sábado, 28 de outubro de 2017

Sangue, suor e lágrimas... e a mão do São Patrício

É fatal como o destino. Numa prova de 34 jornadas, por muito bom futebol que a nossa equipa jogue, há sempre aqueles 3 ou 4 jogos que ganhamos sem saber bem como. Uns chamam-lhe "vaca", outros chamam-lhe "estrelinha de campeão". Foi assim há dois anos, quando, por exemplo, ganhamos em Arouca com 10 e um golo já no final. Hoje a história repetiu-se. E haveremos de ter mais jogos assim.
Não há como o negar, o Rio Ave foi melhor. Os jogadores correram mais, remataram mais, acertaram mais vezes na baliza. No meio campo a sensação que tenho é que ganharam-nos mais duelos e bolas divididas. Tiveram mais oportunidades de golo, permitindo ao Rui Patrício assinar (mais) uma noite de grande nível. E muito provavelmente, não fosse aquele falhanço inacreditável de Guedes, teriam com justiça levado os três pontos. Muita atenção a Miguel Cardoso, que começa a demonstrar ser um treinador muito interessante, após uma carreira como adjunto de Domingos e Paulo Fonseca.
A sensação que me deu é que até nem fizemos um mau jogo, o Rio Ave é que fez um jogo excelente. Da nossa parte tivemos os nossos méritos. Rui Patrício assinou uma exibição de luxo. André Pinto, apesar de chamado a frio para entrar em jogo, esteve à altura da sua missão. O resto da equipa, não sendo brilhante, batalhou, correu, respeitou o adversário. Não se limitou a vestir o fato de macaco. Deu o litro, carregou o piano e teve coração mesmo quando as pernas falhava. De tal modo que, apesar do grande jogo do Rio Ave, também não posso dizer que não merecêssemos o resultado final, pois o futebol também é feito de sofrimento, de dor, de reacção às adversidades e de uma pontinha de felicidade. Estas vitórias valem muito mais de 3 pontos, pela carga anímica que despejam na equipa. E os campeonatos também se decidem nestes jogos, onde conseguimos conquistar pontos mesmo sem jogar grande coisa.
Sinceramente não sei que onze teremos na terça-feira, contra a Juventus. Preferi mil vezes ganhar este jogo, como também preferia ganhar ao Moreirense, do que poupar-me para a CL. Parece inevitável não contar com Mathieu e Piccini. Veremos como estará Coentrão e o resto da equipa. É que depois da Juve recebemos o Braga. E o Braga é que é pra ganhar.
Nota final para a arbitragem. Jorge Sousa, na senda de Rui Costa, foi contemplativo com as cargas mais duras sobre os nossos jogadores, mostrando o primeiro amarelo a um dos nossos, por anti-jogo. Começa a ser um clássico dos nossos jogos: levarmos uma arraial de porrada até finalmente sair o primeiro amarelo, que começa sempre por um dos nossos. Em relação ao VAR, nada a apontar. Esteve bem ao anular o golo do Bruno Fernandes. No nosso golo, apesar da histeria que já se está a levantar nas redes sociais, parece-me claro que Bas Dost está em linha com o último defesa vila-condense. Esperemos pelos habilidosos do "photoshop" para vermos se o holandês estava ou não em fora do jogo, mesmo que milimetricamente. Adivinha-se uma semana de choradeira por aí.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

