terça-feira, 28 de novembro de 2017

Os dragartos

Um dos impropérios que a lampionagem gosta de nos lançar é o de "dragarto". Apesar da palavra visar o conjunto de adeptos do Sporting e porto, ela acaba por ser mais depreciativa para nós, pois atrás de si vem a conversa do costume: nós somos subservintes ao porto, que nos usa apenas para conseguir os seus intentos de dominar o futebol português.
Infelizmente tempos houve em que por Alvalade grassou uma escola de dirigentes desportivos que, não sendo propriamente "subservientes" ao clube que então dominava o futebol luso, eram coniventes por omissão com o seu jogo sujo, conformando-se em acabar as épocas atrás dele. Essa mesma escola permitiu que outra classe de dirigentes, oriundos da escola do betão armado e dos pneus colombianos, muitos com um passado pouco recomendado de ilicitudes e manigâncias, arrogasse para si os louros da luta hercúlea contra o Sistema portista, empurrando-nos para o lado errado da história.
Enquanto Sportinguista fervoroso e temente dos mais altos valores éticos e morais desportivos que o nosso clube sempre se orgulhou de representar, custou-me ver que indivíduos como José Veiga, Bibi, Luis Filipe Vieira, entre outras eminências, surgissem então travestidos de heróis na luta contra o polvo portista, enquanto do nosso lado nem sequer uma palavra foi dita quando, por exemplo, o Paulinho foi chamado de "atrasado mental" nas escutas do apito dourado. 
Entretanto passou-se mais de uma década desde que o apito dourado foi revelado ao mundo. As coisas mudaram. O Sistema foi destronado pelo Estado Lampiânico e a nossa antiga classe dirigente foi varrida para debaixo do tapete, dando lugar a sangue novo. O Estado Lampiânico, numa primeira fase, conseguiu implementar-se em lugares-chave que o Sistema nunca cheirou, como a comunicação social e a blogosfera. Nem o poder político escapou, como se tem visto ao longo da triste telenovela das claques e dos grupos de sócios organizados. 
Actualmente a luta de poderes no futebol nacional pode ser entendida da seguinte maneira: de um lado o Estado Lampiânico, hegemónico, assente na simpatia ou no medo que os poderes tem pelo facto de ser o representante do clube com mais adeptos em Portugal. Do outro lado, os resquícios do Sistema, moralizados pelos recentes resultados desportivos que catapultam a sua equipa, e pela forma como tem conseguido saber desmascarar as engrenagens do EL nos bastidores do nosso futebol. No meio desta luta estamos nós. É preciso não esquecer que Bruno de Carvalho, desde a primeira hora, sempre soube manter-se à parte das lutas de poder entre porto e benfica. A certa altura chegámos a ficar isolados no panorama futebolístico nacional, quando Luis Duque foi eleito presidente da Liga. Neste tempo o Sporting soube sempre assumir uma postura de delação das práticas mais obscuras e promíscuas dos agentes desportivos, desde a questão dos fundos até ao buraco negro dos "vouchers". Infelizmente esta delação não foi acompanhada de uma Comunicação assertiva para o exterior, acabando a nossa mensagem por ser afectada por algum "ruído" em torno de polémicas dispensáveis do nosso presidente. E por isso a campanha dos "e-mails", protagonizada pela comunicação portista, gerou mais mossa do que a nossa luta contra os vouchers: foi mais focada.
Daí que a actual campanha do Sistema para se auto-resgatar possa gerar em alguns de nós o mesmo fascínio que outros tem pelo abismo. Os sportinguistas podem sentir-se tentados em dar o braço aos salvadores do Sistema, pois afinal temos todos o mesmo objectivo de derrubar o EL. Mas não nos iludamos: os outros apenas querem trocar padres por fruta, como se tem visto nas recentes polémicas (sempre) em torno da arbitragem. Nós queremos algo mais. E a actual direcção do Sporting também. Por isso é que Bruno de Carvalho disse, com todas as letras, que íamos ser campeões nacionais. E por isso é que todos dizemos que se BdC não for campeão neste mandato, será corrido da presidência do Sporting. Na década anterior, como diz a "A Insustentável Leveza do Liedson", falávamos do porto conformados. Para o bem e para o mal, hoje não é assim.
O tempo dos "dragartos" acabou. Bardamerda para os "dragartos" e para quem nos chama de "dragartos".

