segunda-feira, 18 de junho de 2018

Os sócios, a oposição e o "salto para o desconhecido"

Indissociável à decisão de voto contra ou a favor da destituição de Bruno de Carvalho, há outra questão que logo se levanta: caindo o actual CD, quem deverá sucede-lo?
Redundantemente podemos responder que é possível BdC ser destituído e ganhar as eleições seguintes. Creio que tal cenário muito dificilmente se irá pôr, pois não acredito que os sócios que votarem a 23 pela destituição venham depois a votar numa lista encabeçada pelo actual presidente. Pode até fazer sentido em algumas cabeças esse cenário, que seria uma espécie de "cartão amarelo" a Bruno de Carvalho. Mas seria algo estúpido que só iria fazer incorrer o clube numa despesa desnecessária, sem falar no tempo desportivo que se iria perder pelo meio, pelo que acredito que tal coisa só passe pela cabeça de um número ínfimo de sócios. Por outro lado, tenho sérias dúvidas que Bruno de Carvalho consiga concorrer a umas hipotéticas eleições antecipadas. Isto porque me parece claro que o CFeD transitório tem claras indicações para "infernizar" a vida ao actual presidente, para o afastar dos destinos do clube. Bastou ouvir Artur Torres Pereira para se perceber que a comissão de gestão é tudo menos isenta em relação a Bruno de Carvalho, em linha com o que Henrique Monteiro e Rita Garcia Pereira já disseram sobre o nosso actual (e suspenso) presidente.
Assim sendo, creio que para a grande maioria dos sócios que votarão pela destituição de Bruno de Carvalho, tal apenas fará sentido se posteriormente tiverem a oportunidade de escolher um novo presidente por via eleitoral. A grande questão que lhes estará de momento a pesar na cabeça é precisamente essa: a quem irão abrir a porta do clube no próximo dia 23, caso votem pela destituição? Nas AGs de Fevereiro e Março os sócios fizeram um raciocínio semelhante. Apesar de muitos não se reverem no timing ou no teor das alterações estatutárias pedias, acabaram por ceder a uma espécie de chantagem que o presidente fez, quando deparados com o "Bruno ou o caos". Aí as coisas precipitaram-se muito rapidamente e acredito que a oposição não tivesse tido tempo para se organizar. Já nesta crise directiva, se há coisa que a oposição não se poderá queixar é de falta de tempo. Desde 5 de Abril que a "crise" se tem estado a arrastar, apesar da precipitação de há um mês após o ataque a Alcochete.
E a 5 dias da AG decisiva de destituição, que oposição temos nós? Para já, muita parra e pouca uva. Tirando Francisco Varandas, que se assumiu logo com alternativa a Bruno de Carvalho, temos apenas muitas declarações de "notáveis", quase todas de circunstância, expressando vontade em participar numa alternativa a BdC mas sem as liderar. Ou como Rogério Alves, preferem jogar com as palavras e tentam esconder o jogo até - presumo eu - sair a decisão da AG destituitiva. Outros nomes que amiúde surgem também como possíveis candidatos da oposição, como Couceiro ou Benedito, estão neste momento remetidos a um silêncio que não parece indicar que se estejam a posicionar, para já, como possíveis candidatos. 
Se excluirmos Francisco Varandas, cujo anúncio de "disponibilidade" para se assumir como candidato se revelou precipitado e pouco preparado, a verdade é que neste momento apenas temos nuvens no nosso horizonte pós-Bruno de Carvalho. Rogério Alves agrada a alguns sportinguistas, mas parece-me evidente quem é que o apoiará numa putativa candidatura a presidente. E quanto a Couceiro, Benedito, até mesmo Varandas, ou outros que se venham a assumir, é uma incógnita que "Sporting" procurarão defender: se o regresso ao passado pré-Bruno, se a continuação das melhores políticas do actual CD, incluindo a reestruturação da SAD ou algo mais que agora não vislumbro.
Por fim, outro cenário que pode ocorrer dia 23 é o de "logo se vê, desde que se corra com o Bruno". Aqui, a única nuance, é saber se os sócios do Sporting atingiram já o tal estado de saturação com Bruno de Carvalho que, basicamente, se estejam já nas tintas para o que vier depois, desde que seja diferente. Sendo que aqui muito dificilmente terão nas eleições uma hipótese de assistirem a um contraditório entre BdC e a oposição, pois como já o disse, não acredito que permitam que BdC possa concorrer à reeleição. 
Como facilmente se percebe, até dia 23 pode acontecer muita coisa com implicações directas no resultado da AG de destituição. A oposição tem de correr atrás do tempo, mas parece-me que é quem tem mais a ganhar nos próximos dias, se apresentar uma boa alternativa a BdC. Não aparecendo essa tal "alternativa", resta saber até que ponto os sportinguistas estão fartos e dispostos a saltar para o desconhecido pós-Bruno.

3 comentários:

  1. O primeiro passo a dar é a destituição deste conselho directivo, segundo marcar eleições e aí irão aparecer candidatos, nessa altura cada qual faz a escolha que melhor entender.

    Neste momento o clube está insuportável, está loucura tem que acabar.

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  2. Sugestão de leitura obrigatória: https://pbs.twimg.com/media/Df-NBdTWAAEwAeq.jpg

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