segunda-feira, 7 de maio de 2018

Desilusão de um sábado à noite

Desilusão.
Depois do empate do Braga no dia anterior, uma vitória no derby encerraria em definitivo a questão do segundo lugar, com a agravante de que chutaríamos para o dia seguinte a festa de consagração do porto. Mas tudo isto seria demasiado fácil e se há coisa a que nós, sportinguistas, não estamos habituados, é a coisas fáceis.
Jorge Jesus fez a sua parte e lançou no onze inicial William e Picinni, claramente sem ritmo para um jogo desta envergadura. Rafa fez o que quis pela direita e William, ainda por cima fora de posição, andava perdido no meio-campo. Gastámos milhões de euros para comprar médios, mas chegamos a um jogo desta importância e lançamos um jogador acabado de recuperar de uma longa lesão. Não compreendo estas "embicações" do nosso treinador, onde por mais extenso que seja o plantel, acabam sempre por ser os mesmos a ser chamados a resolver os jogos. 
Já o disse aqui, e mantenho-o, que o nosso plantel desta época seria o melhor desde 2002. Também o disse, e continuo convencido disso, que esta equipa do benfica não está 6 ou 7 pontos atrás de nós porque é protegida pelos agentes desportivos, sejam eles árbitros, clubes pequenos ou dirigentes federativos. Por isso não compreendo como é que contra uma equipa onde Samaris, Douglas ou Rafa foram titulares, tenhamos feito uma das piores primeiras partes que já fizémos esta época. E mesmo que tenhamos equilibrado as coisas na segunda, nunca fomos uma equipa dominadora e avassaladora. E tínhamos de o fazer, porque somos melhores e a vitória resolveria tudo para o nosso lado. 
Para me recordar do último derby ou clássico onde tenhamos sido claramente superiores ao adversário, tenho de recuar pelo menos duas épocas. Causa-me algum prurido esta nossa queda de qualidade nos jogos grandes. Mas não deixa de ser curioso que o jogo grande onde jogamos melhor esta época tenha sido o único que perdemos (para o campeonato). 

Xistra como ele próprio é
O nosso jogo foi tão fraco, tão mau, tão decepcionante, que sinceramente nem sinto conforto em ter de referir que, mesmo jogando mal, tiveram de nos negar duas grandes penalidades óbvias, além da possibilidade de jogarmos os últimos minutos em superioridade numérica. E falo-o apenas por despeito à absurda argumentação de Rui Vitória, que atribuiu ao árbitro a sua incompetência para vencer um jogo onde conseguiu ser superior.
Carlos Xistra, que em 2015/2016 salvou literalmente o benfica em Guimarães, voltou novamente a ser como sempre foi. Prejudicou-nos sempre que pôde. No final da primeira parte viu uma falta sobre Rafa num desarme limpo de William, de onde resultou uma série de jogadas perigosas para a nossa baliza. Na segunda parte mostrou o amarelo a Jardel quase por favor, tal foi o tempo de levou a puxar o cartão do bolso. Perdoou a expulsão a Bruno Fernandes, mas antes disso fez vista grossa a uma cotovelada de Rúben Dias sobre Gelson.

Falta de killer instinct
Já perdi a conta às inúmeras situações onde Bas Dost, em frente à baliza, prefere passar a bola ao lado e perde uma excelente ocasião para desatar um jogo a nosso favor. Gosto do nosso matador holandês, mas a sua dificuldade em se assumir neste tipo de jogos (lembro-me de um lance semelhante contra o Barcelona) só me leva a ter saudades de... Slimani. Não estará ele por aí disponível para vir fazer uma perninha a Alvalade???

Rúben Dias: um case study à portuguesa
No inicio da década de 90, quando o Sistema estava no seu auge, havia um jovem e promissor jogador a despontar nos relvados portugueses. O seu nome era Fernando Couto, o homem da cabeleira "à Serafim Saudade", um touro de força, que tinha tanto de talentoso como de rude trauliteiro. Fernando Couto passeava-se impune pelos campos, agredindo uma série de jogadores adversários sem a devida punição disciplinar, salvo num jogo na Luz onde enfiou uma cotovelada no Moser.
Tal como Fernando Couto, Rúben Dias é o exemplo da impunidade do clube que domina os bastidores do futebol português. Um jovem jogador de vinte anos, acabado de chegar a titular da equipa sénior do benfica, mas que revela a mesma falta de decoro de Fernando Couto para agredir grosseiramente colegas de profissão. O que se passou no derby com Gelson não foi uma situação isolada, como a entrada dura de Bruno Fernandes sobre Cervi. Foi sim o repetir de um comportamento que, face á impunidade que é demonstrada, já decorre de forma reiterada. É ridículo pensarmos que Rúben Semedo, sem metade da agressividade de Rúben Dias, foi mais reprimido disciplinarmente pelos árbitros.

Última jornada
A deslocação à casa do Marítimo insere-se naquelas deslocações tipicamente dificeis para nós. Sendo o derradeiro jogo do campeonato e significando a vitória a possibilidade de aceder à milionária Liga dos Campeões, só espero que façamos ali o grande jogo que devíamos ter feito no sábado. E que tenhamos muito cuidado para não nos acontecer o mesmo que em 2005, onde na última jornada, também contra uma equipa madeirense, fomos grosseiramente espoliados do segundo lugar.

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