quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Balada de uma noite mal perdida

Ontem quando saí de casa para me deslocar a Alvalade, se me dissessem que uma equipa portuguesa perderia por cinco golos sem resposta, ficaria lívido de pânico. Mas não, ontem era impossível perdermos por números tão expressivos. Sem deslumbrar, como chegámos a fazer há um ano em Madrid, fizémos uma partida muito competente e concentrada. E se defensivamente estivémos quase soberbos (maldito auto-golo), no ataque faltou-nos algum génio, audácia ou até mesmo sorte.
Quando o árbitro apitou o final da partida de ontem, nenhum sportinguista no estádio se poderia dar como envergonhado com a exibição da equipa. Entrámos em campo com ganas de disputar o jogo, iamos anulando as jogadas ofensivas do Barcelona, sem descurar algumas aproximações perigosas à baliza adversária. Pelo meio, como de costume nestas andanças, fomos brindados com (mais uma) arbitragem parcial contra nós. Sim, porque nisto da Europa de clubes estamos ao nível do Tondela ou do Portimonense no que toca a importância para a UEFA. Junte-se a isso um golo de bola parada após uma infelicidade de Coates e voilá, estávamos em desvantagem. A equipa reagiu bem e quando alguns temiam que a nossa procura do empate implicaria por-nos a jeito para abrir espaços atrás e sofrermos golos, eis que demonstramos segurança e equilibrio defensivo, ao mesmo tempo que procurámos chegar perto da baliza adversária. E tivémos uma opotunidade flagrante para empatar, fora o penalti que ficou por assinalar e daria, pelo menos, mais outra oportunidade.
Muito se falou do mau banco que JJ fez para este jogo. Em parte essa crítica deve-se à ausência de avançados para atacar o empate na segunda parte. Considero essa uma falsa questão, pois acho improvável que JJ viesse, por exemplo, a apostar em Dost e Doumbia juntos no ataque. Simplesmente porque essa alteração implicaria quebrar o equilíbrio da equipa no meio-campo, um risco que duvido que JJ estivesse disposto a correr num jogo desta envergadura. Bruno César é um jogador fetiche de JJ porque consegue dar esse equilíbrio à equipa, mas em prejuízo do arrojo ofensivo. Talvez Iuri, mais que Podence, pudesse também emprestar esse equilíbrio. Mas os últimos jogos pouco conseguidos de Iuri provavelmente pesaram no seu afastamento do banco.
Sobre Doumbia, reside aqui a grande baixa para o embate de domingo. Doumbia podia perfeitamente ser outra vez lançado de inicio da partida ou entrar como arma secreta num fase de jogo onde, por exemplo, estivéssemos a ganhar, para explorar os espaços nas costas da defesa portista. O seu previsivel afastamento do jogo poderá abrir portas a Gelson Dala, pelo menos as do banco de suplentes. Estará JJ disposto à audácia de lançar a pérola angolana no clássico?
Por fim a questão da fadiga. Muito se tem dito sobre o impacto no clássico da nossa grande prestação de ontem. Ora, até lá temos 4 dias de preparação, sem deslocações pelo meio. O porto tem mais um dia, mas pelo meio teve viagens de avião e de autocarro. A questão de domingo não será tanto de fadiga mas mais de foco e concentração. Foi por isso que perdemos em Vila do Conde após a soberba exibição de Madrid. JJ não costuma facilitar na preparação dos jogos grandes, como facilita por vezes contra os Moreirenses da nossa liga. Por isso acredito que no domingo teremos novamente em campo 11 jogadores dispostos a fazer tudo para vencer uma partida importantíssima, frente a um adversário que tem estado bem esta época. 

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Deixem-me sonhar!