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Bruno e o Dom Quixote

Os últimos dias tem sido uma defecação.
Quando pensamos que o futebol português bateu no fundo, eis que a realidade nos continua a surpreender. Continuam as lutas de bastidores entre Estado Lampiânico e Sistema, cada um chafurdando com mais avinco na podridão do nosso futebol. Qualquer adepto minimamente atento às notícias desportivas percebe a luta titânica em curso. São e-mails, cartilhas, diagramas, conversas, entrevistas. Tudo tresanda a putrefacção. 
Do Estado Lampiânico muito escrevi aqui, a que se juntaram outras tantas histórias entretanto descobertas e relatadas pela revista Sábado. O Piriquito, qual espécie voadora armada em ave de grande porte, transmitia dados financeiros sobre os clubes rivais do benfica aos seus amigos Pedro Guerra e André Ventura, enfatizando os temas que estes deveriam explorar nos seus programas de tortura com que nos vão brindando na televisão. Queixou-se o piriquito que nada daquilo era confidencial, mas por algum motivo ganhou vergonha na cara e pediu para sair. Usar a sua posição de acesso previlegiado à informação para "cuscuvilhar" a vida de outros clubes, pode não ser ilegal. Mas de certeza que não é ético. Hoje sabemos de onde é que Pedro Guerra foi buscar algumas das suas "informações" sobre as contas do Sporting, por exemplo. E sendo Pedro Guerra um mestre na arte de "rumorizar", nem quero imaginar que mais fontes e lacaios terá espalhado por esses gabinetes fora. Pedro Guerra, por muito que o queiram esconder, é mais do que um blogger ou paineleiro da nossa praça. É um funcionário do benfica. E um funcionário que tem utilizado reiteradamente esquemas sem ética para prejudicar a imagem dos adversários do benfica. Alguns dos quais ilegais. E criminais. Adiante.
Do lado do Sistema, é caso para dizer que a "besta" acordou. O que A BTV divulgou ontem sobre apitos dourados, braços armados e braços civis, não é novidade nenhuma. A única novidade foi como o Sistema se deixou ultrapassar nestes últimos anos pelos Talibans de Carnide. Longe vão os tempos em que benfica e porto iam de braço dado até à liga para escolher Luis Duque, ex-dirigente do Sporting contrário à actual direcção do clube, presidente da Liga de Clubes. Pinto da Costa lá terá acordado da sua longa hibernação e voltou a fazer aquilo que sempre fez nos últimos 30 anos: "mafiar". Pode não ter a sofisticação do EL, nem a sua enorme falange de activistas, mas tem a experiência de quem sabe onde estão as pontas certas para serem puxadas. E essas pontas são invarivelmente as mesmas de sempre: a arbitragem. Quem nomeia, quem observa, quem classifica. 
Entre a luta de titâs, está o Sporting. Bem que nos tentam puxar para a lama, dar holofotes mediáticos a ex-policias condenados ou a empresários de futebol sem escrúpulos. A última agora é o aparecimento de Pedro Madeira Rodrigues, que no meio desta guerra porto-benfica apressou-se a fazer o papel de palerma que sempre lhe coube, empurrando de novo o holofote para o local errado.
Tentar ser campeão no meio desta trampa toda, é um trabalho de Hércules. Conseguir ser campeão é um trabalho quixotesco. Só alguém muito puro no seu coração, um romântico, acredita ser possível ganhar-se alguma coisa contra o EL ou o Sistema. Só um Don Quixote aceita este papel de defensor intransigente dos valores desportivos, no contexto em que estamos. Mas ao contrário da personagem de Cervantes, este Don Quixote não pode continuar a perder o seu tempo a investir contra moinhos de vento. Não pode continuar a perder o seu tempo com discursos do "feitio de gaja" ou da "entrevista idiota". 
Se quer ser uma voz diferente no seio do nosso futebol, tem de primar pelo discurso diferenciador, por apontar o dedo à pouca vergonha que se tem passado nestes últimos dias. Não pode dar argumentos aos nossos inimigos para que estes nos apontem os holofotes, conseguindo assim manter os seus na penumbra. Para isso já bastam os palermas que de leão ao peito se agacham para fazer esse serviço. Mais foco, Bruno. Mais foco.

