segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

As iludências aparudem

Quem aterrar hoje no planeta Terra e descobrir que uma equipa em Portugal ganhou dois jogos seguidos em casa por 4-1 e 5-2, certamente achará que estamos perante uma equipa avassaladora e demolidora. Ou não.
Quem esteve em Alvalade nos dois últimos jogos certamente que sentiu o mesmo que eu: um Sporting com muitas dificuldades em entrar no jogo, revelando uma estranha apatia peseirista, perante adversários bastante audaciosos na forma como procuraram acercar-se da nossa área. Em ambos os casos começámos por perder (e bem), mas fosse por génio individual ou por inspiração colectiva, lá acabámos os dois jogos em cima do adversário e a cilindrá-lo. Pelo meio preocupam-me as dificuldades inesperadas que equipas de meio da tabela nos conseguiram criar, o que nos deverá servir de aviso de que ainda temos muita coisa para melhorar. No lado oposto temos a alegria de ver onze jogadores a jogar um futebol solidário, por vezes com rasgos de genialidade, com coração suficiente para virar uma péssima exibição com dois golos sofridos, transformando-a numa goleada à moda antiga. É difícil, quase contra natura, dizer que uma equipa que marca 9 golos em dois jogos, não está a jogar grande coisa. Mas também não me sinto confortavel em dizer que somos uma máquina de jogar futebol, como estes números parecem indicar. A realidade andará algures pelo meio, entre a genialidade de Bruno Fernandes, Bas Dost ou Nani, a disponibilidade de Coates, Mathieu ou Renan, o sangue quente de Acuña, a irreverência de Miguel Luís, os rasgos de Jovane e as alternâncias de Bruno Gaspar e Gudelj. Temos um onze-tipo onde jogadores fora-de-série partilham o relvado com jogadores banais. O colectivo que nasce desta mistura, que é afinal a grande obra de Keizer, consegue essa coisa espectacular de conseguir retirar dos jogadores o melhor que tem para dar. Os maus momentos durante o jogo são reminiscências de uma equipa que ainda procura o equilíbrio entre o genial e o medíocre. E nada melhor do que estarmos a menos de duas semanas da abertura da janela de transferências de inverno, para percebermos onde poderemos reforçar esse equilíbrio.
Assim de repente, saltam à vista as laterais defensivas. Bruno Gaspar continua-me a parecer um Schelotto de pele morena e Ristovsky, que considero melhor, está longe de ser um portento. No lado esquerdo as coisas não parecem melhores. Acuña cumpre a atacar mas os constantes constrangimentos disciplinares acabam quase sempre por anular o que de bom traz à equipa. Quanto a alternativas ao argentino, elas resumem-se a um Jeferson completamente fora de prazo e a um Lumor que continua sem convencer os treinadores que passam por Alvalade. 
Quanto ao resto dos sectores, não creio que o meio-campo esteja tão necessitado de sangue novo como as nossas laterais ofensivas. As lesões de Bataglia e Wendel criaram-nos constrangimentos temporários, mas são casos temporários (no caso do brasileiro). Parece-me razoável permitir o regresso de Francisco Geraldes, juntando-se a Miguel Luís e a Bruno Paz como alternativas razoáveis naquela posição. Sim, eu fui dos que ficou maravilhado com a estreia de Bruno Paz na quinta-feira e acho que temos ali uma pérola para trabalhar. Quanto a Bruno César, não é possível esperar mais dele do que uma boa alternativa para equilibrar a equipa a partir do banco, com o resultado já controlado. A sua titularidade ontem demonstrou ter sido um equívoco, que acredito que não se voltará a repetir.
Nas alas, o regresso de Raphinha trará mais uma excelente opção ao onze. Diaby continua a não me convencer, pois parece-me um jogador que joga a espaços e não de forma continuada. Vai cumprindo a sua missão, mas sem grandes rasgos. Jovane consegue agitar mais as águas, especialmente quando entra na segunda parte, faltando-lhe ainda consistência para fazer 90 minutos em alto nível. Nani, apesar da genialidade que empresta ao jogo, já não tem a disponibilidade física de antigamente, como se viu ontem. Diria que regressando Matheus Pereira, talvez ficássemos com as alas suficientemente equilibradas. Não regressando este, fará sentido um investimento avultado nesta posição? Não teremos alguém nos sub-23 capaz de ser alternativa?
Quanto ao ataque, neste momento temos apenas um avançado-centro de raiz. Podemos ponderar em fazer regressar Gelson Dala, mas estará o angolano em condições de substituir o holandês voador? Numa primeira fase de adaptação, Gelson Dala até poderia servir de complemento a Bas Dost, mas como avançado único, creio que não serviria. Mas entre comprar um Barcos ou apostar num Dala, que é que se seria preferível? Agora, se estivéssemos a falar em Slimani, isso já seria diferente...
Não me lembro da última vez que cheguei ao Natal só com vitórias em casa (para o campeonato). Mesmo com os constrangimentos dos últimos dois jogos para o campeonato, é visível que estamos a jogar um futebol apelativo e em crescendo. Temos uma equipa motivada e moralizada, com o melhor ataque do campeonato. Neste momento dependemos só de nós para ser campeões. É um objectivo exequível? É, mas ainda temos muitas dificuldades para ultrapassar e chegar ao nível dos nossos rivais directos. Mas deixem-me sonhar por agora. Venha de lá o Rio Ave e o Vitória de Guimarães, que eu quero é ver o Sporting a jogar! 

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Sinais de esperança

A estreia de Marcel Keizer não podia ser mais auspiciosa, surpreendendo até mesmo os mais optimistas. Todos os sportinguistas sabiam que esta equipa estava em sub-rendimento nas mãos de Peseiro, que os nossos jogadores poderiam fazer muito melhor. Mas poucos esperavam que, em apenas duas semanas, o nosso futebol se transfigurasse desta maneira. Não tenho memória de uma troca de treinadores ter sido tão bem aproveitada como esta. Nem mesmo Inácio, quando substituiu Materazzi em 1999, conseguiu uma entrada tão fulgurante.
Ontem, num dos estádios mais complicados do nosso campeonato, vimos um Sporting com personalidade, intermediando momentos de futebol genial com outros de puro pragmatismo. Não haverá sportinguista algum que não se tenha deliciado com as trocas de bola ao primeiro e segundo toque no meio-campo, permitindo à equipa transportar o jogo quase de forma vertiginosa para o ataque. Parece impossível, mas esta era a mesma equipa que há umas semanas atrás atacava com chutões de Coates para a frente, ou que na época passada andava a trocar a bola no meio-campo, numa "ideia de jogo" que ainda hoje é incompreensível. Qualquer semelhança entre este Sporting e o que levou quatro 4 golos do Portimonense, é uma triste coincidência. Só espero agora que os defensores de Peseiro metam em definitivo a viola do saco e desapareçam para a galáxia mais distante.
Tendo Marcel Keizer feito com distinção o seu tirocínio, resta-nos agora olhar para o resto da época, para tentarmos perceber o que é que ainda há para fazer. E se por um lado os sinais iniciais são muito animadores, por outro há que ter alguma sobriedade e não embandeirar já em arco. Até porque o próprio Keizer reconheceu, na flash-interview, que há ainda muitos aspectos a melhorar. E temos mesmo de melhor. Renan, por exemplo, apesar das intervenções decisivas na segunda parte, teve algumas abordagens com os pés que voltaram a causar calafrios. Os nossos laterais ainda estão longe de convencer. Continuo a achar que Bruno Gaspar é um Schelotto versão morena e Jefferson, como alternativa a Acuña, parece curto. O meio-campo parece a zona do terreno onde temos maior qualidade, especialmente desde que Wendel começou a jogar. Mas se por um lado o nosso meio-campo revelou ontem momentos de genialidade, por outro teve alturas do jogo onde se deslumbrou e desconcentrou, especialmente após o 3-1. Já no ataque, Diaby revelou-se ainda pouco entrosado na nova dinâmica do colectivo, relevando demasiada atrapalhação. E depois Bas Dost, o nosso abono, que continua a ser a única opção para homem-golo da equipa, restando-nos aqui a esperança de que a nova dinâmica de jogo da equipa distribua por mais jogadores a missão de marcar golos, tirando-nos a dependência do holandês voador, relevada nas últimas temporadas.
O caminho faz-se caminhando e domingo teremos mais um desafio a este novo leão. Jogaremos em casa contra uma equipa que faz o jogo típico do nosso campeonato: autocarro em frente à baliza e pontapé para à frente para os contra-ataques. 
Que o nosso bom futebol continue a ser demonstrado em campo, é tudo o que para já peço.

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Varandices

Uma mão cheia de nada.
Escrevi no meu último post que, caso existissem provas evidentes que implicassem Bruno de Carvalho na ataque à Academia, ele só tinha era de apodrecer na prisão. Houve quem não gostasse do que escrevi, mas nisto de defender o Sporting acima de tudo e de todos, eu sou mesmo assim. Quem ataca o meu clube não me merece consideração. Pior ainda se esse ataque viesse de quem tem o dever de o defender logo na primeira linha. Nunca acreditei que Bruno de Carvalho fizesse algo do género, mas se há coisa que aprendi na vida é que não posso pôr as mãos no fogo por ninguém. Fico contente que todo este circo mediático tenha parido uma barata, pois mostra que não me enganei em relação ao nosso ex-presidente. 
Não deixa de ser de curioso que muitos dos palradores que hoje assumem o mediatismo em nome do Sporting, se tenham tornado conhecidos graças a Bruno de Carvalho. Quem era Rui Morgado, José Pedro Rodrigues ou Vítor Ferreira antes de Bruno de Carvalho os ter chamado de "sportingados"? Quem era Eduarda Proença de Carvalho ou Jaime Marta Soares antes de serem convidados para a MAG nas listas do Bruno? Bruno de Carvalho teve esse dom de criar sportinguistas famosos apenas porque não gostava deles. Mas ele vivia bem com isso. Gostava de espingardar, debater, achincalhar os sportingados, com o mesmo empenho em que discutia com "Mister Burns", o "Rui-Santos-Feitio-de-Gaja", o "Labrego Salvador" e tantas outras personalidades da nossa vida pública. Tendo gerado tantos anti-corpos fora do mundo sportinguista, Bruno de Carvalho tornou-se um alvo a abater, custe o que custasse. André Geraldes disse que a partir de Janeiro deste ano, BdC começou a dar sinais de que não estaria bem, tendo entrado em derrapagem emocional nos meses seguintes. Este foi o "tal" erro da comunicação do ex-presidente, não ter percebido que a partir de uma determinada altura, já não estava a mobilizar sportinguista algum, mas apenas e só a criar mais inimigos. E tantos que ainda tem hoje.
Nervos de aço. É disso que o presidente do Sporting Clube de Portugal precisa para levar o clube ao lugar onde merece estar. Estamos num país minado e submergido por essa imensidão que é o Estado Lampiânico. Não bastasse o inimigo externo, temos ainda essa velha particularidade de termos as nossas próprias ratazanas dentro de portas. Ratazanas, notáveis, croquetes, viscondes, sportingados, enfim, chamem-lhes o que quiserem. São todas elas pessoas que estão plenamente convencidas de que o clube lhes pertence, seja porque são descendentes dos fundadores, seja porque tal advém do seu próprio estatuto social. E que passado a deriva brunista, querem recuperar o seu lugar no clube seja a que preço for, nem que para tal - Oh, pasme-se!!! - tenham de boicotar a actividade normal do clube.
Veio esta conversa toda a propósito do empréstimo obrigacionista que está em curso. Não vou sequer pegar naquela parte em que todos os sportinguistas, especialmente os anti-brunistas, repetem que afinal a situação financeira do clube "nem estava assim tão má" quanto temiam (Oh, pasme-se novamente!). Vou antes pegar nos últimos discursos do presidente Varandas, onde este afirma, com ar mais ou menos surpreendido, que a operação financeira tem estado a ser boicotada por muito boa gente, incluindo sportinguistas de renome. Acho curioso que volvidos pouco mais de dois meses de ser eleito, Varandas venha já choramingar na praça pública que descobriu qual a verdadeira essência do croquetismo. E que por esta altura, talvez já saiba que aquilo de "unir o Sporting" é uma tanga. Custa descobrir que afinal somos cornos, com tão pouco tempo de casamento. Varandas tem agora dois caminhos para seguir. Ou faz como aquele vizinho de cima, que arma um puto dum banzé quando sabe que a mulher anda a dar cambalhotas com o padeiro, até expulsa-la de casa nem que seja a pontapé. Ou então faz como o outro do fundo da rua, que preferiu amochar e continuar a passear de braço dado com a sua bela mas meretriz esposa, porque isto de arranjar quem nos faça a comida e lave a roupa dá muito trabalho. Se fosse Bruno de Carvalho, saberíamos qual o caminho que ele seguiria. Quanto a Varandas, ainda desconheço que estrada pretende ele trilhar, mas atendendo às reuniões com "notáveis" que ele já promoveu, não me parece que queira agora deixar a prendada "esposa" que tanto trabalho lhe deu a encontrar...