Hoje é daqueles dias para desfrutar do melhor futebol europeu.
Antes da grande seca de participações na Liga dos Campeões, o último grande jogo que vi em Alvalade havia sido uma eliminatória para os oitavos de final da prova, quando recebemos o Bayern de Munique. Ainda jogavam Polga, Derlei ou Liedson. O Rui Patrício já era o nosso guarda-redes titular. Yannick Djaló era a nossa arma secreta e ainda jogou na segunda parte. Apesar do bom inicio de jogo, assim que sofremos o primeiro golo acabámos por desmotivar e perdemos por 0-4. Depois disso tivémos de esperar uns bons 6 anos para voltar a ver um colosso europeu em Alvalade, para a LC (o Manchester City e o Atlético de Madrid passaram por cá, mas para a Liga Europa). Em 2014 veio o Chelsea de José Mourinho. Perdemos por 1-0, Rui Patrício fez uma exibição fenomenal, e a equipa não nos envergonhou. Dois anos depois, outro colosso. O Real Madrid do nosso Ronaldo. Outra derrota, mas novamente com uma exibição satisfatória da nossa parte.
Quando em 2013 acabámos em sétimo lugar, arredado das competições europeias, muitos talvez duvidassem que voltássemos a ver equipas campeãs europeias em Alvalade. Esta é a terceira vez em quatro épocas em que conseguimos estar perto dos grandes. E se ainda tardam os bons resultados no nosso estádio frente aos colossos, as exibições que temos vindo a fazer contra esses clubes dão-nos a esperança de que um resultado positivo poderá estar para breve. Será hoje?
Hoje espero do meu Sporting a mesma atitude que teve contra o Chelsea há três anos ou contra o Real Madrid no ano passado: entrar em campo sem medo do adversário, com vontade em vencer o jogo, sem olhar à sonância dos onze nomes que estão do outro lado. Voltarmos a ver noites europeias como aquela nos anos 80 onde ganhámos 2-1 a este mesmo Barcelona, a meia-final da UEFA em que pouco faltou para derrotarmos o Inter ou aquela eliminatória em Alvalade onde estivémos a centímetros de eliminar o Real Madrid (ainda hoje não consigo esquecer o olhar do Cadete a ver a bola a passar-lhe à frente, em cima da linha de golo). 
Sei que a derrota é quase certa, mas também sei que deste lado há uma equipa com muita vontade de triunfar, uma massa adepta desejosa em ver um grande jogo com os melhores da Europa, empolgada para puxar pelo seu clube naquele que é o palco de todos os nossos sonhos.
Hoje é o dia de parafrasearmos aquela célebre frase de José Torres, antes do nosso apuramento para o mundial de 1986 no México: "Deixem-nos sonhar!". A realidade, essa, pode esperar até ao jogo contra o porto.

