quarta-feira, 25 de outubro de 2017

O VAR actual e uma proposta para o futuro

Diz-nos a Lei de Murphy que, se algo puder correr mal, vai correr mal.
O passado domingo foi um bom exemplo da aplicação da Lei de Murphy à realidade. Na semana em que foram executadas buscas judiciais no estádio da Luz, ou em casa de dirigentes do benfica, no âmbito do processo dos emails, alguém achou que um dos árbitros envolvidos no caso - Nuno Almeida, o "ferrari vermelho" - era o mais indicado para arbitrar o jogo dos encarnados. O resto da história todos sabemos como acabou. Mal.
Mantendo a agulha virada para as leis epigramáticas, lembro-me da "navalha de Hanlon", que nos dizia para nunca atribuirmos à malícia o que poderia ser bem explicado pela estupidez. E como dizia Einstein, a estupidez não tem limites, ao contrário do Universo. 
Sobre o corte de comunicações ocorrido no jogo Aves-Benfica ou da decisão do árbitro Rui Costa no lance do penalti em Alvalade, não acrescentarei mais nada, pois tudo o que haveria para opinar já foi opinado. O que salta à vista dos olhos é que neste momento temos uma classe - os árbitros "profissionais" - que está descaradamente a boicotar uma medida imposta pela Liga de Clubes, que é a implementação do VAR. Só assim se explicam os apagões, os vazios, os cortes de comunicação, o "aguenta" para uns ou o silêncio para outros. Quando os árbitros, que deveriam ser os mais interessados em credibilizar esta ferramenta de apoio ao seu trabalho e dos colegas, são os primeiros a achincalha-la, está tudo dito quanto à sua intenção. 
Mas voltemos á epigramática, mais concretamente ao conhecidíssimo princípio de Peter. Disse-nos Lawrance J. Peter que todo o indivíduo tende a ser promovido até ao seu nível de incompetência. Terão os árbitros que ocupam o actual quadro de árbitros profissionais atingido o seu nível de incompetência? Terá o actual estado do futebol português chegado ao um ponto onde Peter, Hanlon e Murphy se cruzaram, e onde chegamos facilmente à conclusão que os árbitros são incompetentes, que os seus actos se explicam pela sua incompetência e que por isso mesmo tudo o que fazem é desastroso?
É que antigamente havia a desculpa do momento. O jogador caía na área, o avançado desmarcava-se depressa, o defesa enfiava uma cotovelada ao adversário quando o "bandeirinha" estava de costas. Ou seja, o decisor só tinha uma oportunidade para visualizar o acontecimento, era ali ou nunca. Hoje não. E por isso estão os adeptos e os clubes cada vez mais fartos de quem nos apitar. Sejam eles estupidos ou maldosos.
Vem esta conversa toda a propósito da recente greve convocada pelos nossos árbitros. Que é que hoje há que não havia há um, dois, cinco ou dez anos atrás? Agressões? Check. Rumores de corrupção? Check. Dúvidas na atribuição de classificações? Check. Casos, comentadores e paineleiros? Check. O que mudou mesmo nestes últimos anos? Pois, a introdução do VAR. E lá vou eu outra vez à epigramática: "Não há almoços grátis". E está na hora destes nossos árbitros pagarem o seu "almoço" a quem os ofereceu no passado.
Neste momento, perante o boicote que se assiste ao VAR por parte dos árbitros, parece-me importante começar a pensar em alternativas ao modelo existente. E permitam-me que aqui, neste meu pequeno espaço, lance uma ideia: porque não pegar em antigos árbitros para fazerem de VAR? E porque não fazer equipas de dois ou três indivíduos como VAR? No primeiro caso, são pessoas que já não estão constrangidas pela avaliação do seu desempenho, como as notas dos observadores, pois o seu percurso já chegou ao fim. E digo antigos árbitros, porque temos muitos que continuam ligados à sua função, comentando as arbitragens na TV ou em jornais. No segundo caso, mais do que um decisor atrás do VAR, porque duas ou três cabeças pensam melhor que uma e quatro ou seis olhos veêm melhor que dois. E o erro dilui-se sempre quanto mais pessoas capazes estão a julgar.
Pensem nisto.

2 comentários:

  1. Por momentos imaginei valentes desavenças dentro das cabines de VAR. Tipo bofetadas e assim. Papelada pelo ar. Depois passou-me.

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  2. Lamento discordar da sua proposta.
    Qual a diferença entre ao Fábio Veríssimo ou o António Rola como VAR?
    Não tenho nenhuma saudade do Duarte Gomes ou do Lucílio Baptista.
    Os ex-árbitros disponíveis são a espinha dorsal do Apito Dourado.

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