terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Estará a esgotar-se a irreverência brunista?


Bruno de Carvalho deverá ganhar o próximo acto eleitoral do Sporting, não tenho dúvidas disso. Só não arrisco dizer que será uma vitória folgada porque, como é sabido, os votos não são por cabeça. O eleitorado de BdC situa-se mais nos jovens, sócios com menos anos de associado, logo com direito a menos votos. PMR poderá tentar apelar aos sócios mais antigos que votem nele, em contraponto com a irreverência brunista. E será a penetração de PMR nesse sector de sócios que ditará a margem apertada ou folgada da vitória da lista B. Até porque a "irreverência" também já não é o que era.
Bruno de Carvalho apresentou um plano de ruptura em 2011 e repetiu-o em 2013. Quem votava na sua lista fazia-o por estar farto da linha directiva seguida desde 1995. Urgia sacudir as mentalidades, agitar as águas, implodir o status quo. De certa forma os 4 anos de BdC à frente do Sporting corresponderam ao prometido: o clube voltou a ganhar ímpeto, os sócios e os adeptos voltam aos estádios e pavilhões, o Sporting voltou à posição de referência no desporto nacional. É certo que ainda faltam os títulos de campeão no futebol e nas modalidades, como o andebol. Contudo o caminho foi desbravado e hoje estaremos mais perto desses feitos do que em 2013.
Hoje BdC já não é um outsider no Sporting. Os sportinguistas dos vários quadrantes económico-sociais reconhecem no nosso actual presidente capacidade para gerir o clube e elevá-lo aos mais altos patamares do nosso desporto. Perante esta constatação, seria complicado, praticamente impossível, que BdC se furtasse aos apoios desses sportinguistas, mesmo que em tempos estes fizessem parte do que ele quis cortar no Sporting. Isto acontece simplesmente porque o Sporting - e, claro, BdC - precisam de ter do seu lado as "elites" da nossa sociedade. Precisamos de ter banqueiros, jornalistas, médicos, políticos, ex-dirigentes, ex-desportistas, advogados, etc. do nosso lado. Se queremos cerrar filas contra a podridão que grassa no futebol e outras modalidades, temos de contar com todos que queiram ajudar. E é este interesse mútuo que norteia a Lista B e a sua composição.
Confesso também que tenho curiosidade em saber no que resultará a moderação (ou a sua tentativa) nos destinos do Sporting. Em que medida se reflectirá a aproximação de BdC a Ricciardi? Voltará o banqueiro a ter o mesmo domínio sobre o clube que já teve no passado? Como ficará a posição de Álvaro Sobrinho dentro da SAD? Reforçada? E a posição do clube na SAD?
Não sejamos inocentes. No mundo do futebol profissional temos de nos juntar a quem tem capacidade para o financiar e alimentar. Não podemos pensar que conseguimos competir em Portugal e na Europa sem o apoio de financiadores e de agentes desportivos. A grande luta não passa por fazer dos clubes auto-suficientes, mas sim aumentar a transparência dos seus actos. Saber que comissões são pagas, que património é alienado, a capacidade de quem negoceia, etc. 
Será a capacidade de Bruno de Carvalho saber ter junto de si quem quer investir no clube, ao mesmo tempo que não deixa cair essa "irreverência" de querer defender o superior interesse do Sporting, que ditará boa parte do seu sucesso à frente da próxima direcção. 

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