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

O costume

É fatal como o destino. Algures na época, acabamos sempre por perder pontos inesperados diante um adversário considerado fraco. Tem sido assim desde que me lembro de ver o Sporting jogar à bola. Quando fomos campeões em 2000, quando já liderávamos o campeonato isolados, fomos a Leiria empatar 1-1 com o União, que lutava então para não descer. Em 2002 também perdemos em casa com o Alverca, que acabaria o campeonato em último lugar. No tempo de Peseiro perdemos um campeonato graças à quantidade estupidamente elevada de pontos perdidos contra adversários mais fracos. Em 2007, Paulo Bento queixou-se e com razão da célebre "mão de Ronny", num jogo que perdemos em casa contra o Paços de Ferreira. Jorge Jesus coleccionou (demasiados) desaires semelhantes quando empatou em casa com o Tondela, nas duas últimas épocas. A única diferença, é que em 2000 e 2002 conseguimos perder pontos "apenas" nesses jogos, enquanto que nas eras Peseiro, Paulo Bento, Jardim, Marco Silva e JJ infelizmente os momentos "Moreirense" repetiram-se demasiadas vezes.
Era previsivel que o jogo de sábado passado tivesse alguma dificuldade acrescida, face aos dois enormes desafios que se iriam seguir. No entanto, sendo o nosso adversário o 16.º classificado, com apenas 5 pontos conquistados em 18 possíveis, 3 golos marcados contra 10 sofridos, a tarefa não se antevia tão complicada como se revelou. Esta época o Sporting tem-nos acostumado com entradas fortes em jogo, geralmente traduzidas em muitos golos, contrastando com finais de jogos algo sofriveis. Esperava algo semelhante neste jogo, apesar da equipa inicial não me ter inspirado grande entusiasmo. 
A partida em si foi muito má. Na primeira parte não estivemos em jogo e na segunda, salvo o periodo inicial quando empatámos e Gelson acertou na barra, praticamente não conseguimos mostrar mais futebol. Empatamos bem e se o adversário tivesse outro tipo de argumentos, se calhar nem um pontinho trazíamos. Apesar das boas indicações neste inicio de época, com a equipa a conseguir "mudar de chip" antes e depois dos jogos europeus, voltámos outra vez ao que estamos acostumados, em particular com este treinador: a incapacidade de nos concentrarmos no jogo, independentemente da sua dificuldade, quando outros desafios mais importantes estão à porta. Resta-nos esperar que este seja um momento sem repetição esta época, à semelhança do que se passou em 2000 e 2002.
E o que correu mal desta vez? Em primeiro lugar a equipa inicial, onde faltaram elementos de ruptura e irreverência. Bruno César é um jogador "certinho" e não de rasgos. Alan Ruiz continua a ser um elemento não decisivo da equipa. As ausências de Acuña e Podence, quando foram chamados algo intempestivamente na quarta-feira (especialmente Acuña). A ausência de Battaglia do onze inicial. A falta de inspiração dos nossos melhores jogadores, como Bruno Fernandes ou Gelson. 
E porque razão ficaram de repente os sportinguistas tão pessimistas em relação à presente época, quando ainda temos tudo para ser campeões? Basicamente porque a maior parte de nós está a reconhecer um filme que viu demasiadas vezes nos últimos anos. A adopção do VAR, apesar de ter reduzido o impacto dos erros de arbitragem nos nossos jogos, não os eliminou, como se viu no penalti sobre Doumbia que ficou por marcar. Os critérios disciplinares dos árbitros tem sido ridiculamente parciais, como de resto o Artista do Dia resumiu muito bem. Por fim, a "motivação" dos nossos adversários face ao que se vê contra os nossos rivais. A forma como o Moreirense "comeu a relva" em campo, em linha com a entrega de Feirense, Tondela ou Estoril nos jogos contra nós, face aos "passeios" que os nossos rivais dão. Ou as enérgicas críticas à arbitragem de Manuel Machado, em contraste com outros jogos onde foi ainda mais prejudicado.
É por isso que estes momentos "Moreirense" nos deixam de pé atrás. Porque sabemos que o campeonato, para o Sporting, não é um passeio. E que a forma mais rápida de perdermos esta competição é precisamente pensarmos isso, que teremos jogos que serão passeios. 

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

A equipa de ontem e o padre Manuel Mota.