O VAR actual e uma proposta para o futuro

Diz-nos a Lei de Murphy que, se algo puder correr mal, vai correr mal.
O passado domingo foi um bom exemplo da aplicação da Lei de Murphy à realidade. Na semana em que foram executadas buscas judiciais no estádio da Luz, ou em casa de dirigentes do benfica, no âmbito do processo dos emails, alguém achou que um dos árbitros envolvidos no caso - Nuno Almeida, o "ferrari vermelho" - era o mais indicado para arbitrar o jogo dos encarnados. O resto da história todos sabemos como acabou. Mal.
Mantendo a agulha virada para as leis epigramáticas, lembro-me da "navalha de Hanlon", que nos dizia para nunca atribuirmos à malícia o que poderia ser bem explicado pela estupidez. E como dizia Einstein, a estupidez não tem limites, ao contrário do Universo. 
Sobre o corte de comunicações ocorrido no jogo Aves-Benfica ou da decisão do árbitro Rui Costa no lance do penalti em Alvalade, não acrescentarei mais nada, pois tudo o que haveria para opinar já foi opinado. O que salta à vista dos olhos é que neste momento temos uma classe - os árbitros "profissionais" - que está descaradamente a boicotar uma medida imposta pela Liga de Clubes, que é a implementação do VAR. Só assim se explicam os apagões, os vazios, os cortes de comunicação, o "aguenta" para uns ou o silêncio para outros. Quando os árbitros, que deveriam ser os mais interessados em credibilizar esta ferramenta de apoio ao seu trabalho e dos colegas, são os primeiros a achincalha-la, está tudo dito quanto à sua intenção. 
Mas voltemos á epigramática, mais concretamente ao conhecidíssimo princípio de Peter. Disse-nos Lawrance J. Peter que todo o indivíduo tende a ser promovido até ao seu nível de incompetência. Terão os árbitros que ocupam o actual quadro de árbitros profissionais atingido o seu nível de incompetência? Terá o actual estado do futebol português chegado ao um ponto onde Peter, Hanlon e Murphy se cruzaram, e onde chegamos facilmente à conclusão que os árbitros são incompetentes, que os seus actos se explicam pela sua incompetência e que por isso mesmo tudo o que fazem é desastroso?
É que antigamente havia a desculpa do momento. O jogador caía na área, o avançado desmarcava-se depressa, o defesa enfiava uma cotovelada ao adversário quando o "bandeirinha" estava de costas. Ou seja, o decisor só tinha uma oportunidade para visualizar o acontecimento, era ali ou nunca. Hoje não. E por isso estão os adeptos e os clubes cada vez mais fartos de quem nos apitar. Sejam eles estupidos ou maldosos.
Vem esta conversa toda a propósito da recente greve convocada pelos nossos árbitros. Que é que hoje há que não havia há um, dois, cinco ou dez anos atrás? Agressões? Check. Rumores de corrupção? Check. Dúvidas na atribuição de classificações? Check. Casos, comentadores e paineleiros? Check. O que mudou mesmo nestes últimos anos? Pois, a introdução do VAR. E lá vou eu outra vez à epigramática: "Não há almoços grátis". E está na hora destes nossos árbitros pagarem o seu "almoço" a quem os ofereceu no passado.
Neste momento, perante o boicote que se assiste ao VAR por parte dos árbitros, parece-me importante começar a pensar em alternativas ao modelo existente. E permitam-me que aqui, neste meu pequeno espaço, lance uma ideia: porque não pegar em antigos árbitros para fazerem de VAR? E porque não fazer equipas de dois ou três indivíduos como VAR? No primeiro caso, são pessoas que já não estão constrangidas pela avaliação do seu desempenho, como as notas dos observadores, pois o seu percurso já chegou ao fim. E digo antigos árbitros, porque temos muitos que continuam ligados à sua função, comentando as arbitragens na TV ou em jornais. No segundo caso, mais do que um decisor atrás do VAR, porque duas ou três cabeças pensam melhor que uma e quatro ou seis olhos veêm melhor que dois. E o erro dilui-se sempre quanto mais pessoas capazes estão a julgar.
Pensem nisto.

