Estamos a chegar ao fim do interregno futebolístico de Outubro e José Peseiro continua a ser o nosso treinador. Tivéssemos um presidente suficientemente audaz e, quiçá, talvez Leonardo Jardim fosse hoje o nosso treinador. Infelizmente o Sporting vive tempos de pragmatismo (ou conasdesabonismo), não de heróis audaciosos, pelo que temos de nos remeter à nossa triste sina, de que esta época é para nos arrastarmos de campo em campo, rezando para não sermos mais vezes humilhados como o fomos em Portimão. E se a ideia de quem nos dirige é precisamente essa, então Peseiro é o homem certo no lugar certo, pois é impossível queimares o que queimado está.
Entretanto, estes últimos dias trouxeram algumas novidades interessantes, como aquela de que chegámos a acordo com o Wolverhampton por Rui Patrício. Aqui, a única coisa positiva a retirar é o facto de não termos mais que pensar em resolver este assunto. De resto, este negócio está para lá de mau. O valor total da transferência (fala-se em 20 M€) é já por si parco, tendo em conta a qualidade do jogador. Confirmando-se que realmente apenas receberemos 12 M€ pelo jogador (menos 2 M€ que Rúben Semedo, por exemplo), é difícil não desatarmos a chorar. Até porque facilmente se adivinha que Rui Patrício dará novo salto na Liga Inglesa, tal é a forma como o jogador entrou naquele campeonato. E certamente o Wolves cobrirá facilmente os 20 M€ que pagou ao Sporting, pois Rui Patrício valerá seguramente muito mais que esse valor.
E no meio disto tudo, como ficarão os sportinguistas? Amargurados. Dou o meu exemplo, que acredito que seja comum a milhares de outros sportinguistas. Fui dos que vibrou quando defendeu aquele penálti na Madeira, no longínquo dia 19 de Novembro de 2006. Fiquei com os nervos em franja quando Paulo Bento insistiu dar-lhe a titularidade, relegando o experiente Stojkovic para o banco. Nervoso mas com a sensação de que "teria de ser", pois de outra maneira nunca mais teríamos um guarda-redes "nosso" na equipa principal, um "novo Damas". Fiquei orgulhoso quando o "Franguício" se transformou em "São Patrício", tantas as vezes que as suas luvas nos salvaram. Envergonhei-me quando as direcções anteriores obrigavam-no a debitar semanalmente a lenga-lenga de que "é preciso levantar a cabeça". Era dos que gritava "Ruuuuuuiiiii!!!!" cada vez que salvava a nossa a nossa baliza. Ver aquela que era uma das grandes referências da nossa formação, do nosso futebol, abandonar o clube como abandonou, deixou-me triste e revoltado. A ser verdade que abdicou de um crédito de 5 M€ que teria do Sporting, para não criar problemas ao seu antigo clube, então merece (ainda) alguma consideração. Resta-nos aquela secreta e pequena esperança de, à semelhança de Vítor Damas, também regressar pela porta grande ao clube de onde saiu pela porta pequena.
Menção também à guerra desenfreada levada a cabo pelo Estado Lampiânico contra o Artista do Dia e o Mister do Café. Desenganem-se aqueles que julgavam que o "e-toupeira" ou o "MalaCiao" iriam ser machadadas fatais do EL. O Estado Lampiânico continua desavergonhadamente trilhando o seu caminho. Os seus spin doctors mantêm-se impávidos e serenos na sua tarefa de manipulação da opinião pública, desde formatando opiniões que, invariavelmente, inocentam a acção lampiânica e condenam os que a tentam desmascarar, até à delação abusiva de assuntos que deveriam ser do foro interno dos rivais, como a auditoria interna ao nosso clube. Tudo com a clara conivência do jornalismo nacional, que continua acefalamente a assobiar para o lado. Custa-me ver que, neste momento, tenham de ser os rostos do Sistema a defender o que é nosso. Dói-me o coração ver Manuel Serrão a indignar-se pelas fugas de informação dentro do Sporting ou Francisco J. Marques a assumir a defesa dos blogueres sportiguistas. Ou Frederico Varandas ainda não percebeu bem qual a trincheira onde terá de se meter para defender os interesses do Sporting, ou está a perder tempo precioso na tentativa de criar uma imagem de si diferente do antecessor, com claro prejuízo para o clube que preside. De qualquer forma, parece-me que nem o Sporting ganhará alguma coisa com isto, muito menos Varandas, que perderá rapidamente todo o capital de confiança dos sportinguistas que o elegeram.
E já agora, quando começará Varandas a falar "daquilo que sabe", relativamente à época de 2015/2016?