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

O momento: ponto de situação e próximo ciclo

Depois de mais uma paragem para os compromissos das selecções nacionais, eis que ontem se iniciou um novo ciclo de nove jogos seguidos, que se prolongará até 21 de Dezembro. Depois, mais futebol só em 2018.
São nove jogos em 5 semanas, o que dá uma média de quase dois jogos por semana. Parece mais um ciclo infernal de jogos, mas nem por isso. Um jogo foi para a Taça de Portugal e outros dois para a taça CTT. Os outros seis serão mais complicados, sendo que dois são da Liga dos Campeões e quatro para o Campeonato. Com todo o respeito para o Famalicão, que ontem fez uma belíssima figura em Alvalade, o jogo da Taça de Portugal não pode ser considerado complicado. E mesmo os dois jogos da taça CTT, um deles em Belém, também não podem ser encarados como se fossem jogos para o campeonato. Ou mesmo para a Taça de Portugal. Desejo apenas que o nosso treinador não resolva apostar nos titulares do costume e aproveite esses jogos para rodar a equipa e para dar minutos às nossas estrelas emergentes.
Ponto de situação: Estamos nos oitavos da Taça de Portugal, a Taça CTT está em aberto, na Liga dos Campeões ainda alimenamos a ténue esperança de passar aos oitavos, se bem que a Liga Europa pareça ser o futuro mais razoável da época europeia. Para o campeonato seguimos em segundo, a quatro pontos do lider. Empatámos três jogos em onze, marcámos 24 golos e sofremos 7. Temos o segundo melhor ataque e defesa da Liga. Estivémos muito bem em Guimarães, na Vila da Feira e em casa com o Chaves. Tivémos sorte nos jogos com Porto e Rio Ave. E cedemos empates inexplicáveis com o Braga e Moreirense. Estes quatro pontos (mal) perdidos acabam por ditar a actual diferença para o líder. Concluíndo, temos tudo em aberto nas quatro frentes em que lutamos. E o próximo ciclo será determinante em duas delas.
Começando já no próximo jogo, que será em casa com o Olympiakos. Uma vitória assegura-nos a Liga Europa, deixando a decisão da passagem aos oitavos da LC para o jogo em Barcelona, a 05/12. Um empate ou derrota diante dos gregos afasta-nos da LC e poderá comprometer a nossa passagem á Liga Europa. Com a paragem do campeonato, a recuperação física da maior parte dos jogadores deixa-nos quase na máxima força para o jogo de quarta-feira. Acredito que faremos um bom resultado, coroando uma exibição eficaz. Basta jogarmos ao nível dos outros quatro jogos que fizemos para a LC. Creio que chegará.
Para o campeonato, após um jogo que se antevê renhido com o Olympiacos, iremos a Paços de Ferreira. Os pacenses estão longe do fulgor de outras épocas e ocupam o 12.º lugar. É lidar com a ressaca europeia e jogar esse jogo com toda a garra e empenho desde o primeiro minuto. 
Depois de Paços de Ferreira iremos jogar duas vezes com o Belenenses no espaço de três dias. Primeiro em Belém, para a Taça CTT. Depois em casa para o campeonato. Este será talvez o jogo mais complicado para o campeonato neste ciclo. Os azuis estão em 7.º lugar e tem mostrado bom futebol neste início de época. O jogo antes para a taça CTT não me preocupa, pois duvido que JJ ponha os titulares nesse jogo. Preocupa-me mais o facto de jogarmos com o Barcelona cinco dias depois e os jogadores entrem em campo com a cabeça na Catalunha.
Na Catalunha, a 05/12, decidir-se-á o nosso futuro europeu. Se é a LC, a LE ou nada. Esta última hipótese poderá ter impacto negativo na cabeça dos jogadores, além de que os adeptos nunca aceitarão outro desaire como o da época passada. Mas partindo do princípio que as coisas correm bem e seguimos pela Europa, estaremos com a motivação em alta para jogarmos no Bessa contra o 9.º classificado Boavista e passado uma semana em Alvalade contra o 11.º Portimonense. O ciclo encerra a 21/12 quando jogarmos o último jogo da fase de grupos da CTT, contra o União. Salvo uma derrota em Belém, provavelmente iremos assegurar a nossa passagem às meias-finais da prova nesse jogo, disputado numa fase da época sem grandes pressões.
Assim, neste conjunto de jogos elegeria por ordem de importância já o próximo, contra o Olympiakos, face ao que pode condicionar na nossa presença europeia. O jogo em Paços de Ferreira, como no Bessa, serão também importantes pois virão nas ressacas europeias. Mas dentro de portas chateia-me mais o Belenenses. Aqui peço cabeça ao treinador para não queimar titulares no jogo antes da taça CTT. E cabeça aos jogadores para não pensarem no Barcelona. O Portimonense é - tem de ser!!! - para ganhar. E a taça de Liga... é a taça da liga. Se vier é bom. Se não vier... paciência.
Ah, e cruzar os dedos para não hajam (muitas) lesões até ao Natal!