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

O pé frio e a cueca borrada de JJ

Não sei se isto é alguma dor de crescimento ou se é um simples mau perder. Mas fiquei fodido da minha vida com mais outra exibição onde "jogámos como nunca e perdemos como sempre". Sim, eu sei que Real Madrid, Dortmund, Barcelona, Chelsea e Juventus são tubarões e tal, muita fortes. Aqui há quatro/cinco anos atrás jogar contra eles na Champions era uma miragem e acabar o jogo sem ser cilindrado, como contra o Bayern, era muito bom. Mas está na altura dos sportinguistas exigirem um pouco mais. Como deixar de perder jogos nos minutos finais, em lances perfeitamente infantis. 
Que Jorge Jesus é um excelente treinador, não tenho dúvidas e sempre o defendi. Em 2015/16 não foi campeão no seu ano de estreia porque, como se lembrarão, a equipa campeã foi literalmente puxada para cima quando estava no fundo do poço. No ano passado a coisa correu mal, mas este ano, pelo menos até agora, a nossa prestação tem sido prometedora. Nos jogos para a Liga dos Campeões, Jesus tem posto a funcionar uma das suas principais virtudes: estuda bem a equipa adversária, explora as suas fraquezas e monta a equipa de forma a tirar o melhor partido do jogo. Foi assim no jogo de Madrid e de Dortmund, e foi assim ontem em Turim. Mas depois evidencia algo que começa a tornar-se uma característica sua nos jogos desta envergadura, que é a de não evitar o soçobrar da equipa nos minutos finais. JJ começa a lembrar aquele nosso amigo, bem parecido e bem falante, que quando sai à noite é incapaz de manter um diálogo com uma rapariga porque bloqueia... e tem azar com as miúdas. Um pé frio, portanto.
Chamem-lhe fado, destino, azar dos Távoras, whatever. Ontem, mais uma vez, JJ mostrou que "miúdas" (neste caso tubarões europeus) não é com ele. Começamos o jogo da melhor maneira, a marcar num lance em que - pasme-se!!! - tivémos sorte. Marcar golos de ressalto contra adversários desta dimensão, é obra. Depois veio a avalanche italiana. Basicamente fomos encostados, não conseguiamos sair a jogar, Rui Patrício ia adiando o empate, que acabou por chegar depois da meia-hora de jogo. A equipa aguentou a igualdade até ao intervalo, esperando-se uma segunda parte complicada para as nossas partes. Mas não, antes pelo contrário. O Sporting arrancou para a etapa complementar jogando o melhor que nos tem mostrado nesta prova. Dominou no meio-campo, fechou os espaços nas alas e foi lançando ataques que cheiravam a área da Juventus. É certo que não tivemos nenhuma oportunidade flagrante de golo, mas sentíamos que com um pouco mais de acerto e audácia, a coisa podia dar-se. O jogo começava a pedir Doumbia, a Juventus mostrava-se frágil à medida que William e Bataglia iam ganhando os confrontos no miolo. 
Foi então que JJ, quiçá escaldado por derrotas inglórias perto do fim, em vez de cavalgar para cima da Juventus em busca de uma vitória histórica, encolheu-se acagaçado, preferindo defender o empate. A cueca borrada do treinador valeu a estreia de Palhinha nestas andanças, para o lugar de um Gelson Martins que, não estando a fazer uma partida fulgorante, estava a ser uma peça importante na condução do jogo. A equipa ressentiu-se da falta de Gelson, perdendo algum fio de jogo e entregando o jogo à Juve, que ganhou forças para tentar o golpe final. O "pé frio" de JJ veio logo depois, quando decidiu retirar Fábio Coentrão por precaução (o desânimo do jogador parece indicar que ainda teria condições para acabar a partida), pondo no seu lugar Jonathan Silva, que desde a famosa "mão" em Gelsenkirchen aparece fatalmente ligado a desaires nossos na Champions. O jogador até entrou bem no jogo, com uma cavalgada até perto da área italiana, mas borrou a pintura pouco depois, quando permitiu o golo de Mandzukic. 
Não sei se o resultado seria diferente se JJ põe Doumbia no lugar de Gelson Martins. Doumbia, que até é um jogador de "pé quente" na Champions, acabou por protagonizar a melhor oportunidade de golo do Sporting na segunda parte, a fechar a partida (a reacção de Buffon ao falhanço diz tudo). Mas este foi (mais) um jogo onde tivemos "pés frios" a mais e audácia a menos. Não sei se em Alvalade a Juventus nos permitirá ter a veleidade de discutir o resultado do jogo até ao fim, mas parece-me que a oportunidade de ontem é daquelas que tão cedo não se repetirá. Agora é descer á terra, mandar as "vitórias morais" às urtigas e lamber as feridas, porque domingo vem aí um daqueles adversários chatos, que costumam comer a relva quando jogam contra nós. 
Chaves é para vencer, categoricamente.

terça-feira, 10 de outubro de 2017

A utópica ideia da "festa da taça"