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

A herança de Tiago Fernandes e o elefante no meio da sala

Não faço parte do grupo dos que agora decidiram venerar Tiago Fernandes, qual coca-cola perdida no deserto. Não porque não goste do seu estilo irreverente ou pela forma como demonstra o seu sportinguismo a partir do banco, como aconteceu no final do jogo com o Arsenal. Apenas considero que ainda está longe de ser "o" treinador para o Sporting. Creio que ainda lhe falta alguma estaleca para conseguir interpretar os momentos mais inesperados do jogo. Ontem, por exemplo, permitiu que a sua equipa, a ganhar e a jogar em vantagem numérica, concedesse o golo do empate. Felizmente soubemos responder à adversidade e voltámos à vantagem no marcador, sendo que a partir do 2-1 já soubemos controlar melhor o jogo e o adversário. Salvo um ou outra correria, o Chaves não criou mais perigo.
Mas contra factos não há argumentos, e se é verdade que Tiago Fernandes ainda demonstrou alguma imaturidade nestes últimos jogos, também não é menos verdade que entrega o clube em muito melhores condições do que quando o recebeu. À oitava jornada estavamos em quinto lugar, hoje à décima estamos em segundo. Vencemos dois jogos para o campeonato e empatámos no Arsenal. Dependemos só de nós para sermos campeões e o apuramento para os 16-avos da Liga Europa está a uma vitória de distância. Poucos treinadores se poderão dar ao luxo de estar da situação em que Keizer estará hoje: receber uma equipa a meio da época, motivada e na luta em todas as competições (a Taça da Liga está difícil, mas ao nosso alcance). E este mérito é de Tiago Fernandes.
Mas ao contrário do inicio da época, não podemos correr agora o risco de embandeirar em arco e pensar que vamos limpar tudo nesta época. O futebol jogado, apesar de mostrar algumas melhoras, ainda está longe de ser convincente. Ainda ontem, contra o último classificado e em vantagem numérica, praticamente não tivemos oportunidades de golo. Custa-me dizer isto, mas depois de ver o porto-braga de sábado, fico com a clara convicção de actualmente não temos futebol para ganhar àquelas duas equipas. Podemos aumentar as nossas expectativas quando vemos a equipa a jogar com mais vontade de vencer ou com o regresso de Bas Dost. Mas é muito pouco. Necessitamos urgentemente de incrementar a qualidade do nosso jogo.
Frederico Varandas também sai bem desta situação. Soube resistir à pressão mediática de apresentar um nome à pressa, preferindo apostar num treinador interino e ambicioso para fazer a transição de Peseiro para o seu treinador de eleição. A aposta foi claramente ganha, como já disse em cima. E mesmo o timing, que parecia desastrado, acaba também por ajudar, pois o novo treinador terá mais de meio mês para se adaptar à equipa e a equipa adaptar-se a si, até ao reatar do campeonato. Certamente que Varandas tentará baixar as expectativas em relação ao trabalho do treinador para esta época, preferindo de certo adoptar um discurso mais de futuro, tirando pressão à equipa para o resto da presente época.
Quando a Marcel Keizer, espero que numa primeira fase tenha a inteligência de aproveitar o que de melhor este Sporting tem: o voluntarismo dos jogadores e o seu crer. Que saiba canalizar a qualidade individual de cada jogador para um modelo de jogo que priveligie o colectivo. E que construa uma equipa com condições de, pelo menos, bater-se de igual contra benfica, porto e braga, e conseguindo superiorizar-se às restantes catorze.
Não posso deixar de finalizar este meu post sem me referir ao elefante no meio da sala: a detenção de Bruno de Carvalho. Sendo certo que tal estará relacionado com Alcochete, estaremos a falar num crime de terrorismo, pelo que se não me espanta a decisão de mandar deter o nosso antigo presidente, nem me espantará que fique em prisão preventiva. O crime em questão é grave, pelo que admito medidas de coação igualmente graves. Apesar de não acreditar que Bruno de Carvalho tenha dado "a ordem" para o ataque, se a investigação imputar cabalmente a autoria dos factos a BdC, só desejo que aprodreça na prisão.

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Varandas, os peseiristas e os sportingados

Um dia, Frederico Varandas teria de descer dos céus e aterrar a toda a força no chão. Esse dia apareceu na ressaca de uma noite das bruxas terrível (mais uma), onde voltámos a colecionar mais um desaire á longa lista que vamos acumulando, pois não me lembro de algum dia ter perdido em casa com uma equipa de escalão inferior, depois de estar a ganhar (com a Naval, em casa, nunca estivemos a ganhar).
Não obstante a vergonha de perder em casa com o Estoril, de termos sofrido 4 golos diante o Portimonense, de quase termos perdido com o colosso europeu Vorskla Poltava, de termos feito um jogo paupérrimo diante do Loures, de exibições sem qualquer pingo de futebol minimamente bem jogado, assistimos estupefactos a uma manifestação sem precedentes de "peseirismo".
E quem são os "peseiristas"? Começo pela malta do costume: os cartilheiros enfarinhados, os jornaleiros sem espinha vertebral, a corja de inúteis parasitas que gravita pelo nosso futebol, que aproveita estes episódios para mostrar "provas de vida", como foi o caso da associação de treinadores. Todos com o denominador comum de fazerem parte de uma longa tradição de utilizar o Sporting para desviar o foco de outros palcos que mereciam ribaltas mais condizentes.
Se dos cartilheiros não esperava outra coisa que não o contorcionismo de transformar um treinador banal em supra sumo da táctica futebolística, já o que se passou com os ex-sportingados deixou-me algo surpreendido. Desde a queda de Bruno de Carvalho que os sportingados andavam sossegados. A sua tolerância para com o clube estava a aumentar, contribuindo em muitos casos para criar a falsa ideia de que este novo Sporting estaria pacificado e encarreirado. Se de jornalistas andrades ou lampiões pseudo-isentos não me espantava o peseirismo militante exibido nestes dias, já de malta que sofreu na pele as quatro batatas de Portimão ou o terror da noite das bruxas em Alvalade, esperava outro tipo de reacção. Assisti, incrédulo, ao exercício de branqueamento de João Pedro Rodrigues à miséria futebolística que foi o Sporting de Peseiro. Assisti, igualmente incrédulo, ao exercício de auto-mutilação leonina perpetrado pela nova estrela ascendente do nosso universo, que dá pelo nome de Rita Garcia Pereira. 
Frederico Varandas não tem um trabalho fácil pela frente. Ainda não tinha sido eleito presidente e contava já com a oposição dos antigos brunistas, ressabiados por ter rompido com o anterior presidente logo na ressaca de Alcochete. O seu perfil "anti-Bruno" valeu-lhe a simpatia da opinião pública, bem como dos "notáveis" leoninos. Não deixa de ser irónico que essa áurea de "presidente previdente" tenha começado a cair por culpa dessa imensa nulidade que é José Peseiro. Até porque estava longe de ser inesperada, pois dias antes Sousa Cintra já havia feito o frete de ter "dado á morte" o treinador que escolhera, com aquela entrevista cirúrgica ao Expresso. Até o timming do despedimento parecia ideial, após o humilhante resultado diante do Estoril. Se tudo parecia esperado e perfeito, porque razão os sportingados tiveram reações contra Varandas?
Rita Garcia Pereira levantou parte do véu, logo no dia 1 de Novembro. Mais do que o futebol inenarrável jogado pelo Sporting, custou-lhe saber que Varandas havia chamado os membros do anterior CD para se reunirem com ele. João Pedro Rodrigues completou o quadro, trazendo à baila a auditoria às contas do Sporting com Bruno de Carvalho, aventando a possibilidade do actual presidente escamutear o seu resultado em troca do apoio dos antigos dirigentes. Se assim for, então a coisa faz mais sentido. O que irrita neste momento os sportingados, não é se Peseiro merecia isto ou aquilo, nem sequer se o substituto já deveria ter sido apresentado ou ter este ou aquele perfil. Nada disso. O que irrita os sportingados é que Varandas, neste momento, se esteja a aproximar daqueles que estiveram com o "anti-Cristo" nos últimos anos. Irrita-lhes igualmente que Varandas, quiçá, esteja a ponderar não enveredar por um auto-de-fé contra a anterior direcção só porque sim. Os sportingados queriam sangue, de preferência de Bruno de Carvalho e dos seus antigos vices e vogais, mas parece que Varandas está mais inclinado a dar-lhes flores...
Nunca pensei vir a defender Varandas assim tão cedo, mas, se for assim, então o nosso presidente merece a minha consideração: arrumar a questão do treinador, normalizar as relações com os anteriores dirigentes e não entrar em jogos de "caça às bruxas" apenas para agradar uma determinada "clique". Conseguirá Varandas por o Sporting acima de tudo e todos?

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Peseiro, Patrício e os c**** de sabão

