quarta-feira, 27 de junho de 2018

Frederico Varandas

Ontem, no Twitter, tive a oportunidade de trocar algumas ideias com outros sportinguistas sobre a candidatura de Francisco Varandas, a primeira e até agora única candidatura para as eleições presidenciais de 08SET. Este meu post é apenas um resumo daquilo que hoje penso sobre a candidatura, ao mesmo tempo que tento desmistificar algumas coisas que foram sendo ditas sobre o antigo médico do Sporting.
Em primeiro lugar, devo dizer que o candidato em si não me entusiasma particularmente. Não possuiu a capacidade oratória do nosso antigo presidente, que era capaz de discursar ao longo de duas horas e deixar a audiência em êxtase. Sendo a presidência de um clube um cargo onde o carisma é uma das principais armas para mobilizar sócios e adeptos, creio que Varandas fica longe desse desígnio. Não deixa de ser curioso que uma das críticas mais recorrentes a Bruno de Carvalho era precisamente a "forma" da sua comunicação. O discurso carismático era frequentemente entendido como demagógico, além da recorrente acusação de que fomentava o "ódio" contra os rivais. Eu aqui acrescentaria que o que verdadeiramente incomodava era o facto desse tal discurso carismático vir do presidente de um clube cuja história recente desconhecia esse tipo de atributos. Se há aspecto que os presidentes do "roquetismo" tem em comum é que o seu carisma era o mesmo de uma couve. E se o Sporting hoje conseguiu recuperar muito do seu estatuto (financeiro, nas modalidades, até mesmo no futebol profissional onde se fez muito melhor do que nos anos anteriores), tal deveu-se ao carisma de Bruno de Carvalho, que conseguiu mobilizar os sportinguistas para as grandes realizações do seu mandato. Poderá o Sporting, num momento onde se instalou uma crise, conseguir recuperar o seu estatuto sem um presidente carismático?
Em segundo lugar, não posso deixar de demonstrar bastante tristeza com a forma como esta candidatura foi imediatamente lançada para a fogueira. Enquanto chefe do departamento médico do futebol profissional do Sporting, Frederico Varandas sempre se pautou por uma postura de grande profissionalismo e jamais permitiu que outros interesses se superiorizassem ao interesse do Sporting. Deixámos de contratar jogadores em estado físico duvidoso, como Jeffrén. Pelo contrário, houve coragem para reprovar nos exames médicos Boateng ou Sandro, por exemplo. E mesmo aqueles que mais reservas apresentavam no plano físico, como Fábio Coentrão, viram a sua carreira regenerada no Sporting, graças ao seu departamento médico. Resumir a sua passagem pelo departamento médico do Sporting a uma cunha metida pelo irmão, parece-me redutor e pernicioso. Dizer que Varandas é uma cópia de Pedro Madeira Rodrigues... é intelectualmente desonesto.
Em terceiro lugar, os seus apoiantes. E foi aqui, confesso, que fiquei mais surpreendido. Não esperava ver uma quantidade tão grande de antigos apoiantes de Bruno de Carvalho em torno desta candidatura, pelo menos enquanto não surgissem outras. Figuras como Daniel Oliveira, Pedro Boucherie Mendes, Manuel Moura dos Santos, Daniel Sampaio ou Eduardo Barroso. Por outro lado, não vi ali nenhum nome conotado com o croquetismo (está lá o Luís Paixão Martins, mas já vamos). Acho sintomático que alguns dos mais mediáticos apoiantes de BdC tenham aderido ao Varandas. 
Dos apoiantes de Varandas passo para o seu próprio discurso de apresentação, que considerei positivo. Pese embora as questões da "forma" que já abordei anteriormente, creio que o conteúdo merece a nossa atenção. Valorizou o legado de Bruno de Carvalho, do pavilhão, das modalidades e suas conquistas, da importância do clube manter a maioria na SAD, deixou uma mensagem de união aos adeptos. Sobre as rescisões preferiu ser comedido, o que foi logo entendido como uma predisposição para ceder aos jogadores. Veremos como as suas ideias evoluem ao longo da campanha eleitoral.
Por fim, a sua equipa propriamente dita. Do homem da parte financeira, Salgado Zenha, apenas reconheço a familiaridade com o falecido político. Não faço a mínima ideia se é competente, para que banco trabalha, qual a sua opinião sobre a reestruturação da SAD. Sobre o seu gabinete de marketing e comunicação, tenho algumas reservas. Não gostei da forma intelectualmente desonesta com que Luís Paixão Martins abordou os últimos dias da crise no Sporting. A preferência clubística de alguns membros da sua equipa não é problemática, na estrita medida de que tal não interfira no seu profissionalismo. É o mesmo que dizermos que alguém não serve para treinador do Sporting se tiver outra preferência clubística.
No que toca às eleições de 08 de Setembro, aguardo com expectativa o aparecimento de mais candidaturas, além das intervenções públicas que os candidatos levarão a cabo nos próximos meses. Varandas por enquanto não me entusiasma, mas acredito que possa evoluir nos próximos tempos.

5 comentários:

  1. Correcção, existe pelo menos um nome ligado ao passado dos viscondes na comissão de honra. Paulo Abreu.

    ResponderEliminar
  2. Podem juntar o próprio Varandas, o irmão dele é sócio do Rogério Alves que por sua vez está aliado ao Riccardi e ao Sobrinho. Para mim, será apenas um "presidente" fantoche. Prefiro votar Nulo em vez nele. Mas é a minha visão. SL

    ResponderEliminar
  3. Aquilo que o amigo chama de discurso a deixar a audiencia em extase a mim a pura da charlatanice, a`igreja do reino de Deus. Concordo consigo o dr Varandas não é traulitreiro mas também nunca fui à bola pela traulitada. O Sporting deve respeitar para ser respeitado, deve deixar as picardias para os comentadores e deixar de ser biombo para as novidades das marias papoilas

    ResponderEliminar
  4. Paulo abreu, que foi vice presidente, que nunca mais me esqueço, que a primeira coisa que fez, quando tomou posse, foi tirar a sala de convivio dos sócios, que era bem bonita, no antigo estádio de alvalade, oara aí fazef o seu escritório, relegando os sócios, lara um cubiculo debaixo da bancada do topo sul. Grande consideração que este senhor tinha pelos associados do clube.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Lembro-me bem dessa sala, pois o meu pai levou-me lá muitas vezes. Desconhecia o seu epílogo infeliz.
      Acho que era um espaço que deveria ser recriado no novo estádio, mas o que temos de mais parecido com isso são as salas de refeição do Alvaláxia.

      Eliminar