quinta-feira, 10 de maio de 2018

Última jornada: Jorge Jesus contra os padres e as missas

No dia 22 de maio de 2005, a nossa equipa subia ao relvado para disputar o último jogo de um campeonato muito amargo. Uma semana antes estávamos a uma vitória de sermos campeões, num jogo onde até o empate não era mau de todo, pois continuávamos a depender só de nós para sermos campeões. Quis o destino que Luisão nos marcasse um golo aos 83 minutos, num lance muito duvidoso mas onde o nosso guarda-redes também pareceu mal batido. Terminado abruptamente o nosso sonho de sermos campeões, restava-nos o consolo de alcançar o segundo lugar da prova, onde concorríamos com o porto.
Nesse dia jogámos em Alvalade contra o Nacional da Madeira. Além de termos perdido o campeonato na semana anterior, também tínhamos perdido a final da Taça UEFA uns dias antes, naquele mesmo estádio. O estado anímico dos jogadores estaria no mínimo, mas ainda tínhamos aquele ponto de honra que era o segundo lugar e, consequentemente, o apuramento para a Liga dos Campeões. Mesmo com a nossa equipa em frangalhos, o Sistema decidiu jogar pelo seguro, pelo que garantiu que não atrapalhássemos as contas finais. Até porque o Nacional andava então pelo 12.º lugar, pelo que nada fazia prever um mau resultado do Sporting naquela tarde. Mas aconteceu. Aos 24 minutos já perdíamos por 0-3, com todos os golos dos visitantes a serem marcados em clara posição de fora-do-jogo, a que se juntaram duas grandes penalidades indiscutíveis a nosso favor que não foram assinaladas. O jogo acabaria em 2-4. Uma vitória teria-nos garantido o segundo lugar, pois o porto empatou o seu jogo.
Treze anos depois, o VAR impossibilitaria (teoricamente, pelo menos) que aquela arbitragem se repetisse no próximo dia 13 de Maio. Mas não estamos livres de sofrer um contratempo igual ao que sofremos contra o Nacional. Afinal, há uma equipa que pode ficar privada de umas boas dezenas de milhões de euros, caso consigamos vencer na Madeira. Não podemos esquecer a forma como este mesmo Marítimo facilitou quando visitou a Luz para o campeonato. 
Contra 11, 12, 15 ou 17, não deixamos contudo de sermos mais que favoritos a ganhar na Madeira. Não podemos ter receio de jogar contra a equipa que, por mais "aditivada" que esteja, está em sétimo lugar, com 44 pontos (menos 34 que nós), que marcou 34 golos e sofreu 48 ao longo da prova. O melhor Sporting, com inspiração normal, é suficiente para levar de vencida a partida. Mas lá está, como não podemos correr riscos como os que corremos, por exemplo, em Setúbal, impõe-se que o Sporting seja no domingo aquilo que não foi no passado sábado: uma equipa motivada na procura da vitória, mandona em campo, cerrada na defesa, habilidosa no meio-campo, inspirada na finalização. E se assim for, não haverá padre ou missa que nos desvie do objectivo final.
Chegados à última jornada, ainda não podemos analisar com precisão a época de Jorge Jesus à frente do Sporting, pelo menos no que ao campeonato dis respeito. Uma vitória na Madeira assegura o segundo lugar e 81 pontos, o que não se coaduna com a noção de "época má". Já uma derrota ou empate, que implique a perda do segundo posto, não terá outra consequência senão a admissão de que este campeonato foi negativo. O próprio Jorge Jesus, mais do que ninguém dentro do Sporting, sabe o quanto vale a vitória na Madeira. Vale a diferença entre uma época razoável ou (mais uma) para esquecer.

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