Estamos a chegar ao fim do interregno futebolístico de Outubro e José Peseiro continua a ser o nosso treinador. Tivéssemos um presidente suficientemente audaz e, quiçá, talvez Leonardo Jardim fosse hoje o nosso treinador. Infelizmente o Sporting vive tempos de pragmatismo (ou conasdesabonismo), não de heróis audaciosos, pelo que temos de nos remeter à nossa triste sina, de que esta época é para nos arrastarmos de campo em campo, rezando para não sermos mais vezes humilhados como o fomos em Portimão. E se a ideia de quem nos dirige é precisamente essa, então Peseiro é o homem certo no lugar certo, pois é impossível queimares o que queimado está.
Entretanto, estes últimos dias trouxeram algumas novidades interessantes, como aquela de que chegámos a acordo com o Wolverhampton por Rui Patrício. Aqui, a única coisa positiva a retirar é o facto de não termos mais que pensar em resolver este assunto. De resto, este negócio está para lá de mau. O valor total da transferência (fala-se em 20 M€) é já por si parco, tendo em conta a qualidade do jogador. Confirmando-se que realmente apenas receberemos 12 M€ pelo jogador (menos 2 M€ que Rúben Semedo, por exemplo), é difícil não desatarmos a chorar. Até porque facilmente se adivinha que Rui Patrício dará novo salto na Liga Inglesa, tal é a forma como o jogador entrou naquele campeonato. E certamente o Wolves cobrirá facilmente os 20 M€ que pagou ao Sporting, pois Rui Patrício valerá seguramente muito mais que esse valor.
E no meio disto tudo, como ficarão os sportinguistas? Amargurados. Dou o meu exemplo, que acredito que seja comum a milhares de outros sportinguistas. Fui dos que vibrou quando defendeu aquele penálti na Madeira, no longínquo dia 19 de Novembro de 2006. Fiquei com os nervos em franja quando Paulo Bento insistiu dar-lhe a titularidade, relegando o experiente Stojkovic para o banco. Nervoso mas com a sensação de que "teria de ser", pois de outra maneira nunca mais teríamos um guarda-redes "nosso" na equipa principal, um "novo Damas". Fiquei orgulhoso quando o "Franguício" se transformou em "São Patrício", tantas as vezes que as suas luvas nos salvaram. Envergonhei-me quando as direcções anteriores obrigavam-no a debitar semanalmente a lenga-lenga de que "é preciso levantar a cabeça". Era dos que gritava "Ruuuuuuiiiii!!!!" cada vez que salvava a nossa a nossa baliza. Ver aquela que era uma das grandes referências da nossa formação, do nosso futebol, abandonar o clube como abandonou, deixou-me triste e revoltado. A ser verdade que abdicou de um crédito de 5 M€ que teria do Sporting, para não criar problemas ao seu antigo clube, então merece (ainda) alguma consideração. Resta-nos aquela secreta e pequena esperança de, à semelhança de Vítor Damas, também regressar pela porta grande ao clube de onde saiu pela porta pequena.
Menção também à guerra desenfreada levada a cabo pelo Estado Lampiânico contra o Artista do Dia e o Mister do Café. Desenganem-se aqueles que julgavam que o "e-toupeira" ou o "MalaCiao" iriam ser machadadas fatais do EL. O Estado Lampiânico continua desavergonhadamente trilhando o seu caminho. Os seus spin doctors mantêm-se impávidos e serenos na sua tarefa de manipulação da opinião pública, desde formatando opiniões que, invariavelmente, inocentam a acção lampiânica e condenam os que a tentam desmascarar, até à delação abusiva de assuntos que deveriam ser do foro interno dos rivais, como a auditoria interna ao nosso clube. Tudo com a clara conivência do jornalismo nacional, que continua acefalamente a assobiar para o lado. Custa-me ver que, neste momento, tenham de ser os rostos do Sistema a defender o que é nosso. Dói-me o coração ver Manuel Serrão a indignar-se pelas fugas de informação dentro do Sporting ou Francisco J. Marques a assumir a defesa dos blogueres sportiguistas. Ou Frederico Varandas ainda não percebeu bem qual a trincheira onde terá de se meter para defender os interesses do Sporting, ou está a perder tempo precioso na tentativa de criar uma imagem de si diferente do antecessor, com claro prejuízo para o clube que preside. De qualquer forma, parece-me que nem o Sporting ganhará alguma coisa com isto, muito menos Varandas, que perderá rapidamente todo o capital de confiança dos sportinguistas que o elegeram. 
E já agora, quando começará Varandas a falar "daquilo que sabe", relativamente à época de 2015/2016?

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

#NotPeseiro ou #PeseiroNãoDá

Quando no princípio de Julho escrevi este texto, estava impregnado de optimismo. Acreditava que era desta que o meu clube, conhecido por ter o karma mais negativo da Via Láctea, ia finalmente dar um pontapé nas forças más, oferecendo aos sportinguistas uma história de final feliz. Após um ano em que perdeu tudo no benfica, JJ conseguiu regenerar-se e limpou o campeonato na época seguinte. Peseiro, na mesma situação, foi despedido por maus resultados no início da época seguinte. Herrera, o patinho feio do dragão, ofereceu o último campeonato ao porto. No Sporting, conseguimos passar uma meia-final europeia épica, para depois perdermos a final de forma ridícula no nosso próprio estádio. O Sporting de Peseiro teria todas as condições para dar um pontapé no karma, mas isso "só acontece nos filmes". As coisas na vida real são diferentes.
O que aconteceu durante o verão de 2018 lembra-me aqueles namoros de férias, que todos tivémos na adolescência. Em Agosto vamos para a praia ou para a terrinha e por lá apaixonamo-nos por aquela rapariga deslumbrante, com quem acabamos a trocar beijinhos ao por-do-sol. No final das férias estamos convencidos que aquela relação está firme como uma rocha, mas com o regresso à cidade, à vida real, constatamos que tal não é possível, restando-nos a feliz memória de um verão bem passado. O Sporting 2018/2019 é parecido com isso. O inicio do campeonato superou-nos as (baixíssimas) expectativas que tínhamos e por momentos chegámos a acreditar na possibilidade de uma surpresa. Mas com o mês de Setembro e o regresso às aulas, fomos descendo à terra da nossa triste realidade. O futebol praticado era sofrível, apenas disfarçado pelos resultados positivos. A derrota em Braga, o quase descalabro ucraniano e esta última goleada algarvia marcam o fim do nosso lindo mas impossível sonho. 
E porque é este sonho impossível? Desde logo por tudo o que rodeou a preparação da época, cujas condicionantes são sobejamente conhecidas. Esperávamos um campeonato de "ano zero", ao nível de 2013/2014. Mas como o nosso plantel este ano até teria qualidade superior ao de Leonardo Jardim, tínhamos uma secreta esperança de repetir o feito do madeirense, pelo menos no que toca a lutar pelo campeonato até ao fim. Mas o problema é que José Peseiro não é Leonardo Jardim. Nem de perto, nem de longe.
José Peseiro tem actualmente um conjunto de rótulos que são conhecidos, como o do "pé frio". Não é só o campeonato perdido de 2004/2005, mas também as épocas no Braga e aquele final de temporada no porto, em 2015/2016. Outro rótulo que traz é o de privilegiar o futebol atacante, usando como exemplo precisamente a época em que perdeu tudo no Sporting. Ainda hoje vejo muito sportinguista a chorar-se por Peseiro não ressuscitar essa máquina trituradora de futebol atacante que era o Sporting em 2004/2005. 
A máquina de futebol atacante de José Peseiro não deu para conquistar um campeonato onde o campeão somou a miserável soma de 65 pontos. Perdemos jogos em casa com o Marítimo, Nacional ou Penafiel e fora em Setúbal. Levámos 3-0 no Funchal. Este foi o grande Sporting de 2004/05. Antes de treinar o Sporting, Peseiro tinha subido de divisão o Nacional e foi adjunto de Queiroz no Real Madrid. Depois de treinar o Sporting, Peseiro não conquistou praticamente nada de relevante, apesar de ter passado duas vezes por Braga e ter feito meia época com o porto, tendo levado os andrades à final da Taça de Portugal. O currículo de Peseiro está ao nível, digamos assim, de Paulo Sérgio. Pensar que Peseiro teria capacidade para nos levar a discutir o título até ao fim, estando os nossos rivais minimamente preparados para o mesmo, é utopia pura. Tão pura como a "máquina de futebol atacante" que, como se percebe, nunca existiu. 
Outro rótulo utópico que Peseiro entretanto obteve, já durante a corrente temporada, é a de ter modificado o seu modelo de jogo, passando a privilegiar mais parte defensiva em vez da avassaladora máquina atacante. Essa é a forma de justificar a absurda insistência do nosso treinador em utilizar o duplo pivô. O jogo de ontem é paradigmático desse absurdo: no lance do terceiro golo do Portimonense, que nasce de um canto, toda a equipa está a defender dentro da área, deixando dois ou três jogadores adversários à entrada da área sem marcação. Nakajima teve tempo para tudo, dominar a bola e colocá-la onde queria. Ainda bem que Peseiro está hoje mais defensivo, senão... Isto sem falar nas constantes perdas de bola no miolo, os chutões de Coates para a frente (lembram-se desse nossa grande playmaker chamado Polga?), as ridículas substituições no fim do jogo, as dispensas de jogadores prometedores como Matheus ou Geraldes, etc., etc.
Esta época, com este treinador, não vamos lá. Mas a mudarmos nesta altura, que mudemos garantidamente para melhor. Se é para virem Paulos Sérgios ou Vercauterens, então deixem ficar como está. Sempre poupamos em indemnizações.

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Sobre as toupeiras

Devido às inúmeras vicissitudes que afectaram o nosso clube nos últimos meses, faltou-me tempo e vontade para falar das toupeiras. Mas agora, quando parece que o foco mediático finalmente largou o nosso clube, parece-me ser a altura ideal para pegar num assunto que tem tudo para marcar o futebol português.
Enquanto cidadão português, fico pasmado com a facilidade com que um mero funcionário judiciário consegue aceder a um qualquer processo a tramitar na nossa Justiça. Numa era onde uma das maiores preocupações que assola a humanidade é a da segurança cibernética, fiquei a saber que em Portugal é possível uma pessoa pesquisar na base de dados dos inquéritos, utilizando para o efeito um login de um funcionário já aposentado. Ou, igualmente grave, também é possível alguém pesquisar horas a fio sobre um determinado processo que não lhe diz respeito, sem que o próprio sistema alerte os seus administradores sobre tal anomalia. É uma tremenda fraqueza daquele que é um dos pilares da nossa democracia, portanto deveria merecer uma séria reflexão das mais altas entidades do Estado.
Já enquanto adepto de futebol, não posso dizer que fiquei surpreendido com o que até agora se soube. O currículo de Paulo Gonçalves é extenso. Esteve ligado ao porto nos anos noventa do século passado e convenientemente passou-se para o Boavista a tempo de montar a "estrutura" que levou à conquista do campeonato por parte dos axadrezados. Sem dúvida que estamos perante alguém com know-how dos meandros obscuros do futebol português, com vasta experiência na arte da manigância e da marosca. E como bem diz o povo português, "diz-me com quem andas que eu digo-te as manhas que tens".
O comum dos lampiões olha para tudo isto e aborda o assunto de variados ângulos, desde a incredulidade total até ao mais puro conformismo de que para se ganhar algo em Portugal, tem de se jogar sujo nos bastidores. Os incrédulos, que ainda há muitos, são aqueles que papam tudo o que a cartilha lhes mete á frente. Desde as considerações morais sobre a personalidade de Paulo Gonçalves, católico praticamente que jamais praticaria actos de tal natureza, ou então preferindo pegar naquela parte da cartilha que prefere atacar o mensageiro - o famoso hacker de Budapeste - transformando-o em fonte de todo o mal que assola o clube da Luz. A forma como os e-mails do benfica foram postos na praça pública revestem-se de evidente ilicitude, mas que foi ofuscada perante a gravidade do que veio a público. Meter tudo no mesmo saco é como considerarmos ser tão grave o carocho que vende ganza na rua como o cartel de Medellin. Não há comparação possível.
De resto, a narrativa que diaboliza o hacker acaba por cair por terra quando nos lembramos que a SAD lampiónica já foi alvo de várias diligências da PJ e do Ministério Público, logo é redutor pensarmos que a única prova que a investigação possui advém exclusivamente dos emails "hackeados". Nem eu acredito que uma investigação criminal com esta mediatização, cujo alvo é o benfica, se suportasse em exclusivo nessa fonte. A tese da cabala portista-brunista de que tudo foi manipulado pelo eixo do mal "dragarto" é conversa para boi dormir.
Não vi a mesma preocupação sobre as fontes ilícitas quando o alvo das mesmas era o Sporting. Lembram-se do "draft" do contrato de Mitroglu com o Sporting? Lembram-se dos contratos de Coates ou Bruno Paulista com o Sporting? Lembram-se também de quem veiculou essa informação? Eu lembro-me: Pedro Guerra e o Rascord farinácio. O karma é tramado.
Se o lampião incrédulo acaba por dar pena, tal é forma como se deixa manipular pela cartilha do seu clube, já o lampião conformista é para mim o mais perigoso. Para o conformista, não há volta a dar. Para cabrão, puta e meia. Convenceram-se de que para destronar o Sistema, teriam de jogar no mesmo território. Não basta o mérito desportivo, é também necessário dominar tudo e todos. A táctica da terra queimada no seu esplendor. Segundo o lampião conformista, afinal o porto dos anos 90 e da primeira década deste século tinha uma grande equipa e aquilo das escutas da "fruta" é lana caprina, pois "todos o fazem". Quando defendemos exacerbadamente a ideia de que os fins justificam os meios, acabamos por criar monstrinhos que um dia nos devoram. No caso do benfica, esse dia está a chegar. 
Tudo o que reconhecíamos no Sistema, está hoje no Estado Lampiânico: a coopção da oposição interna, o aproveitamento do clube por parte da sua direcção, o encobrimento do trabalho sujo das claques, o domínio sobre os clubes mais pequenos, a cativação de árbitros e observadores com recurso a prostitutas, a parceria com o poder político, o conluio dos jornalistas amigos. Tudo com a bênção do lampião conformista, que mesmo sabendo de tudo isto, prefere que assim seja pois de outra forma não conseguiria ganhar nada.
Quando confrontados com o que surgiu nestas últimas semanas contra o seu clube, a lampionagem abandonou a velha cassete de Paulo Pereira Cristóvão e passou a pegar noutra: o Cashball. Não são casos comparáveis, pois um já está em fase de acusação enquanto que o outro ainda está em inquérito. Pelo que se soube na altura em que o Cashball rebentou, não me parece que a prova contra o Sporting seja sólida. A participação do César das malas na denúncia é, por si só, de desconfiar. Mas uma coisa é certa, se chegarmos à fase de acusação e continuarem de pé as suspeitas de corrupção por parte do meu clube, mesmo que estejamos a falar de andebol, cá estarei na primeira fila para o criticar. 