Enquanto esperamos que a nossa selecção carimbe mais uma passagem à fase final de um Mundial, analisemos o actual estado do Sporting.
No campeonato, apesar do pessimismo endémico dos sportinguistas que se nota bem na blogosfera ou nas redes sociais, estamos na luta. É certo que perdemos uma boa oportunidade para nos isolarmos na frente, mas perante o estado físico com que nos apresentámos no último jogo, acabámos por fazer o resultado possível. Por vezes também é preciso ter esse tipo de discernimento, saber esperar pela altura certa, não correr riscos desvairados. Ter a maturidade suficiente para sabermos que há mais marés que marinheiros, e que se desperdiçámos a oportunidade no passado dia 01 de Outubro, outras mais surgirão no futuro. Basta que encaremos com o devido foco os Moreirenses deste campeonato, que chegará a altura em que passaremos para a frente. E de resto, como eu li algures por aí, o porto na sua melhor fase não conseguiu vencer o Sporting na sua pior fase e num pico de cansaço. O futuro é, se não risonho, pelo menos de esperança. 
Passados estes dias para esticar pernas e respirar fundo, eis que no dia 12 estaremos de volta, e logo na simpática vila de Oleiros, no centro do país. Esta partida ficou inicialmente marcada por mais uma investida do Estado Lampiânico sobre o nosso clube. Por razões que permanecem no mais profundo desconhecimento do comum dos mortais, na semana passada começou-se a falar num hipotético boicote do Sporting ao jogo da taça, devido à falta de condições do recinto onde o mesmo iria decorrer. De boicote ao jogo rapidamente se passou para um ataque aos habitantes de Oleiros perpetrado por essa entidade diabólica que é o nosso clube. Infelizmente para a cartilha, Bruno de carvalho saiu de forma airosa - diria mesmo que levado em ombros! - desta triste história. Não só revelou o prazer de ir jogar numa região do país geralmente arredada destes grandes palcos futebolísticos, como ainda ofereceu a receita do jogo aos bombeiros locais, sabendo-se que esta é uma zona sempre muito fustigada pelos incêndios florestais. E tanta coisa se escreveu sobre este jogo que se "esqueceu" que o Sporting será a única equipa a jogar "mesmo" no campo do seu adversário. O benfica, que deveria jogar em Olhão, vai afinal fazê-lo no Estádio do Algarve. Já o porto, em vez de Évora, jogará no confortável estádio do Restelo. O caso do benfica é compreensível, pois os estádio do Algarve é porto de Olhão. Já o porto....
A FPF quando teve a ideia de por as equipas primodivisionárias a jogar nestes campos secundários, fê-lo para ressuscitar aquela velha ideia da "festa da taça". Lembro-me perfeitamente, de nos anos 80 e 90, jogarmos em campos tão distantes e desconhecidos como em Porto Santo ou Ponte-de-Sôr, do benfica ir a Macedo de Cavaleiros ou o porto a Moura. As vilas do interior paravam quase uma semana para preparar a recepção aos grandes e os jogos decorriam sempre em clima de festa. Os campos de futebol, muitas das vezes ainda pelados, a forma aguerrida como os jogadores da casa se esforçavam nesses jogos, o apoio do público à equipa da sua terra, contribuiam para jogos empolgantes e emotivos, que não raramente terminavam com invasões de campo e com os jogadores levados em ombros pelo público em delírio. Os bilhetes custavam 100, 200, 500 escudos no máximo, fora as borlas que os porteiros davam sempre à miudagem e aquelas árvores em volta dos campos, onde em cada galho se sentavam mais 3 ou 4 espectadores. O negócio era coisa para os cafés e restaurantes da terra, porque o mais importante neste jogos era mesmo a festa do futebol.
Entretanto o futebol nacional foi perdendo esses resquícios de amadorismo e no final dos anos 90, mais do que a emoção do jogo, importava a parte do negócio e do lucro. Foi assim que também as equipas mais pequenas, em vez de aproveitarem as visitas de equipas grandes para fazer a "festa da taça", trocavam os seus pequenos campos "infernais" por estádios maiores, tendo em vista o lucro imediato da bilheteira ou a transmissão televisiva. O Lusitano de Évora prefere jogar a mais de 100 Km longe de casa e fazer um bom lucro, assim como o Vilafranquense também preferiu jogar contra nós no Estoril. Por outro lado, o actual estado profissional do nosso futebol não se compatibiliza com equipas grandes a jogar em pelados. Os campos, relvados ou sintécticos, tem de ter um mínimo de qualidade para assegurar que nenhum jogador fique em risco de contrair lesões por jogar ali.
Acho louvável a atitude da FPF de recuperar a "festa da taça", mas como se está a ver nesta eliminatória, tirando o Oleiros que receberá o adversário no seu estádio, há outros clubes que se estão a marimbar para a festa e querem é fazer o seu negócio. Ora, aqui a FPF terá de tirar as devidas ilações para o futuro, que creio que terão de ser as seguintes: os clubes pequenos terão obrigatoriamente de jogar no seu estádio contra as equipas grandes. Se esses estádios não tem condições para receber um jogo da taça (pergunto-me como conseguem jogar ali para o Campeonato Nacional de Séniores), então se calhar é melhor ponderar se não é preferível deixarmo-nos de utopias românticas, voltando ao figurino anterior. Pelo menos por enquanto.
E que no dia 12 de Outubro façamos do jogo em Oleiros uma enorme festa ao futebol. Se possível com uma grande exibição da nossa parte, coroada por uma vitória. A Juventus virá depois.

