear um desconhecido nestes lances e... claro que só o Sporting poderia sofrer um golo dessa maneira. 
Finalmente, os outros dois intervenientes no jogo que, no meu entender, mais contribuíram para o resultado final:
Artur Soares Dias - Não sei o que levou o árbitro a não assinalar aqueles penaltis na área do Sporting. Se o do William ocorre 300 vezes num jogo, o do Scheloto também é facilitado pela manha do Grimaldo, o do Bruno César é daqueles que só não vê quem não quer. Talvez tenha sido da conversa que teve com Rui Costa ao intervalo, pois na segunda parte simplesmente não assinalou nenhuma falta a favor do Sporting no último terço do terreno. Além que a falta que origina o golo do benfica é inexistente. Se fosse para nos fazer sofrer, mais valia ter marcado aqueles 3 penaltis logo na primeira parte, e ter deixado o jogo fluir, E assim apita o melhor árbitro português da actualidade.
Jorge Jesus - Na minha ante-visão do jogo, considerei que o seu melhor trabalho táctico seria uma mais valia sobre o benfica e contribuiria decisivamente para uma possível vitória nossa. Ontem não podia ter sido mais diferente. Se a entrada no onze de Paulo Oliveira foi positiva e a de Jefferson espectável, o que dizer das prestações de Bruno César e Alan Ruiz? O que leva o treinador que lançou Matheus Pereira a titular no dragão, a não lançar Podence titular no jogo de ontem? Porque motivo Alan Ruiz quando foi substituído, não foi pelo mesmo Podence mas sim por um desinspirado Brian Ruiz? Será que nos 4 jogos que faltam ainda vamos ver Campbell titular? Não estaria na altura de começar a jogar com Podence, Geraldes, Gelson Dala (no banco) ou até o Palhinha??? Foda-se JJ, assim não dá, né?!?!?!

Sem comentários:

Enviar um comentário