Se há competição que os sportinguistas mais se estarão "nas tintas" para a ganhar, ela é a Taça da Liga. Desde o famoso penalti do Pedro Silva, até ao "dolo sem intenção", esta competição é apenas a prova da forma como o nosso clube tem sido tratado pelas altas instãncias do futebol nacional: mal e porcamente.
Já era expectável que entre dois jogos para o campeonato no espaço de oito dias, e uma semana antes de recebermos o Barcelona e depois o porto, este jogo fosse encarado mais como um treino, tipo aqueles torneios de inicio de época, onde mais do que a vitória em si, interessa é dar ritmo ao jogadores e criar alternativas de jogo.
Apesar do empate sem golos, gostei de um modo geral da prestação dos jogadores. Não da "equipa" em si, pois juntar onze jogadores sem rotinas entre eles não é suficiente para criar uma "equipa de futebol". Mas houve sem dúvida oportunidades que foram aproveitadas. Outras nem tanto.
Começamos pela defesa. Num jogo contra outra equipa que também se apresentou com segundas linhas, mais interessada em defender o empate do que procurar a vitória, já se esperava que não tivéssemos muito trabalho defensivo. Mas do pouco que houve, os nossos defesas estiveram bem. Salin, excepção feita a uma deficiente reposição de bola com os pés na primeira parte, esteve seguro. Tobias e André Pinto também demonstraram consistência a defender, pecando apenas na fase de construção de jogo, onde ainda não estão ao nível da dupla titular. Os laterais também estiveram bem a defender. Destaque para Ristovski, que esteve muito bem na estreia e foi mesmo o jogador que ontem mais deu nas vistas. Raramente perdeu bolas para o rápido Piqueti e quando teve de atacar fê-lo bem. Jonathan esteve ao nível que nos habituou, muito combativo e voluntarioso, por vezes revelando alguma falta de serenidade.
No meio campo foi Petrovic quem esteve em destaque. Ganhou muitas bolas e na primeira parte foi o principal construtor de jogo da equipa. Enquanto teve pulmão foi um elemento preponderante, decaindo na segunda parte por clara falta de frescura física. Matheus Oliveira teve alguns pormenores interessantes mas ficou um pouco àquem do esperado. Precisa nitidamente de mais minutos de jogo para ganhar ritmo e rotinas. Já Alan Ruiz, por mais minutos que tenha, não consegue passar daquele "rame-rame" do costume. Posiciona-se bem, consegue ganhar espaços, mas quando recebe a bola demora uma eternidade para saber o que fazer com ela. Ontem teve (mais uma) oportunidade falhada para mostrar ser uma opção válida para titular da equipa. Bruno César foi o bombeiro do costume, correndo, posicionando-se, marcando as bolas paradas. De tanto para fazer, pouco acabou por fazer. Mas Bruno César é isso mesmo, um pau para toda a obra, o "habilidoso" da equipa que serve para tudo um pouco, sem ser especialista em coisa alguma.
Na frente, Doumbia não esteve nem bem nem mal. Ganhou espaços e bolas para golo, mas pecou na finalização. Por fim Iuri Medeiros, de quem se esperava muito mais do que apresentou ontem. Iuri mostrou bons pormenores no sábado passado e na retina de todos está o bom final de jogo que fez em Guimarães. Contudo, sente ainda dificuldades em assumir o jogo atacante, demonstrando alguma incapacidade para se libertar do peso da camisola. Face à habitual fadiga que Acuña acusa nos finais dos jogos, continuo a achar que Iuri é a melhor alternativa ao argentino. Mas com o regresso de Podence, e com Bruno César sempre à espreita, é tempo de Iuri arrepiar caminho, para demonstrar que tem lugar no nosso onze.
Por fim os suplentes. Battaglia e Acuña não trouxeram muito mais ao jogo. Acuña tentou dinamizar o flanco esquerdo e a sua entrada coincidiu com uma maior acutilância atacante de Jonathan, lembrando por vezes alguns dos melhores pormenores de Coentrão na ala. Podence entrou melhor, dando velocidade ao ataque. Contudo decaiu ao longo do jogo, deixando-se enrolar por alguma ansiedade. Precisa também de jogar mais vezes para recuperar a forma física e mental.
Uma nota também para o árbitro Manuel Mota, um dos padres do Estado Lampiânico. Num jogo sem grande interesse, o homem do talho revelou ontem que bem merece a estima que lhe depositam as altas instâncias do EL. Impressionante a forma passiva como ao longo do jogo actuou disciplinarmente sobre a equipa insular. Rídicula a forma como condicionou o jogo nos últimos 10/15 minutos, apitando toda e qualquer queda dos jogadores maritimístas, permitindo-lhes queimar tempo e quebrar o ritmo do jogo. O que aqui me assustou não foi tanto a arbitragem em si, mas sim aquela sensação de que se o padre faz uma missa destas numa prova menor, nem imagino o que poderá fazer em jogos para o campeonato. E é bom que toda a equipa perceba isto: temos de entrar em todos os jogos com a máxima atitude para ganhar, pois se caímos no erro de ter de depender dos padrecos, eles bem que nos fazem a extrema-unção.