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Ver o Campeonato por um canudo

Se ontem aos 70 minutos me dissessem o que iria acontecer nos 25 seguintes, não iria acreditar. Mas depois lembrava-me que isto é o Sporting e provavelmente aceitaria a profecia como certa. E foi.
Depois de onde jogo terrível em Vila do Conde, onde deveremos ter gasto o plafond de "sorte" para os próximos 10 anos, não estava nada à espera de empatar o jogo com o Braga. Ainda por cima um empate a lembrar um outro ocorrido há cerca de um ano, também em casa, frente ao Tondela, com a derrota a ser evitada mesmo ao cair do pano.
O jogo até prometia outra coisa diferente, tal foi a facilidade como na segunda parte nos íamos aproximando a área bracarense. A primeira parte, menos inspirada, foi rasgadinha, tendo as melhores oportunidades sido nossas. Após um jogo europeu, ainda por cima com algumas baixas importantes, não estava à espera de uma grande exibição do Sporting, mas estávamos a jogar o suficiente para merecermos o golo, que acabou por aparecer aos 66 minutos. O Braga, até então na segunda parte, tinha-se limitado a defender e a dar cacetada, salvo um único lance onde até acabou por marcar um golo mal anulado. A equipa bracarense vinha de um jogo europeu disputado três dias antes, pelo que não acreditava que ainda viesse a ter força para conseguir empurrar-nos nos minutos finais da partida... como acabou por empurrar.
Eu sei que uma partida de futebol tem 90 minutos, logo não estaria a ser justo se disser que o Braga mereceu ganhar pelo que fez nos últimos 20/25 minutos. Mas uma equipa, como a nossa, que entrega o jogo ao adversário como entregámos nessa fase crucial da partida, também não o merece ganhar. E diga-se, sem qualquer complexo, que não perdemos também por fruto de decisões erradas da arbitragem que nos beneficiaram, pois além do golo mal anulado, o penalti a nosso favor é precedido de falta clara de Doumbia. 
Mas aqueles últimos vinte e tal minutos é que foram o diabo. Muitos dirão que é fatal como o destino, não fosse isto o Sporting, quebrarmos no final dos jogos e transformarmos jogos controlados em derrotas quase certas. Pensava que este ano seria diferente, face à injecção de qualidade e experiência que o plantel levou. Voltámos a ver esse filme nos dois jogos contra a Juventus, e íamos vendo-o de novo na Grécia e em casa contra o Estoril. Mas que raio, Juventus é a Juventus e a competição é a Liga dos Campeões. Na Grécia e contra o Estoril íamos soçobrando à beira do fim, mas aguentámos e no final conta é o resultado. Ontem, diante um equipa que, repito, jogara numa competição europeia 3 dias antes, portanto com menos 2 dias de descanso que nós, não podíamos ter permitido a quebra física e mental na recta final. 
Dir-me-ão que tal se ficou a dever às lesões antes do jogo e daquelas que fatalmente nos surgiram ontem. Aceito o argumento, mas não chega. De que vale a pena ter Doumbia quando JJ prefere ter Bas Dost completamente estourado a arrastar-se na parte final dos jogos? De que vale termos Iuri Medeiros no plantel quando Acuña, que não pára há mais de um ano, continua a ser usado sistematicamente em todos os jogos, também em claro esforço? Porque é que temos Petrovic ou Palhinha no banco se quando a equipa quebra a meio-campo, o treinador está 15 minutos para a reforçar (ia meter Petrovic quando o Braga faz o empate)? De que serve termos Matheus Oliveira no banco, para nunca ser utilizado, e do outro lado o Fábio Martins entra e mexe de imediato com a dinâmica de uma equipa até então amorfa? E Alan Ruiz, para que serve mesmo? E voltando à lesão de Acuña, quando vale a aposta como o seu substituto será... Bruno César? De que vale a pena termos sequer "opções" quando temos sempre Bruno César?
Não adianta ter jogadores experientes ou de qualidade no plantel se o treinador se limita a utilizar apenas 12 ou 13 desses jogadores até à exaustão. Ristovski já podia ter sido utilizado há mais jogos, prevenindo uma lesão a Piscinni. André Pinto e Doumbia a mesma coisa. Gelson Martins e Bruno Fernandes já demonstram demasiada fadiga para esta fase da temporada (estamos em Novembro!!!). Será preciso pagar a clausula milionária de Pity Martinez para termos, finalmente, rotatividade na equipa?
Durante estes dois anos fui defensor do nosso actual treinador, pois considerei que a sua chegarda trouxe um upgrade à nossa equipa profissional de futebol. Mas pelo ordenado principesco que recebe, nesta altura esperava mais, muito mais. Vejo o Sporting acumular erros atrás de erros que na maior parte dos casos se devem à teimosia e casmurrice de Jorge Jesus. Tive esperança que o plantel equilibrado que construímos esta época pudesse tornar as coisas diferentes dos últimos dois anos mas, aqui chegados, concluo que não. 
O campeonato não está perdido, longe disso, mas a duas jornadas dos nossos rivais jogarem entre si, era muito importante não cedermos pontos, ainda por cima num jogo em casa. Não quero chegar a Maio e chorar pela perda destes dois pontos, como o fiz há duas épocas. Estou farto de entregar estes pontinhos de bandeja.