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

A união é uma treta

No Sporting já se tornou um cliché. Cada vez que há um acto eleitoral, uma mudança directiva, uma troca na hierarquia, lá vem a conversa da "união". Mas afinal que união vem a ser esta?
Dizem-nos à boca cheia que nos últimos anos se assistiu a uma fractura no Sporting. Que o último conselho directivo, com Bruno de Carvalho à cabeça, lançou sportinguistas contra sportinguistas e expurgou do clube quem não concordava com a sua liderança. Em contrapartida, os arautos do "unionismo" propõe um modelo de gestão do clube que, despido dos lugares-comuns e da conversa de chacha de ocasião, nada mais é do que um seguidismo "salazarento" ao novo lider. E, não menos importante, esse seguidismo também se estende à elite que o rodeia e que basicamente é a mesma se sempre rodeou os nossos anteriores presidentes.
Fazendo um pouco de arqueologia, lembremo-nos todos de como o Sporting "unido" estava em 2013. O clube precisava de um abanão e era unânime a ideia de uma ruptura com o passado. Bruno de Carvalho executou esse corte e a coisa não lhe correu mal, sendo mais ou menos consensual que o seu primeiro mandato foi positivo. O anterior presidente acabou por cair porque os sócios estavam saturados do seu estilo frenético, não por causa das "desuniões".
Chegados a Maio de 2018, começamos a levar com a narrativa da "união" sportinguista. Essa narrativa parte do princípio errado de que o "Universo sportinguista" entrou com colapso por estar fraccionado, ou numa linguagem mais ortopédica, "fracturado". Fatalmente, a narrativa unionista resvala para a ideia do poder do clube ser entregue a uma elite que mais não é do que um conjunto de velhos conhecidos nossos, onde se destacam antigos presidentes e dirigentes, banqueiros, políticos e os grupos e grupelhos de gente "ilustre" do nosso clube. Basicamente, torna quase blasfemo discutir soluções e caminhos diferentes a serem tomados pelo Sporting, porque toda essa discussão é classificada de fracturante, e os tempos não estão para fracturas....
Felizmente, se há coisa que as sucessivas crises directivas fizeram de bom ao Sporting, uma delas é que incutiu na massa associativa um inédito espírito de participação cívica e activa na vida do clube. Todos os actos importantes, como eleições ou assembleias gerais, trazem consigo milhares de sócios ávidos de dar a sua voz e os seus votos em prol do clube. Longe vão os tempos onde a criação da SAD foi votada numa AG do clube em pleno verão, com uma mísera participação de centena e meia de sócios. Esses eram os tempos de união, onde ninguém questionava as decisões dos sábios dirigentes leoninos. Hoje temos debate e confronto de ideias, projectos para o clube personificados pelos seus defensores e caminhos diferentes a percorrer. 
Um dos países mais desenvolvidos do mundo, o Reino Unido, assentou a sua liderança há cerca de três séculos, quando o parlamento inglês assumiu o controlo da sua nação. Ao contrário dos demais reinos, cuja vontade do monarca era a vontade do estado, no Reino Unido era no debate e confronto de ideias entre conservadores e progressistas que se traçavam as linhas orientadoras do seu país. E ainda hoje o Reino Unido é uma referência quando falamos de nações desenvolvidas e com alto índice de participação democrática.
É por isso que toda a conversa de "união" em torno do Sporting me causa urticárias. Primeiro, porque a ideia de progresso assente em unanimismo é uma falácia, como o Reino Unido muito bem exemplifica. Depois, porque a conversa da "união" traz subjacente aquela ideia tão tipicamente portuguesa, de que só a "elite", os "ilustres" e os "ungidos" é que sabem o que é bom para o "povinho". A união é uma treta.
No desporto, o que cria as "uniões" em torno do seu presidente são o seu trabalho e o seu resultado. Bruno de Carvalho, mesmo sem ter sido campeão de futebol, conseguiu agregar os sportinguistas em seu torno porque projectou o nosso clube num patamar de onde já tínhamos sido arredados. Mas foi a falta de um título de campeão nacional que iniciou o desgaste da sua imagem junto dos sócios. Frederico Varandas, mais do que apelos de ocasião, terá de trilhar o mesmo caminho, como o Cherba tão bem expôs. E esse caminho também passa por escutar as críticas ao seu trabalho, ouvir quem pensa diferente de si e ter a coragem de tomar as decisões que são as que melhor servem os interesses do Sporting Clube de Portugal, não as da elite "unionista" que pululando por aí.
Quero é que o meu clube seja bem dirigido, bem defendido e bem representado. Quanto à "união", podem ir metê-la num certo sítio.

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

New Look

Aproveitando a onda de mudanças que varre o nosso clube a nível directivo, procedi a uma alteração no layout do blogue. Já muitos leitores se tinham queixado do anterior desenho, mas só agora tive oportunidade para efectivar a alteração do seu aspecto.
Espero que o novo look do blogue seja da satisfação de todos aqueles que por aqui passam.

Saudações Leoninas!

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Leão à Varanda

Não foi o meu candidato e ainda hoje considero-o uma personagem pouco carismática e até algo titubeante. Mas venceu o acto eleitoral. Teve menos votantes, é certo, mas as regras instituídas no nosso clube há décadas permitem isso mesmo. Já não é a primeira vez que tal aconteceu e provavelmente não será a última, pois não prevejo vontade/timing para alterar a questão do número de votos por associado.
Frederico Varandas merece todo o meu respeito que a sua posição institucional merece. É a figura n.º 1 do reino do leão e como tal terá todo o meu apoio sempre que defenda o nosso clube. E vai ter nos próximos tempos várias oportunidades para por em prática essa defesa: a condução do processo contra os jogadores que rescindiram em Junho e não voltaram ou a negociação do empréstimo obrigacionista, por exemplo. Se por um lado na equipa de Varandas vejo algumas figuras ligadas ao universo sportinguista que me agradam, como o caso de Miguel Albuquerque, por outro também vejo  com muito receio o regresso de alguma "tralha" croquetista que havia sido varrida por Bruno de Carvalho. Importará nesta fase perceber qual a dimensão da força do próprio Frederico Varandas sobre a sua equipa, se será efectivamente um líder ou se não passará de um boneco nas mãos do verdadeiro poder. Admito que Varandas tenha genuinamente boas intenções e ideias para o clube que protagonizem uma continuidade do que de melhor foi feito nos últimos cinco anos. Mas estou muito céptico sobre se conseguirá traçar esse caminho.
A Frederido Varandas desejo toda a sorte do mundo enquanto presidente do nosso centenário clube, que respeite as decisões que os sócios tomaram nos últimos anos, especialmente o caminho a seguir pelo clube, e que não se deixe imiscuir pela elite do costume, cujos objectivos passam muito ao lado do que a maioria da massa associativa deseja. 
Não contem com o "Lets play a game" para fazer apologias bacocas de "união". Contem com este blogue como mais uma visão crítica, objectiva e vigilante sobre o Sporting Clube de Portugal. E que daqui a quatro anos, o meu cepticismo em relação a Varandas se transforme num sentimento de agradecimento e satisfação sobre o seu mandato.
Viva o Sporting Clube de Portugal!

Adenda - 15h51: Voltei o ouvir o discurso de Varandas na tomada de posse e vi que me esqueci de referir um aspecto que para mim é inadmissível: a utilização constante da expressão "somos Sporting". Escuso de de explicar os motivos que me levam a detestar a essa expressão, certo???

domingo, 2 de setembro de 2018

Que dizer das próximas eleições?

