quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Varandices

Uma mão cheia de nada.
Escrevi no meu último post que, caso existissem provas evidentes que implicassem Bruno de Carvalho na ataque à Academia, ele só tinha era de apodrecer na prisão. Houve quem não gostasse do que escrevi, mas nisto de defender o Sporting acima de tudo e de todos, eu sou mesmo assim. Quem ataca o meu clube não me merece consideração. Pior ainda se esse ataque viesse de quem tem o dever de o defender logo na primeira linha. Nunca acreditei que Bruno de Carvalho fizesse algo do género, mas se há coisa que aprendi na vida é que não posso pôr as mãos no fogo por ninguém. Fico contente que todo este circo mediático tenha parido uma barata, pois mostra que não me enganei em relação ao nosso ex-presidente. 
Não deixa de ser de curioso que muitos dos palradores que hoje assumem o mediatismo em nome do Sporting, se tenham tornado conhecidos graças a Bruno de Carvalho. Quem era Rui Morgado, José Pedro Rodrigues ou Vítor Ferreira antes de Bruno de Carvalho os ter chamado de "sportingados"? Quem era Eduarda Proença de Carvalho ou Jaime Marta Soares antes de serem convidados para a MAG nas listas do Bruno? Bruno de Carvalho teve esse dom de criar sportinguistas famosos apenas porque não gostava deles. Mas ele vivia bem com isso. Gostava de espingardar, debater, achincalhar os sportingados, com o mesmo empenho em que discutia com "Mister Burns", o "Rui-Santos-Feitio-de-Gaja", o "Labrego Salvador" e tantas outras personalidades da nossa vida pública. Tendo gerado tantos anti-corpos fora do mundo sportinguista, Bruno de Carvalho tornou-se um alvo a abater, custe o que custasse. André Geraldes disse que a partir de Janeiro deste ano, BdC começou a dar sinais de que não estaria bem, tendo entrado em derrapagem emocional nos meses seguintes. Este foi o "tal" erro da comunicação do ex-presidente, não ter percebido que a partir de uma determinada altura, já não estava a mobilizar sportinguista algum, mas apenas e só a criar mais inimigos. E tantos que ainda tem hoje.
Nervos de aço. É disso que o presidente do Sporting Clube de Portugal precisa para levar o clube ao lugar onde merece estar. Estamos num país minado e submergido por essa imensidão que é o Estado Lampiânico. Não bastasse o inimigo externo, temos ainda essa velha particularidade de termos as nossas próprias ratazanas dentro de portas. Ratazanas, notáveis, croquetes, viscondes, sportingados, enfim, chamem-lhes o que quiserem. São todas elas pessoas que estão plenamente convencidas de que o clube lhes pertence, seja porque são descendentes dos fundadores, seja porque tal advém do seu próprio estatuto social. E que passado a deriva brunista, querem recuperar o seu lugar no clube seja a que preço for, nem que para tal - Oh, pasme-se!!! - tenham de boicotar a actividade normal do clube.
Veio esta conversa toda a propósito do empréstimo obrigacionista que está em curso. Não vou sequer pegar naquela parte em que todos os sportinguistas, especialmente os anti-brunistas, repetem que afinal a situação financeira do clube "nem estava assim tão má" quanto temiam (Oh, pasme-se novamente!). Vou antes pegar nos últimos discursos do presidente Varandas, onde este afirma, com ar mais ou menos surpreendido, que a operação financeira tem estado a ser boicotada por muito boa gente, incluindo sportinguistas de renome. Acho curioso que volvidos pouco mais de dois meses de ser eleito, Varandas venha já choramingar na praça pública que descobriu qual a verdadeira essência do croquetismo. E que por esta altura, talvez já saiba que aquilo de "unir o Sporting" é uma tanga. Custa descobrir que afinal somos cornos, com tão pouco tempo de casamento. Varandas tem agora dois caminhos para seguir. Ou faz como aquele vizinho de cima, que arma um puto dum banzé quando sabe que a mulher anda a dar cambalhotas com o padeiro, até expulsa-la de casa nem que seja a pontapé. Ou então faz como o outro do fundo da rua, que preferiu amochar e continuar a passear de braço dado com a sua bela mas meretriz esposa, porque isto de arranjar quem nos faça a comida e lave a roupa dá muito trabalho. Se fosse Bruno de Carvalho, saberíamos qual o caminho que ele seguiria. Quanto a Varandas, ainda desconheço que estrada pretende ele trilhar, mas atendendo às reuniões com "notáveis" que ele já promoveu, não me parece que queira agora deixar a prendada "esposa" que tanto trabalho lhe deu a encontrar...