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

André Geraldes, és tu?

Assim de repente, tenho de puxar pelas minhas memórias de adolescência, para me lembrar de um arranque de época tão positivo como este. Fosse o Sporting de Robson de 1993/94 ou o de Marinho Peres de 1990/91, são mais de duas décadas que temos de recuar para assistir a um começo tão promissor. E se em 1993/94 ainda lutámos quase até ao fim pela vitória no campeonato (malditos 3-6...), em 1990/91 perdemos o fulgor a meio e acabamos a 13 pontos do campeão benfica (a vitória só valia 2 pontos). Ou seja, como diz o nosso treinador e bem, isto não é como começa, é como acaba. Por isso não vale a pena entrar em euforias.
Mas, euforias à parte, nada nos impede - antes pelo contrário! - de aplaudir o que de bom o nosso clube tem feito, até porque algumas coisas representam um corte radical com o nosso passado mais recente. Destaco sobretudo dois aspectos: a política de aquisições e a estratégia de comunicação. Falemos hoje do primeiro.
Desde que Bruno de Carvalho chegou ao Sporting, que a nossa política de contratações tem falhado sobretudo em adquirir alternativas fiáveis aos nossos melhores titulares. O nosso onze base de 2013/2014 até 2016/2017 era praticamente o mesmo: Rui Patrício manteve-se e quem o substituia nem sempre o fez da melhor forma. Cedric saiu e Schelotto ou João Pereira não estiveram à sua altura. Jefferson esteve na esquerda, substituído por Marvin na última época. Nos centrais, passámos de Rojo/Maurício para Maurício/Sarr ou Tobias, e depois para Coates/Semedo. No meio-campo William e Adrien mantiveram-se, enquanto João Mário tirou o lugar a André Martins e Gelson a Carrillo. Na frente, Slimani e Fredy Montero mantiveram-se, com Teo pelo meio a espreitar. Ano passado Bas Dost rendeu Sli na frente. Em traços gerais foi essa a evolução do plantel em quatro épocas. Tirando a entrada de Coates ou Bas Dost, creio que não tivémos mais nenhum upgrade de qualidade dos jogadores. Gelson Martins e João Mário vieram na formação, pelo que nestes casos não podemos falar de "aquisições". E mesmo Bas Dost não é propriamente um "upgrade", mas sim uma manutenção de qualidade face a quem substituiu.
Esta época tem sido muito diferente. Nas laterais podemos por em questão a disponibilidade física de Coentrão ou a qualidade de Piscinni (que até tem subido de rendimento), mas defensivamente estamos melhor que nos últimos anos. No meio-campo contratámos dois verdadeiros reforços - Battaglia e Bruno Fernandes. Para as alas adquirimos Acuña e mandámos regressar Iuri. Na frente, Doumbia tem-se revelado uma boa alternativa a Bas Dost. Falta ainda André Pinto, que verá a sua hora chegar assim que começarem os castigos aos nossos centrais, e o Bebeto Júnior, que espero ver já na Taça CTT "reclamar" por uma oportunidade no onze para o campeonato. Ristovski idem.
Escrevi algures entre as eleições de Março último e o final da época passada, que precisávamos de um director desportivo a sério. Octávio Machado chegou com um objectivo que praticamente se esfumou na primeira época que aqui esteve. Tínhamos de ter algo completamente diferente. Não mais um papagaio para mandar larachas para a imprensa ou fazer cara feia no banco de suplentes. Mas, entre outras coisas, ajudar à definição de uma política de contratações incisiva, com igual competência para efectivar contratações "complicadas". 
Se há palavra que ajuda a definir a política de contratações do Sporting desta época, é COMPETÊNCIA.  E não estou a falar apenas da qualidade dos jogadores. Refiro-me também ao timing (quase todos antes ou logo no inicio da preparação), bem como do esforço negocial nos casos onde aparentemente houve mais dificuldades, como com Doumbia. 
Confesso que não conheço bem a estrutura directiva do nosso clube. Sei que Carlos Vieira faz parte da área financeira, Vicente Moura era das modalidades até sair e que André Geraldes assumiu a parte da direcção desportiva do nosso futebol profissional. Ou, como agora se chama, o seu team manager. Desconheço qual a essência desta nova nomenclatura, mas acredito que seja basicamente a mesma do clássico "Director desportivo". 
A mudança de paradigma da nossa política de contratações coincidiu com a chegada de André Geraldes a team manager do nosso futebol profissional. No passado, prespectivando-se que seria ele a ocupar o cargo de Octávio, tive dúvidas de que a sua escolha fosse a mais acertada. Não sei bem se realmente a construção do plantel actual foi obra sua, mas sendo - como parece que é - apenas me resta engolir as minhas anteriores dúvidas e saudar o nosso presidente pela humildade em delegar essas competências no seu director, bem como a clareza de escolher essa pessoa para o cargo. E que no final da época possa alegremente dizer que André Geraldes "Foi a pessoa certa para o lugar certo!". 