A menos de uma semana do desenlace eleitoral, é tempo de fecharmos os olhos, respirar fundo e pensar na opção final que iremos tomar no sábado.
Sempre que penso no próximo acto eleitoral não posso deixar de também pensar em como foi possível virmos aqui parar. Caso não se lembrem, há 5 meses atrás ninguém pensaria que estivéssemos nesta situação. Num jogo que tinha tudo para ser épico, uma aselhice de Coates abriu uma caixa de Pandora que ainda hoje não conseguimos fechar. Seguiram-se vários episódios cada um ainda mais deprimente que o outro. Foi o post descabido do presidente, foi o inenarrável motim no balneário, foi a fabulosa suspensão do plantel, foi o jogo com o Paços, foi a lombalgia, foi, foi, foi...
Enquanto o plantel de futebol profissional masculino se dilacerava numa revolta sem precedentes, acompanhada por uma tomada de posição absurda de Jaime Marta Soares, um empréstimo obrigacionista ficou suspenso, o que obrigou a que o reembolso do anterior tivesse de ser adiado. Nem a perspectiva de uma reestruturação da dívida da SAD acalmou os ânimos. Um final de época desastroso, culminando com o hediondo ataque a Alcochete, lançou o Sporting para um turbilhão de onde ainda hoje tentamos sair. 
Ninguém saiu bem desta história toda. Bruno de Carvalho, que com a sua teimosia e autismo não soube afastar-se a tempo de nos poupar a realização de uma AGE destitutiva, na qual foi trucidado. Os jogadores do Sporting, alguns deles símbolos inquestionáveis do clube, que claramente se aproveitaram de uma situação de fragilidade da sua entidade patronal, para zarpar para outras paragens mais bem remuneradas. O treinador, que tentou passar pelos pingos da chuva de responsabilidade que claramente teve no desfecho da época, bem como dos acontecimentos que levaram ao motim do balneário, restando saber se fez tudo isto por dolo ou por incompetência. Quem sofreu com tanta cadência de murros no estômago e na cabeça fomos nós, os sócios e os adeptos. E cabe-nos a nós, sócios, decidir como sair do buraco para onde nos empurraram.
Da lista de candidatos à presidência apenas levo a sério 3 ou 4 deles. Descarto Rui Pego, que até poderia ter ideias interessantes mas cuja colagem ao presidente do Leixões matou à nascença qualquer hipótese de ser levado a sério. Pedro Madeira Rodrigues, que parece não ter aprendido nada do último acto eleitoral, continuando no seu registo snobe e arrogante. Tavares Pereira, que pese embora a sua boa equipa, falta-lhe notoriedade social e desportiva para que seja visto como sério candidato a presidente do Sporting. Por fim Dias Ferreira, atraiçoado em 2013 pela escolha "Futre", tenta cavalgar algum do eleitorado brunista descontente, mas não me parece ter espaço para ombrear entre as verdadeiras candidaturas presidenciais.
E as verdadeiras candidaturas presidenciais são três, não tenhamos ilusões. O próximo presidente do Sporting sairá do trio composto por Varandas, Ricciardi ou Benedito. Podemos até acrescentar Dias Ferreira neste lote, mas só por caridade. E dos três presidenciáveis, em quem irei votar?
Frederico Varandas lembra-nos aquela rapariga que é a primeira que conhecemos quando chegamos a um sítio pela primeira vez. Ao inicio parece-nos a última coca-cola no deserto, mas depois à medida com que vamos conhecendo o resto das raparigas, percebemos que aquela afinal é mais um trambolho. Varandas tinha a áurea de "Sousa Martins do Sporting", o nosso médico que cura tudo o que é maleitas e despista as mais insondáveis mazelas nos testes médicos. Após os acontecimentos de Alcochete, surgiu com uma áurea de salvador do balneário, homem providencial no terramoto que se abatia sobre Alvalade, comandante do exército de resgate do leão. Ao assumir-se cedo como candidato, ainda antes de haver eleições marcadas, Varandas ergueu uma onda verde onde arrastou muitos adeptos conhecidos, que hoje acredito que estarão arrependidos pela posição precocemente tomada. Varandas decepcionou nos debates, revelando fragilidades oratórias e retóricas básicas. A aura de salvador do clube foi caindo à medida que o próprio admitia que os acontecimentos ultrapassavam em muito o "trauma" dos jogadores. Hoje, Frederico Varandas é o que conseguiu nos dias seguintes ao ataque de Alcochete. Desde então que não conseguiu acrescentar mais nada de notório à sua campanha, além de não ter descolado da imagem de alguém que usou um dos momentos mais negros do clube como trampolim. 
José Maria Ricciardi era, inicialmente, uma piada de mau gosto que alguém conta num funeral. Provocava mais embaraço do que riso. O braço direito do DDT teve a coragem de vir a jogo, mas parecia-me ser a coragem daquele soldado que por desespero que lança sozinho contra mil inimigos. O anuncio de que José Eduardo era o seu homem forte para o futebol, ou que estava a aliciar membros da comissão de gestão, adensou ainda mais a ideia de que toda a sua candidatura era patética. Mas enganei-me redondamente. Ricciardi tem aquela desfaçatez típica de quem assumiu ruinosamente cargos de relevo no nosso país, conseguindo passar uma imagem de si como competente, honesto, isento, juntando isso a outros atributos que tão apreciados são pelos portugueses, como poder ou influência nas altas esferas. Basta algumas conversas com sócios e adeptos do Sporting para se perceber que o perfil de Ricciardi é considerado como o adequado para conduzir os destinos do nosso clube nestes tempos tormentosos. E não porque Ricciardi tenha esta ideia para a SAD, aquela para as modalidades, ou aqueloutra para os escalões de formação. Nada disso. Ricciardi é considerado como adequado, porque simplesmente é Ricciardi, o primo do DDT. Não vale a pena tecer aqui considerações de índole gastronómica, sobre croquetes ou rissóis. Sei bem o que significaria para o nosso clube ter o JMR à frente dos seus destinos. Mas não tenho grandes ilusões para sábado. Ricciardi é o favorito à vitória.
Por fim, João Benedito. Provavelmente serei queimado nos autos-de-fé das redes sociais pela heresia que vou dizer, mas se há alguém que pode continuar o BOM brunismo, Benedito é essa pessoa. Se é possível haver brunismo sem os excessos de linguagem, a constante exposição mediática ou as relações tempestuosas com o balneário, essa pessoa é Benedito. Se há alguém que me garanta, nesta fase, que continuará a apostar nas modalidades, é Benedito. Se há alguém que me garanta que continuará a lutar contra o Estado Lampiânico ou o ressurgimento do Sistema, é Benedito. Se é possível lançarmos um empréstimo obrigacionista para pagar o anterior e dar liquidez à nossa tesouraria, sem que isso implique a entrada de "investidores fantasma" na SAD ou qualquer outro cenário de perda da maioria do clube, essa pessoa é Benedito. Os indefectíveis de BdC poderão vir com as teorias da conspiração, de que Benedito é um fantoche ou testa de ferro, mas isso não passa disso mesmo, de teorias. Benedito inicialmente apresentou-se com uma postura algo artificial e mesmo teatral, mas basta ver como se comporta nos debates, nas posições que tomou sobre os debates na CMTV ou da ida da CG para a tribuna da Luz, para se perceber ao que vem. Benedito é a minha escolha por tudo isto, mesmo que neste momento pressinta que a vitória cairá para outro lado...

terça-feira, 17 de julho de 2018

Eleições 2018: Ponto de situação das candidaturas

Ando há vários dias a tentar escrever aqui um balanço das várias candidaturas que até hoje se apresentaram. Mas tal tarefa revela-se sempre infrutífera, pois todos os dias temos novidades que nos obrigam a refazer o plano que já tínhamos delineado. Por isso, enquanto Benedito não oficializa a sua candidatura e Bruno de Carvalho não responde a Elsa Judas, vou tentar fazer aqui um ponto de situação.
Neste momento temos sete (espero ter contado bem) candidatos anunciados, sendo que é expectável que em breve este número mude. Primeiro, porque ainda não sabemos se será autorizada a candidatura de Bruno de Carvalho e Carlos Vieira. Segundo, porque da mesma forma que em 2011 alguns candidatos lowprofile desistiram, também me parece pouco provável que outros nomes menos conhecidos arrisquem ir em frente até ao dia da votação. Aqui incluo Fernando Tavares Pereira, que arrisco dizer que será um ilustre desconhecido para a grande maioria dos sócios do Sporting, bem como Zeferino Boal que é o eterno candidato desistente. Depois há a eternamente anunciada candidatura de Benedito, cujo anuncio finalmente deverá ocorrer na quinta-feira.
Sobre a esperada candidatura de João Benedito, tenho alguma curiosidade em saber onde é que o ex-guarda-redes de futsal vai fazer vincar a diferença para outros candidatos, nomeadamente Frederico Varandas. Estas duas candidaturas vem de dentro ou seja, são de duas pessoas que há bem pouco tempo participavam de forma activa na vida do clube, sendo bastante acarinhadas até ao momento em que decidiram romper ou afastar-se de Bruno de Carvalho. Benedito entrou em rota de colisão com o ex-presidente em 2016 e chegou a ser visto como candidato a disputar as eleições de 2017 contra BdC. Varandas rompeu com BdC há pouco mais de um mês e numa fase onde o clube estava muito fragilizado com a invasão de Alcochete. Ao contrário de Benedito, o timing escolhido por Varandas para romper com a direcção não foi propriamente feliz, tonando praticamente impossível de descolar o rótulo de oportunista à postura do médico. De resto, a postura de Benedito ao longo dos últimos dois anos foi sóbria. Não aderiu à moda de criticar a torto e a direito BdC antes do acto eleitoral de 2017, ao contrário da maioria dos seus críticos. Pelo contrário, preferiu manter a distância do então presidente, mas sem perder a postura. A decisão de não avançar em 2017 pode ser vista como cínica, mas também revelou realismo, pois reconheceu ser impossível destronar Bruno de Carvalho no auge da sua popularidade. Mesmo quando se tornou fácil bater em Bruno de Carvalho, Benedito preferiu resguardar a sua imagem, criticando o indispensável.
Varandas tem a grande vantagem de ter partido na frente e da sua candidatura já levar algumas semanas de avanço face a Benedito. Mas parece-me que tem vindo a perder o elãn inicialmente criado à sua volta. O destaque que a sua candidatura deu a figuras do croquetismo, desperta bastantes dúvidas e receios nos sportinguistas. Depois, a denotada impreparação do médico também não tem ajudado à sua afirmação. Varandas está longe de ser um orador arrebatador, o seu discurso é muito mastigado e a gaffe da secção de Padel é arrepiante. Quanto a Benedito, arrancando nesta altura onde Varandas começa a ganhar desgaste e tornando-se evidente que Bruno e Vieira serão impedidos de se candidatar, até que ponto não irá capitalizar os votos dos antigos apoiantes do CD deposto ou dos desiludidos com Varandas? Vamos esperar pelos seu programa, pelos seus projectos, pela sua equipa, para então sim, sabermos se esta candidatura tem hipóteses para se destacar das restantes.
Quanto às candidaturas de Pedro Madeira Rodrigues e Dias Ferreira, são regressos de figuras já conhecidas do universo sportinguista, sem grandes novidades do que já sabíamos. Pedro Madeira Rodrigues continua no seu registo pedante de "somos muita bons" e "temos uma granda equipa". Ranieri é um trunfo, apesar de me parecer algo extemporâneo. Se por acaso Peseiro fizer um excelente arranque de época, inclusive com um resultado positivo na Luz, será justo despedi-lo para lá colocar Ranieri? Não que Ranieri não seja superior a Peseiro, mas também não me parece um nome tão forte como PMR quer fazer passar. Dias Ferreira, que pelos anos que aturou e enfrentou Rui Gomes da Silva e Paulo Garcia merece todo o respeito e reconhecimento dos sportinguistas, parece-me um nome já sem espaço no espectro eleitoral leonino. Demasiado queimado pelo episódio dos "charteres" do Futre, não consigo descortinar que espaço poderá ocupar nas próximas eleições. Não o  vejo capaz de ombrear contra a máquina que suporta Varandas nem contra o prestígio que Benedito traz consigo. Ao mesmo tempo não o vejo com capacidade para captar os eleitores brunistas, que sem dúvida acredito que prefiram um candidato mais novo e menos comprometido com o pré-2013.
Hoje, perante o panorama de candidatos, aposto numa corrida a 3 ou 4 candidatos, entre Varandas, Benedito, Pedro Madeira Rodrigues e Dias Ferreira (se eventualmente não desistir). Com Bruno de Carvalho e Carlos Vieira de fora da corrida, em qual destes candidatos votarão os 29% de sócios que estavam contra a destituição do anterior CD? Ou ainda aparecerá outra candidatura, completamente conotada com o brunismo?