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Crónica de um empate e de uma fadiga anunciada

Ponto prévio deste post: pode não parecer, mas o Sporting NÃO ESTÁ em crise!
Sim, é certo que já não ganhamos há quatro jogos seguidos. Um deles é para uma competição cuja importância para nós é pouco mais que nenhuma. Outro dos jogos foi uma derrota caseira com o... Barcelona! Os restantes dois jogos que não ganhos foram para o campeonato. E se o empate em Moreira de Cónegos foi mesmo um mau, péssimo, resultado, já o empate de ontem... foi assim-assim.
Na minha antevisão para este jogo, escrevi que mais do que a fadiga, o problema do Sporting poderia ser a perca de foco ou concentração do jogo. Enfrentávamos uma equipa que também vinha de um jogo europeu, por isso os índices físicos estariam semelhantes. JJ costuma preparar bem os clássicos, quer do ponto de vista táctico quer motivacional da equipa. Apesar dos sinais de cansaço já evidenciados no jogo contra o Barcelona, havia nos sportinguistas uma esperança de que um coelho sairia da cartola. Mas os sinais começavam a apontar no sentido oposto: confirmou-se a lesão de Doumbia e Coentrão também ficou de fora. Dala, em quem depositei esperança de poder ser um dos "coelhos" a sair da cartola, foi para a equipa B espalhar magia. Equipa fatigada, banco sem opções ao nível dos titulares... desenhava-se no horizonte um jogo complicado.
E foi. O porto entrou melhor na partida, anulando as nossas investidas e procurando sempre ganhar os espaços entre as nossas linhas e as costas dos laterais. Verdade seja dita que, mesmo estando por cima na primeira parte, o ascendente portista nunca nos sufocou. Mas também é verdade que tiveram umas três boas ocasiões para marcar, enquanto nós só tivémos uma, numa cabeçada de William já perto do intervalo. Gelson e Bruno Fernandes começavam a arrastar-se em campo, Battaglia e Acuña lutavam muito mas com falta de discernimento. William ia tapando os buracos ao meio, Mathieu e Coates limpavam as sobras. Jonathan e Piscinni iam defendendo como podiam, mas a atacar eram uma nulidade. Bas Dost passou ao lado do jogo na primeira parte. Rui Patrício, seguríssimo, aguentou o empate a zero até ao intervalo.
Se o sufoco não apareceu até então, esperava-se que no segundo tempo tal viesse a ocorrer. Se o porto, sem apertar muito, estivera muito perto de marcar, adivinhava-se que Sérgio Conceição aproveitaria a melhor forma física da sua equipa e encostasse o Sporting às cordas. Felizmente que o porto também jogou durante a semana, pelo que acabaram por acusar fadiga na segunda parte. Aproveitámos para equilibrar a equipa, tivémos mais bola no meio campo adversário, mas faltavam lances de golo junto à baliza portista. Mesmo com esse ascendente, acabou por ser o porto a ficar mais perto de marcar, já no final do encontro, obrigando o nosso São Patrício a duas grandes defesas. Tivesse sido este jogo contra um adversário mais fresco, e se calhar as coisas correriam muito pior.
Face ao que aconteceu em campo, não nos resta outra coisa senão admitir que o empate não foi um mau resultado. Fizémos uma partida competente e combativa, mas não fosse São Patrício dificilmente seguraríamos o empate. Olhando para o que fizémos contra o Barcelona e para o que fizémos ontem, chegamos à conclusão que o resultado do clássico, não sendo o melhor, foi o possível dentro das nossas limitações para este jogo.
Agora é tempo de respirar fundo, esticar as pernas e recuperar outra vez a forma física. E esperar que os nossos internacionais não se lesionem. Também é tempo para pensarmos porque motivo alguns jogadores nossos rebentam tão cedo, face ao que acontece com os nossos rivais. O porto, de quem se dizia ter o plantel curto, está a conseguir retirar mais rendimento que o nosso plantel. Por cá, além dos titulares, vejo que Iuri desapareceu, Podence tarda em regressar, Coentrão não vinga, Dala não tem a sua oportunidade e Alan Ruiz não explode. O tal plantel com mais soluções, que diziam e eu pensava no inicio da época que tínhamos, começa a relevar-se (outra vez) curto. Será uma coisa momentânea, os tais "ciclos" que JJ disse que todas as equipas tinham? Ou será algo mais?