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

A herança de Tiago Fernandes e o elefante no meio da sala

Não faço parte do grupo dos que agora decidiram venerar Tiago Fernandes, qual coca-cola perdida no deserto. Não porque não goste do seu estilo irreverente ou pela forma como demonstra o seu sportinguismo a partir do banco, como aconteceu no final do jogo com o Arsenal. Apenas considero que ainda está longe de ser "o" treinador para o Sporting. Creio que ainda lhe falta alguma estaleca para conseguir interpretar os momentos mais inesperados do jogo. Ontem, por exemplo, permitiu que a sua equipa, a ganhar e a jogar em vantagem numérica, concedesse o golo do empate. Felizmente soubemos responder à adversidade e voltámos à vantagem no marcador, sendo que a partir do 2-1 já soubemos controlar melhor o jogo e o adversário. Salvo um ou outra correria, o Chaves não criou mais perigo.
Mas contra factos não há argumentos, e se é verdade que Tiago Fernandes ainda demonstrou alguma imaturidade nestes últimos jogos, também não é menos verdade que entrega o clube em muito melhores condições do que quando o recebeu. À oitava jornada estavamos em quinto lugar, hoje à décima estamos em segundo. Vencemos dois jogos para o campeonato e empatámos no Arsenal. Dependemos só de nós para sermos campeões e o apuramento para os 16-avos da Liga Europa está a uma vitória de distância. Poucos treinadores se poderão dar ao luxo de estar da situação em que Keizer estará hoje: receber uma equipa a meio da época, motivada e na luta em todas as competições (a Taça da Liga está difícil, mas ao nosso alcance). E este mérito é de Tiago Fernandes.
Mas ao contrário do inicio da época, não podemos correr agora o risco de embandeirar em arco e pensar que vamos limpar tudo nesta época. O futebol jogado, apesar de mostrar algumas melhoras, ainda está longe de ser convincente. Ainda ontem, contra o último classificado e em vantagem numérica, praticamente não tivemos oportunidades de golo. Custa-me dizer isto, mas depois de ver o porto-braga de sábado, fico com a clara convicção de actualmente não temos futebol para ganhar àquelas duas equipas. Podemos aumentar as nossas expectativas quando vemos a equipa a jogar com mais vontade de vencer ou com o regresso de Bas Dost. Mas é muito pouco. Necessitamos urgentemente de incrementar a qualidade do nosso jogo.
Frederico Varandas também sai bem desta situação. Soube resistir à pressão mediática de apresentar um nome à pressa, preferindo apostar num treinador interino e ambicioso para fazer a transição de Peseiro para o seu treinador de eleição. A aposta foi claramente ganha, como já disse em cima. E mesmo o timing, que parecia desastrado, acaba também por ajudar, pois o novo treinador terá mais de meio mês para se adaptar à equipa e a equipa adaptar-se a si, até ao reatar do campeonato. Certamente que Varandas tentará baixar as expectativas em relação ao trabalho do treinador para esta época, preferindo de certo adoptar um discurso mais de futuro, tirando pressão à equipa para o resto da presente época.
Quando a Marcel Keizer, espero que numa primeira fase tenha a inteligência de aproveitar o que de melhor este Sporting tem: o voluntarismo dos jogadores e o seu crer. Que saiba canalizar a qualidade individual de cada jogador para um modelo de jogo que priveligie o colectivo. E que construa uma equipa com condições de, pelo menos, bater-se de igual contra benfica, porto e braga, e conseguindo superiorizar-se às restantes catorze.
Não posso deixar de finalizar este meu post sem me referir ao elefante no meio da sala: a detenção de Bruno de Carvalho. Sendo certo que tal estará relacionado com Alcochete, estaremos a falar num crime de terrorismo, pelo que se não me espanta a decisão de mandar deter o nosso antigo presidente, nem me espantará que fique em prisão preventiva. O crime em questão é grave, pelo que admito medidas de coação igualmente graves. Apesar de não acreditar que Bruno de Carvalho tenha dado "a ordem" para o ataque, se a investigação imputar cabalmente a autoria dos factos a BdC, só desejo que aprodreça na prisão.