terça-feira, 3 de julho de 2018

Sporting Clube de Proscritos

Se pegássemos num qualquer livro sobre a história do Sporting e quiséssemos juntar todos os presidentes, treinadores e jogadores que ali estão referidos como proscritos do nosso clube, muito provavelmente juntaríamos um conjunto de pessoas que hoje estão ligadas ao clube. É como se de repente a História olhasse para trás e tentasse reescrever-se, quiçá dando-nos a oportunidade de a fazer a nosso contento.
Já escrevi sobre Sousa Cintra, o presidente que mais se aproximou do estilo e carisma de Bruno de Carvalho, numa época com metade do mediatismo de hoje. O homem das águas (a cerveja foi depois do Sporting), o algarvio que não queria contratar Mark Knofler, que despediu Robson e foi buscar o novo Eusébio ao Brasil (Careca, lembram-se?). Sousa Cintra, o presidente que quis trazer Pancev para juntar a um conjunto de estrelas onde brilhavam Ivkovic, Luisinho, Naybet, Valckx, Balakov, Iordanov, Juskowiak, Figo, Cherbakov, Capucho, Nelson, Carlos Xavier... Mas onde os resultados desportivos ficavam muito àquem da qualidade dos plantéis que se esforçava por construir, limitando-se a uma taça de Portugal e outra Supertaça (onde é que já vi isto?). Sousa Cintra, muito criticado pela elite do costume, daria em 1995 o lugar à "geração Roquete", com o resultado que se conhece. Apesar da aura "croquete" com que muitos agora decidem coroá-lo, Sousa Cintra é tudo menos croquete. É alguém que no passado sentiu muito (demasiado) o clube, muitas das vezes gerindo-o mais com o coração do que com a cabeça (soa-me familiar). Esta sua segunda passagem pelo clube é demasiado fugaz para que possa deixar uma marca diferente da deixada em 1995, mas suficiente para imprimir um cunho que irá marcar o desfecho final desta época... para o bem ou para o mal.
Para tal, Sousa Cintra foi buscar o treinador que mais se pareceu consigo nestes últimos anos. Alguém cuja equipa tenha decepcionado os adeptos na justa medida que os empolgou pelo futebol jogado em algumas partidas. Esquecendo Jorge Jesus, ainda demasiado quente nas nossas recordações, não restava outro nome que pudesse combinar com o antigo presidente que não José Peseiro. O homem que com um plantel onde reunia Nelson, Beto, Polga, carlos Martins, Hugo Viana, Moutinho, Liedson, Hugo, Miguel Veloso, Custódio, Tello, Rochemback, Saleiro, Danny, esteve perto de ser campeão e ganhar a taça UEFA, mas perdeu tudo numa semana. O treinador que tinha tanto de concepção atacante de jogo (as famosas "altas pressões"), como de fraco líder de balneário. José Peseiro ficaria irremediavelmente ligado ao medonho desfecho de 2004/2005, caindo logo no inicio da época seguinte. Seguir-se-ia Paulo "4ever" Bento, que apesar dos melhores resultados alcançados, preferia um tipo de jogo mais pautado e envolvente (o famoso losângulo), que ao longo dos anos tornaria o nosso futebol previsível e sonolento. Ainda hoje José Peseiro "paga as favas" da semana terrível de 2005 e basta ler os comentários dos sportinguistas nas redes sociais para concluirmos que esteve longe de ser uma contratação consensual. Valha-nos a memória de alguns jogos ganhos na raça (Newcastle ou Alkmaar, por exemplo), ou da forma de atacar desenfreada da sua equipa (e o reverso da medalha, que era a descompensação defensiva) e temos um cheirinho daquilo que pode ser o Sporting de 2018/19.
Para completar o ramalhete de proscritos, falta o principal, que são os jogadores. Salvo o regresso dos rescisores, que para já não passa de uma remota possibilidade, não se pode dizer que este plantel tenha jogadores mal amados pelos adeptos. A sua proscrição nos últimos anos deveu-se exclusivamente à opção técnica do nosso último treinador. Geraldes porque lia Saramago, Matheus, Gauld, Dala, por outros motivos que não passariam certamente pela sua falta de qualidade, irão juntar-se a Wendel que não percebe chinês ou a Lumor, o defesa esquerdo que se conseguiu arranjar. Acredito sinceramente que este conjunto de jogadores, mais as aquisições deste defeso, entrarão na próxima época com ganas para demonstrar que são muito melhores do que o nosso antigo treinador achava. 
Esta época do Sporting, que por estes dias se iniciou, lembra-me aqueles westerns, quando um conjunto de pistoleiros renegados se reúnem para levar a cabo uma missão que, à partida, se afigura impossível para o comum dos mortais. Invariavelmente, nesses filmes, vencem sempre os destemidos pistoleiros, emprestando à narrativa uma moral que passa sempre pela reabilitação dos heróis proscrito.
Será esse também o filme da época 2018/2019 deste Sporting Clube de Proscritos?

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Frederico Varandas

Ontem, no Twitter, tive a oportunidade de trocar algumas ideias com outros sportinguistas sobre a candidatura de Francisco Varandas, a primeira e até agora única candidatura para as eleições presidenciais de 08SET. Este meu post é apenas um resumo daquilo que hoje penso sobre a candidatura, ao mesmo tempo que tento desmistificar algumas coisas que foram sendo ditas sobre o antigo médico do Sporting.
Em primeiro lugar, devo dizer que o candidato em si não me entusiasma particularmente. Não possuiu a capacidade oratória do nosso antigo presidente, que era capaz de discursar ao longo de duas horas e deixar a audiência em êxtase. Sendo a presidência de um clube um cargo onde o carisma é uma das principais armas para mobilizar sócios e adeptos, creio que Varandas fica longe desse desígnio. Não deixa de ser curioso que uma das críticas mais recorrentes a Bruno de Carvalho era precisamente a "forma" da sua comunicação. O discurso carismático era frequentemente entendido como demagógico, além da recorrente acusação de que fomentava o "ódio" contra os rivais. Eu aqui acrescentaria que o que verdadeiramente incomodava era o facto desse tal discurso carismático vir do presidente de um clube cuja história recente desconhecia esse tipo de atributos. Se há aspecto que os presidentes do "roquetismo" tem em comum é que o seu carisma era o mesmo de uma couve. E se o Sporting hoje conseguiu recuperar muito do seu estatuto (financeiro, nas modalidades, até mesmo no futebol profissional onde se fez muito melhor do que nos anos anteriores), tal deveu-se ao carisma de Bruno de Carvalho, que conseguiu mobilizar os sportinguistas para as grandes realizações do seu mandato. Poderá o Sporting, num momento onde se instalou uma crise, conseguir recuperar o seu estatuto sem um presidente carismático?
Em segundo lugar, não posso deixar de demonstrar bastante tristeza com a forma como esta candidatura foi imediatamente lançada para a fogueira. Enquanto chefe do departamento médico do futebol profissional do Sporting, Frederico Varandas sempre se pautou por uma postura de grande profissionalismo e jamais permitiu que outros interesses se superiorizassem ao interesse do Sporting. Deixámos de contratar jogadores em estado físico duvidoso, como Jeffrén. Pelo contrário, houve coragem para reprovar nos exames médicos Boateng ou Sandro, por exemplo. E mesmo aqueles que mais reservas apresentavam no plano físico, como Fábio Coentrão, viram a sua carreira regenerada no Sporting, graças ao seu departamento médico. Resumir a sua passagem pelo departamento médico do Sporting a uma cunha metida pelo irmão, parece-me redutor e pernicioso. Dizer que Varandas é uma cópia de Pedro Madeira Rodrigues... é intelectualmente desonesto.
Em terceiro lugar, os seus apoiantes. E foi aqui, confesso, que fiquei mais surpreendido. Não esperava ver uma quantidade tão grande de antigos apoiantes de Bruno de Carvalho em torno desta candidatura, pelo menos enquanto não surgissem outras. Figuras como Daniel Oliveira, Pedro Boucherie Mendes, Manuel Moura dos Santos, Daniel Sampaio ou Eduardo Barroso. Por outro lado, não vi ali nenhum nome conotado com o croquetismo (está lá o Luís Paixão Martins, mas já vamos). Acho sintomático que alguns dos mais mediáticos apoiantes de BdC tenham aderido ao Varandas. 
Dos apoiantes de Varandas passo para o seu próprio discurso de apresentação, que considerei positivo. Pese embora as questões da "forma" que já abordei anteriormente, creio que o conteúdo merece a nossa atenção. Valorizou o legado de Bruno de Carvalho, do pavilhão, das modalidades e suas conquistas, da importância do clube manter a maioria na SAD, deixou uma mensagem de união aos adeptos. Sobre as rescisões preferiu ser comedido, o que foi logo entendido como uma predisposição para ceder aos jogadores. Veremos como as suas ideias evoluem ao longo da campanha eleitoral.
Por fim, a sua equipa propriamente dita. Do homem da parte financeira, Salgado Zenha, apenas reconheço a familiaridade com o falecido político. Não faço a mínima ideia se é competente, para que banco trabalha, qual a sua opinião sobre a reestruturação da SAD. Sobre o seu gabinete de marketing e comunicação, tenho algumas reservas. Não gostei da forma intelectualmente desonesta com que Luís Paixão Martins abordou os últimos dias da crise no Sporting. A preferência clubística de alguns membros da sua equipa não é problemática, na estrita medida de que tal não interfira no seu profissionalismo. É o mesmo que dizermos que alguém não serve para treinador do Sporting se tiver outra preferência clubística.
No que toca às eleições de 08 de Setembro, aguardo com expectativa o aparecimento de mais candidaturas, além das intervenções públicas que os candidatos levarão a cabo nos próximos meses. Varandas por enquanto não me entusiasma, mas acredito que possa evoluir nos próximos tempos.

domingo, 24 de junho de 2018

Dias de Sporting

Ultimamente, falar sobre o Sporting revela-se um exercício digno de uma pintura de Miró. Olhamos para um amontoado de formas e cores e quando pensamos que já desvendamos o seu significado, eis que de repente algo se revela e voltamos novamente ao inicio do nosso exercício.
Primeiro era a AG que não se sabia quando (nem qual delas) se ia realizar, depois qual seria a pergunta, a seguir era saber se o Bruno lá ia ou não, depois era o discurso do Bruno, a destituição do Bruno, o Bruno que deixava de ser sportinguista, o Bruno, o Bruno... Pelo meio, a comissão de gestão nomeou Sousa Cintra presidente da SAD e temos o título de futsal para conquistar. Ah, e a nossa pré-época arrancou.
Tanta coisa tem surgido nas últimas horas que nem sei se no final desta prosa não teremos mais alguma novidade. Quando a comecei, Bruno de Carvalho tinha "deixado de ser" sportinguista. Agora parece que até candidato às novas eleições já é. Bom, como não quero voltar a ser surpreendido por nenhuma notícia de última hora, vou tentar resumir as últimas horas ASAP.

AG de dia 23 de Junho

Queríamos que os sócios falassem e os sócios falaram. Setenta e tal porcento de votos a pedir a destituição é muito voto. Estive no pavilhão, ouvi as gritarias e espreitei um ou outro boletim de voto. Tinha o feeling de que a destituição venceria, mas apontei sempre para uma diferença de votos inferior a 10%. Confesso que os números finais surpreenderam-me, mas não mais do que isso. Uma coisa é aldrabar uma votação onde a vitória é conquistada com escassas dezenas de votos. Trinta e tal mil votos (mais de quatro mil sócios) é demasiado para pensarmos, sequer, que houve marosca. O Sporting não é a Venezuela. O argumento do "barulho" é falacioso, pois quem já teve em reuniões deste género, como plenários ou até reuniões de condomínio, sabe perfeitamente que por detrás de quem faz barulho, há uma imensa maioria silenciosa que prefere manifestar-se pelo voto, pela deliberação. Ontem foi mais um dia assim.
Perante a resposta inequívoca dos sócios, Bruno de Carvalho retirou-se de cena (não por muito tempo). A comissão de gestão encheu-se de moral e tratou logo de ir ao principal: tomar conta da SAD. 

Sousa Cintra: As voltas que a história dá

Sobre a comissão de gestão, mais concretamente sobre a pessoa que escolheram para presidir a SAD do Sporting, confesso que o nome deixou-me com tanto de espanto como de entusiasmo. Acredito que para quem nasceu depois dos anos 90 do século passado, Sousa Cintra não passe de mais uma personagem a cheirar a fritos que agora surge em frente às câmaras. Para quem tem mais de 35 anos e não deixou de tomar Memofante nos últimos dias, Sousa Cintra é o sportinguista que, enquanto presidente do clube, mais se aproximou de Bruno de Carvalho na nossa história recente.
Sousa Cintra chegou a presidente após uma época conturbada por graves problemas financeiros do clube, tinha um discurso muito crítico sobre a arbitragem, instituiu uma política de apoio das modalidades (aqui a situação não era tão grave pois as modalidades não tinham sido extintas), procurou promover jovens jogadores nas suas equipas principais, sempre muito competitivas, entrou em guerra com o benfica, desentendeu-se com vários treinadores e teve a feroz oposição da "elite". Era gozado pelos adeptos rivais devido à sua forma genuína de comunicar. Alguém reconhece aqui um padrão? Quis a história, que como dizia aquele nosso avozinho "dá muitas voltas", que Sousa Cintra, depois de ter sido "convidado" a sair do clube em 1995, agora regressasse pela mão e aprovação (não do apoio, creio) dos mesmos que o convidaram a sair.  
Sousa Cintra foi uma espécie de Bruno de Carvalho num tempo sem redes sociais, TV por cabo ou jornais desportivos diários. Se há alguém naquela comissão em quem confio que defenderá intransigentemente os superiores interesses do Sporting, é Sousa Cintra. É uma ironia do destino, mas lembrando-me da forma como ele foi corrido da presidência, a sua chegada a presidente da SAD (uma criação daqueles que o depuseram) é um daqueles casos onde podemos dizer que, por vezes, a história escreve-se direita por linhas tortas.

Bruno de Carvalho: E agora?

Como não poderia deixar de ser, que melhor reacção do presidente adepto ao resultado da AG do que uma reacção... como adepto? Bruno de Carvalho reagiu como nós reagimos quando empatamos ou perdemos um jogo em cima da hora. Azia, vontade em desligar do futebol, queimar o cachecol e o cartão de sócio, insultar todos à nossa volta. É assim à segunda-feira, mas à terça-feira já andamos a perguntar pelo dia do próximo jogo do Sporting. É assim a vida de adepto e é assim Bruno de Carvalho, o presidente adepto.
O anúncio de que vai a eleições a 08 de Setembro é, para mim, uma excelente notícia. E por vários motivos. Primeiro, obriga a comissão de gestão, cujos membros certamente não quererão proporcionar o regresso de BdC à presidência do clube, a fazer tudo, MAS TUDO MESMO, para que os nosso interesses sejam acerrimamente defendidos. E até dia 08 de Setembro há muita coisa para ser defendida. Desde logo a postura a tomar face às rescisões. Livrem-se de "acordos" com rivais, por exemplo. Segundo, vai obrigar a que a corrente moderada, dita de terceira via, onde pululam antigos apoiantes de BdC que não se revêem no croquetismo, como Daniel Oliveira, José de Pina, Eduardo Barroso, Daniel Sampaio, etc., a avançar com uma candidatura própria e forte. É que ontem já comecei a ouvir aquele discurso tipicamente sportinguense (ou sportinguista de antigamente) a reclamar o aparecimento de uma candidatura (única, claro) "abrangente" e de "consenso", que mais não é do que voltarmos aos tempos dos presidentes cooptados pela elite do costume. 
É preciso que não se enganem pelos resultados de ontem. O que se votou ontem, mais até do que a destituição, foi a marcação de eleições, não do regresso ao "pré-Bruno". Se há coisa que estes últimos cinco anos revelaram, é que os sportinguistas são hoje uma massa associativa muito interventiva, atenta à vida do seu clube, com bastante massa crítica e com grande actividade. Qualquer tentativa de voltar a algo que cheire a "antigamente" merecerá dos sócios uma reacção peremptória. Nem que isso implique a voltar a por Bruno de Carvalho na presidência do clube.

E os próximos dias, como serão?

Por tudo aquilo que disse atrás, creio que poderemos ter algum optimismo nos tempos que se aproximam. Entretanto a bola começará a rolar e salvo alguma mudança brusca de orientações, o nosso plantel que vai iniciar a época será um plantel jovem, com muitos miúdos da casa, certamente ambicioso, que lembra muito aquela época de reset de Leonardo Jardim.
Uma coisa é certa, o Sporting não acabou antes de Bruno de Carvalho e não irá acabar depois dele. 
Viva o Sporting!

segunda-feira, 18 de junho de 2018

Os sócios, a oposição e o "salto para o desconhecido"

Indissociável à decisão de voto contra ou a favor da destituição de Bruno de Carvalho, há outra questão que logo se levanta: caindo o actual CD, quem deverá sucede-lo?
Redundantemente podemos responder que é possível BdC ser destituído e ganhar as eleições seguintes. Creio que tal cenário muito dificilmente se irá pôr, pois não acredito que os sócios que votarem a 23 pela destituição venham depois a votar numa lista encabeçada pelo actual presidente. Pode até fazer sentido em algumas cabeças esse cenário, que seria uma espécie de "cartão amarelo" a Bruno de Carvalho. Mas seria algo estúpido que só iria fazer incorrer o clube numa despesa desnecessária, sem falar no tempo desportivo que se iria perder pelo meio, pelo que acredito que tal coisa só passe pela cabeça de um número ínfimo de sócios. Por outro lado, tenho sérias dúvidas que Bruno de Carvalho consiga concorrer a umas hipotéticas eleições antecipadas. Isto porque me parece claro que o CFeD transitório tem claras indicações para "infernizar" a vida ao actual presidente, para o afastar dos destinos do clube. Bastou ouvir Artur Torres Pereira para se perceber que a comissão de gestão é tudo menos isenta em relação a Bruno de Carvalho, em linha com o que Henrique Monteiro e Rita Garcia Pereira já disseram sobre o nosso actual (e suspenso) presidente.
Assim sendo, creio que para a grande maioria dos sócios que votarão pela destituição de Bruno de Carvalho, tal apenas fará sentido se posteriormente tiverem a oportunidade de escolher um novo presidente por via eleitoral. A grande questão que lhes estará de momento a pesar na cabeça é precisamente essa: a quem irão abrir a porta do clube no próximo dia 23, caso votem pela destituição? Nas AGs de Fevereiro e Março os sócios fizeram um raciocínio semelhante. Apesar de muitos não se reverem no timing ou no teor das alterações estatutárias pedias, acabaram por ceder a uma espécie de chantagem que o presidente fez, quando deparados com o "Bruno ou o caos". Aí as coisas precipitaram-se muito rapidamente e acredito que a oposição não tivesse tido tempo para se organizar. Já nesta crise directiva, se há coisa que a oposição não se poderá queixar é de falta de tempo. Desde 5 de Abril que a "crise" se tem estado a arrastar, apesar da precipitação de há um mês após o ataque a Alcochete.
E a 5 dias da AG decisiva de destituição, que oposição temos nós? Para já, muita parra e pouca uva. Tirando Francisco Varandas, que se assumiu logo com alternativa a Bruno de Carvalho, temos apenas muitas declarações de "notáveis", quase todas de circunstância, expressando vontade em participar numa alternativa a BdC mas sem as liderar. Ou como Rogério Alves, preferem jogar com as palavras e tentam esconder o jogo até - presumo eu - sair a decisão da AG destituitiva. Outros nomes que amiúde surgem também como possíveis candidatos da oposição, como Couceiro ou Benedito, estão neste momento remetidos a um silêncio que não parece indicar que se estejam a posicionar, para já, como possíveis candidatos. 
Se excluirmos Francisco Varandas, cujo anúncio de "disponibilidade" para se assumir como candidato se revelou precipitado e pouco preparado, a verdade é que neste momento apenas temos nuvens no nosso horizonte pós-Bruno de Carvalho. Rogério Alves agrada a alguns sportinguistas, mas parece-me evidente quem é que o apoiará numa putativa candidatura a presidente. E quanto a Couceiro, Benedito, até mesmo Varandas, ou outros que se venham a assumir, é uma incógnita que "Sporting" procurarão defender: se o regresso ao passado pré-Bruno, se a continuação das melhores políticas do actual CD, incluindo a reestruturação da SAD ou algo mais que agora não vislumbro.
Por fim, outro cenário que pode ocorrer dia 23 é o de "logo se vê, desde que se corra com o Bruno". Aqui, a única nuance, é saber se os sócios do Sporting atingiram já o tal estado de saturação com Bruno de Carvalho que, basicamente, se estejam já nas tintas para o que vier depois, desde que seja diferente. Sendo que aqui muito dificilmente terão nas eleições uma hipótese de assistirem a um contraditório entre BdC e a oposição, pois como já o disse, não acredito que permitam que BdC possa concorrer à reeleição. 
Como facilmente se percebe, até dia 23 pode acontecer muita coisa com implicações directas no resultado da AG de destituição. A oposição tem de correr atrás do tempo, mas parece-me que é quem tem mais a ganhar nos próximos dias, se apresentar uma boa alternativa a BdC. Não aparecendo essa tal "alternativa", resta saber até que ponto os sportinguistas estão fartos e dispostos a saltar para o desconhecido pós-Bruno.

terça-feira, 12 de junho de 2018

Punhadela nas costas

Ontem os sportinguistas sofreram uma punhadela nas costas.
Todos nós que defendemos a atitude irrefelectida de Gelson quando por amizade com Rúben Semedo se auto-excluiu do clássico do Dragão. Quem cantava a música dos AC/DC cada vez que Bas Dost marcava um golo. Quem defendia "sir" William cada vez que rabolhos e andrades vinham com a conversa de que "Ah e tal, William a tartaruga" ou "o Danilo é melhor". Quem viu num jovem desconhecido acabado de chegar de Itália talento suficiente para ser nosso titular, enquanto comentadores e jornaleiros desportivos criticavam o valor excessivo pago por um jogador da Sampdória. Juntemos a história de um "frangueiro" sempre acarinhado em Alvalade e de um rapaz que jogava com as nossas cores desde os seus 10 anos. 
Soco no estômago, punhadela nas costas, tiro na cabeça... chamem-lhe de tudo. Certo é que ontem foi mais uma de muitas noites perdidas de sono, tal o sobressalto que o Sporting me prega nestes últimos tempos. Longe vão os tempos em que tal acontecia por um mau resultado, como o empate em Setúbal. Hoje acontece porque já não reconheço o meu clube. Não reconheço quem o dirige e quem o representa no relvado. Não reconheço porque não tiveram à altura da importância das decisões a ser tomadas. E porque cagaram de alto naquela que deveria ser a sua maior prioridade: os sportinguistas.
Romanticamente, apetecia-me mandar tudo para a valente p*ta que os pariu. O presidente, que insiste no seu exercício suicida de autismo e negação da realidade, sem a mínima capacidade de fazer uma simples gestão de danos. A direcção que o acompanha, que permite com o seu silêncio o caos onde o presidente se afunda. Os jogadores, que ainda há semanas diziam "ser Sporting" e davam voltas olímpicas ao estádio, que fogem do barco sem dizer um adeus a quem ontem lhes batia palmas. Mas a realidade não é assim. Há uma dinâmica de compromisso entre adeptos e clube que entretanto se esfumaçou. Há uma equipa que, com mais ou menos rescisões, precisa de alguém minimamente competente que a treine, sabendo que neste momento é mais fácil viver na Terra de Ninguém entre as Coreias do que treinar em Alvalade. E depois há um presidente e uma direcção que desperdiçaram nos últimos dias todo um capital de confiança acumulado desde 2013. Um presidente cuja única forma de "negociar" é pedir o tudo ou nada, nem que tal implique afundar um clube na incerta esperança que o consiga reerguer "à sua imagem". Mesmo o próprio universo de sportinguistas está hoje profundamente dividido e extremado no caminho que temos de percorrer. Leio com espanto e consternação os comentários que muitos publicam, onde se prontificam para seguir com o seu líder em toda a velocidade em direcção à parede. Muitos nem se coíbem de dizer que preferem o Sporting nas distritais a ter de jogar com "mercenários" no seu plantel. Não foi para fugir às distritais, para onde seriamos remetidos em caso de falência da SAD, que em 2013 votámos todos em Bruno de Carvalho?
Se quem ainda está no Sporting tem um mínimo de amor ao clube, por favor façam uma coisa simples como esta: devolvam a palavra aos sócios do Sporting. Sem rodriguinhos, segundas intenções ou outro tipo de subterfúgios sonsos. Deixem-nos a nós, sócios do Sporting, decidir. 
Devolvam o Sporting aos sócios.

sábado, 9 de junho de 2018

Sobre a providência cautelar

Depois de ter lido tanto tweet, post, comentário ou insulto sobre a providência cautelar de ontem, decidi pegar nela e lê-la com os meus próprios olhos. Não sou nenhum especialista em Direito (longe disso) mas sei ler e compreender textos em língua portuguesa. E basta isto para perceber o que o juíz quis dizer no seu despacho.

O que pede a providência cautelar

Ao contrário do muito que li por aí, esta providência cautelar não servia para pedir o reconhecimento de Jaime Marta Soares como (ainda) presidente da MAG ou para decidir se a AG de 23 de Junho deveria ou não realizar-se. O que JMS veio pedir ao tribunal foi só e apenas condições humanas, materiais, financeiras e de segurança para a realização da AG, as quais deveriam ser asseguradas pelo Conselho Directivo do Sporting, que estaria a boicotar a sua realização. 