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Varandas, os peseiristas e os sportingados

Um dia, Frederico Varandas teria de descer dos céus e aterrar a toda a força no chão. Esse dia apareceu na ressaca de uma noite das bruxas terrível (mais uma), onde voltámos a colecionar mais um desaire á longa lista que vamos acumulando, pois não me lembro de algum dia ter perdido em casa com uma equipa de escalão inferior, depois de estar a ganhar (com a Naval, em casa, nunca estivemos a ganhar).
Não obstante a vergonha de perder em casa com o Estoril, de termos sofrido 4 golos diante o Portimonense, de quase termos perdido com o colosso europeu Vorskla Poltava, de termos feito um jogo paupérrimo diante do Loures, de exibições sem qualquer pingo de futebol minimamente bem jogado, assistimos estupefactos a uma manifestação sem precedentes de "peseirismo".
E quem são os "peseiristas"? Começo pela malta do costume: os cartilheiros enfarinhados, os jornaleiros sem espinha vertebral, a corja de inúteis parasitas que gravita pelo nosso futebol, que aproveita estes episódios para mostrar "provas de vida", como foi o caso da associação de treinadores. Todos com o denominador comum de fazerem parte de uma longa tradição de utilizar o Sporting para desviar o foco de outros palcos que mereciam ribaltas mais condizentes.
Se dos cartilheiros não esperava outra coisa que não o contorcionismo de transformar um treinador banal em supra sumo da táctica futebolística, já o que se passou com os ex-sportingados deixou-me algo surpreendido. Desde a queda de Bruno de Carvalho que os sportingados andavam sossegados. A sua tolerância para com o clube estava a aumentar, contribuindo em muitos casos para criar a falsa ideia de que este novo Sporting estaria pacificado e encarreirado. Se de jornalistas andrades ou lampiões pseudo-isentos não me espantava o peseirismo militante exibido nestes dias, já de malta que sofreu na pele as quatro batatas de Portimão ou o terror da noite das bruxas em Alvalade, esperava outro tipo de reacção. Assisti, incrédulo, ao exercício de branqueamento de João Pedro Rodrigues à miséria futebolística que foi o Sporting de Peseiro. Assisti, igualmente incrédulo, ao exercício de auto-mutilação leonina perpetrado pela nova estrela ascendente do nosso universo, que dá pelo nome de Rita Garcia Pereira. 
Frederico Varandas não tem um trabalho fácil pela frente. Ainda não tinha sido eleito presidente e contava já com a oposição dos antigos brunistas, ressabiados por ter rompido com o anterior presidente logo na ressaca de Alcochete. O seu perfil "anti-Bruno" valeu-lhe a simpatia da opinião pública, bem como dos "notáveis" leoninos. Não deixa de ser irónico que essa áurea de "presidente previdente" tenha começado a cair por culpa dessa imensa nulidade que é José Peseiro. Até porque estava longe de ser inesperada, pois dias antes Sousa Cintra já havia feito o frete de ter "dado á morte" o treinador que escolhera, com aquela entrevista cirúrgica ao Expresso. Até o timming do despedimento parecia ideial, após o humilhante resultado diante do Estoril. Se tudo parecia esperado e perfeito, porque razão os sportingados tiveram reações contra Varandas?
Rita Garcia Pereira levantou parte do véu, logo no dia 1 de Novembro. Mais do que o futebol inenarrável jogado pelo Sporting, custou-lhe saber que Varandas havia chamado os membros do anterior CD para se reunirem com ele. João Pedro Rodrigues completou o quadro, trazendo à baila a auditoria às contas do Sporting com Bruno de Carvalho, aventando a possibilidade do actual presidente escamutear o seu resultado em troca do apoio dos antigos dirigentes. Se assim for, então a coisa faz mais sentido. O que irrita neste momento os sportingados, não é se Peseiro merecia isto ou aquilo, nem sequer se o substituto já deveria ter sido apresentado ou ter este ou aquele perfil. Nada disso. O que irrita os sportingados é que Varandas, neste momento, se esteja a aproximar daqueles que estiveram com o "anti-Cristo" nos últimos anos. Irrita-lhes igualmente que Varandas, quiçá, esteja a ponderar não enveredar por um auto-de-fé contra a anterior direcção só porque sim. Os sportingados queriam sangue, de preferência de Bruno de Carvalho e dos seus antigos vices e vogais, mas parece que Varandas está mais inclinado a dar-lhes flores...
Nunca pensei vir a defender Varandas assim tão cedo, mas, se for assim, então o nosso presidente merece a minha consideração: arrumar a questão do treinador, normalizar as relações com os anteriores dirigentes e não entrar em jogos de "caça às bruxas" apenas para agradar uma determinada "clique". Conseguirá Varandas por o Sporting acima de tudo e todos?