Sobre a Assembleia Geral de 23 de Junho

Basicamente o Dr. Juíz reconheceu o requerente da providência cautelar, Jaime Marta Soares, bem como o órgão que este preside, como competente para convocar a dita AG, além de reconhecer a sua existência. É certo que não era sobre isto que a providência cautelar iria decidir, mas a premissa para a decisão final está lá. JMS "é" o presidente da MAG, esta MAG "é" competente para convocar a AG e a AG de 23 de Junho "é" legítima para o fim a que se destina.  
Já a decisão da providência cautelar, que, repito, não incidia sobre a legitimidade da MAG e AG convocada mas sim sobre a obrigação do CD facultar os meios necessários à MAG para a sua realização, foi no sentido de indeferir liminarmente o pedido de JMS. Tal foi justificado pelo juíz porque a) esta não é a forma de acautelar que a AG não se transforme num risco para a integridade física dos seus participantes e b) o que pede JMS não é mais do que o cumprimento das formalidades necessárias para a sua integral realização. A primeira justificação é um "lavar de mãos" do tribunal que chuta a questão da segurança da AG para o foro da manutenção da ordem pública. Já a segunda, que para mim é a mais interessante, o tribunal entende que sendo a AG legitima, o CD só tem de proceder como é da sua obrigação. 
Ora, como o requerido (o CD) não foi ouvido nesta decisão, objectivamente o tribunal não sabe, porque também não pode fazer futurologia, qual será a posição do CD na preparação e realização da AG. Quem lê os jornais e vê televisão obviamente que já constatou que o CD não irá dar nenhuma condição à MAG para realizar a AG de 23 de Junho. Mas aqui a Justiça limitou-se a ser "cega", e por muito absurda que possa ter sido a decisão do Juíz, ela foi a mais isenta possível.
Contudo, chamo a atenção de um aspecto importante que ainda não foi lembrado por nenhum sportinguista. O juiz, quando indefere a PC, descrimina ponto a ponto o requerido por JMS. Contudo ele não refere a alínea g) no indeferimento. Nesta alínea g), o requerente pede que o «REQUERIDO seja expressamente advertido de que incorre na pena do crime de desobediência qualificada todo aquele que infrinja a providência cautelar decretada, sem prejuízo das medidas adequadas à sua execução coerciva.». Ao não incluir esta alínea na sua decisão de indeferimento, o Juíz estaria a dar uma indirecta ao Conselho Directivo do Sporting?

O que vai mesmo acontecer a 23 de Junho

Apesar de não estar em causa a legitimidade da AG de 23 de Junho, esta na prática não irá ter meios para se realizar. Não acredito que a posição do CD se altere, pelo que a MAG não terá forma de assegurar coisas básicas como a lista de sócios actualmente com capacidade de voto numa AG. Sem essa "burocracia", a MAG não terá forma de conduzir os trabalhos, pelo que a AG terá de ser cancelada e adiada. 
Aqui, perante a recusa do CD cooperar, e atendendo ao alegado por JMS na alínea g) da providência cautelar, haverá matéria para outras instâncias judiciais actuarem. 
De qualquer forma, a crise directiva do Sporting está para durar. Veremos o que nos trazem os próximos episódios desta telenovela.

quarta-feira, 6 de junho de 2018

Desejos para os próximos dias

Já perdi a conta ao número de vezes que tentei fazer aqui futurologia, usando de raciocínio lógico e daquele velho optimismo que acha que "pior não pode ficar". Já dei por várias vezes o nosso actual presidente como demissionário, a crise como acabada e o clube novamente unido. Mas o Sporting tem essa velha peculariedade, de nos conseguir sempre surpreender mesmo quando achamos que já vimos de tudo no nosso clube.
Não sou jurista, mas apesar de saber ler português não vou arriscar dar aqui a minha opinião sobre o que dizem os estatutos. Basta uma volta pelas redes sociais para descobrirmos como é fácil criarem-se tremendas discussões em torno de questões tão simples como a legitimidade da Comissão Transitória da MAG. E como já estou farto de discussões inúteis que mais não servem do que justificar insultos a quem pensa diferente de nós, além de contribuir para o arrastar o nosso clube pela lama, recuso-me a entrar aqui por esse caminho.
Como em tempos escrevi por aqui, os tempos reclamam por serenidade e observação atenta ao que se vai passando em nosso redor. Por exemplo, fiquei feliz por saber que as autoridades deste país finalmente começaram a pegar nas pontas soltas do título conquistado pelo Estado Lampiânico em 2016. O jogo da Madeira foi vergonhoso, mas não foi o único. Esperem pelo jogo de Belém, por exemplo. Poderá Bruno de Carvalho arriscar-se a ser o presidente do Sporting que ganhou postumamente campeonatos? A ser comprovada a marosca lampiã, creio que será da mais elementar justiça. Mas se há algo neste país onde não podemos meter as mãos pelo fogo, é precisamente pela justiça. O "apito dourado" que o diga.
Voltando novamente ao Sporting, e sendo impossível vaticinar o que se irá passar nos próximos dias, não me resta outra alternativa senão cruzar os dedos e desejar com muita força que a actual crise directiva não faça mais mossa do que aquela que já fez. Por isso, na qualidade de sócio deste clube há mais de 30 anos, peço humildemente:
1) Que a AG de 23 de Junho decorra da forma mais ordeira possível, para que a decisão de destituir ou não o CD seja tomada de forma serena, consciente, democrática e livre de pressões;
2) Que o CD reconheça a legitimidade da AG convocada para dia 23 de junho, bem como o seu (único?) ponto de ordem. E que Bruno de Carvalho não tenha medo de (mais uma vez) se pôr nas mãos dos associados do Sporting Clube de Portugal;
3) Para que não aconteça o mesmo que aconteceu na AG de Março, onde um dos principais argumentos a favor do CD era "ou o Bruno ou a croquetada", que surja uma alternativa coerente, conciliadora, dinâmica e capaz de a) não negar o estado caótico do clube e da SAD em 2013, b) reconhecer o mérito das direcções de Bruno de Carvalho na reconstrução financeira do clube, c) manter intacta a capacidade agregadora dos adeptos em torno do clube, manifestado no aumento recente da média de assistências em Alvalade, bem como do número de sócios, d) seja distante das direcções anteriores a 2013, bem como de outras personalidades que pairava em torno dessas mesmas direcções, e) leve por diante a reestruturação da SAD já alinhavada pelo actual CD, nomeadamente o aumento da participação do clube na SAD;
4) Que os sportinguistas não rotulem todos aqueles que actualmente criticam Bruno de Carvalho com o genérico "croquete" ou "croquetada". Peço desculpa, mas este blogue não é o Camarote Leonino ou o Dia de Clube, como o Daniel Oliveira não é o Pedro Madeira Rodrigues, o Sousa Cintra não é o Soares Franco, o Dias Ferreira não é o João Pedro Rodrigues ou o Eduardo Barroso também não é como o Abrantes Mendes. Uma das razões pela qual ainda não surgiu uma alternativa a Bruno de Carvalho fora da redoma "Ricciardi & Rogério Alves" deve-se precisamente a isso, a meterem no mesmo saco coisas que são muito diferentes;
5) Por fim, um desejo que o dia 23 de Junho não seja o fim mas sim o inicio de uma nova página deste centenário clube, com ou sem Bruno de Carvalho. É que nesse dia faltará pouco mais de um mês para começar a nova época e eu, todos nós, queremos muito que esta decorra da melhor forma possível.

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Capitulação

Estava à espera que as notícias dos últimos dias relacionadas com o benfica desviassem definitivamente o foco mediático do nosso clube para outras paragens. Não que a nossa situação não continuasse a ser desesperante, mas sim porque outros escândalos mais gravosos mereceriam melhores atenções. Mas como tem sido costume, quando pensávamos que íamos assistir de "cadeirinha" a mais um escândalo criminal do nosso rival, eis que nova bomba cai em Alvalade. E que bomba!
O que ainda dava alguma margem de manobra a Bruno de Carvalho para conseguir aguentar o barco até, pelo menos, o inicio da próxima época, era precisamente a expectativa desta ser iniciada com a maior tranquilidade possível (ou melhor dizendo, com a menor intranquilidade possível). Comprava-se quem se tinha de comprar e vendia-se quem se tinha de vender. O treinador, fosse ele quem fosse, deveria começar os primeiros jogos oficiais apenas com quem quisesse verdadeiramente continuar a vestir as nossas cores. E a questão directiva arrumar-se-ia logo que possível. Os tempos previam-se agitados, pelo que era necessário muita calma, serenidade e foco no essencial: os supremos interesses do Sporting Clube de Portugal.
Ora, ao rescindir unilateralmente, Rui Patrício abriu a caixa de Pandora que todos nós temíamos que fosse aberta. Era a impossibilidade de tal ser feito que ainda colava a Bruno de Carvalho alguma réstia de esperança que fosse ele a solução para os nossos problemas. A partir de agora, é impossível prever com exactidão o que acontecerá nos próximos dias. Mais alguém se juntará ao Rui e ao Podence? E serão jogadores nucleares ou marginais? E como ficará o plantel para atacar 2018/19?
Não vou agora tecer considerações sobre a moralidade ou a ética desta tomada de posição de dois jogadores que são "da casa". Não vou igualmente opinar sobre a oportunidade com que estas coisas caiem sobre nós, dando sempre a ideia que é para esconder coisas piores noutras casas. Não o vou fazer porque estou farto, farto, fartinho, de crises, de comunicados, de birras, de meninos mimados, de dirigentes desportivos autistas... farto de não ser respeitado enquanto sócio e adepto do Sporting. Só queria fechar os olhos e esquecer os últimos dias e acordar no dia seguinte, pensando que tudo não passou de um pesadelo. Enquanto carpia todas estas mágoas, escutava a sessão de esclarecimento que o nosso presidente dava hoje em Santa Maria da Feira. E ouvi algo que me chamou a atenção. 
Durante a dita sessão, quando comentava o fracasso da venda de Rui Patrício, Bruno de Carvalho disse algo como isto, que seria fácil resolver tudo com os jogadores, bastando ceder ao poder dos empresários e enveredar pelo caminho das luvas e comissões. Só que esse caminho não o iria trilhar por uma questão de princípio e de amor ao clube.
O que é trágico em tudo isto que tem afectado o nosso clube, é que já não se trata de uma questão de quem é o bom ou o mau da fita, quem tem ou não tem razão e de que lado está ou não a moral. Neste momento o nosso clube está a ser completamente engolido por uma enxurrada de acontecimentos que vão desde uma invasão a um treino, um clube com órgãos demissionários em auto-gestão, a rescisão unilateral do capitão de equipa, os movimentos de bastidores de investidores-chave da SAD, da contra-informação lampiânica, bem como da incapacidade de Bruno de Carvalho lidar fria e adequadamente com tudo isto. E é preciso que deixemos de negar o óbvio, que não conseguimos estancar a enxurrada. Bruno de Carvalho já não o consegue. Estamos fartos e cansados. E por muita razão que tenhamos, não vejo outra alternativa senão capitular diante a crua realidade dos factos.
Por muita razão e moral que assistia à França, ela não deixou de capitular diante a invasão nazi de 1941. Por muito certos que estivéssemos em 1807, não tivemos outro remédio senão capitularmos diante as tropas invasoras de Napoleão. Por muitos bons motivos que nos poderiam assistir, em 1581 não pudemos evitar que Filipe II de Espanha tomasse a coroa portuguesa. Estes e outros exemplos da nossa História ensinam-nos os vencedores não são os que tem mais razão, mas sim os que tem mais força. E neste momento, por muita razão que Bruno de Carvalho possa arrogar de ter, já não tem força para alterar o rumo dos acontecimentos. Sobra-lhe (sobra-nos) uma capitulação honrosa.
Sinto muito se estas minhas palavras soam a fraqueza ou até traição. Não são mais do que palavras de um sportinguista cansado. E farto.