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Descer do Olimpo e aterrar em Alvalade, focadíssimos em vencer!

Depois da grande exibição e vitória alcançada na Grécia, é tempo dos nossos jogadores descerem do Olimpo onde estiveram estes dias e colocar os pés bem assentes na terra. Vem aí uma das nossas bestas negras, especialmente quando jogamos no nosso estádio: o Tondela.
Estamos a fazer um excelente campeonato e a nossa entrada na Liga dos Campeões não podia ter corrido melhor. E face às paupérrimas prestações de benfica e porto na LC, ainda mais os focos estão virados para nós. Neste momento somos a equipa portuguesa que melhor futebol joga, que tem o plantel mais completo e o treinador mais competente. E isto significa, também, que somos os alvo a abater no momento.
Na Liga dos Campeões, infelizmente é uma questão de mais jogo, menos jogo, sairmos pela primeira vez derrotados. Os nossos rivais estão desejosos que a nossa equipa escorregue, para assim aliviarem a pressão mediática que se lançou sobre eles. Enquanto o nosso jogo com o Barcelona não chega, temos dois confrontos importantíssimos para o campeonato. E como alguém do futebol disse, o próximo jogo é sempre o mais difícil.
Há duas épocas atrás, o Tondela ajudou a enterrar uma época que tinha tudo para ser de sonho. Estavamos a jogar um bom futebol, éramos a melhor equipa do campeonato e tínhamos vantagens pontuais confortáveis sobre os nossos rivais. Facilitámos na abordagem a esse jogo, a arbitragem fez o seu trabalho de manipulação e os dois pontos perdidos teriam sido suficientes para termos sido campeões nacionais. Na época seguinte, recebemos o Tondela à oitava jornada, mas aqui as coisas não estavam a correr tão bem. Na jornada anterior haviamos cedido aquele incrível empate 3-3 em Guimarães e na véspera perdemos em casa com o Dortmund. E equipa tremia por todos os lados, o bom futebol teimava em não aparecer e bastou apanharmos uma equipa com um sistema ultra-defensivo para bloquearmos. O Tondela inaugurou o marcador e não fosse Campbell já nos descontos, teríamos sofrido uma humilhação ainda maior no nosso estádio.
Este ano estaremos ao nível do que estávamos em 2015/16. Praticamos bom futebol e estamos na frente do campeonato. Há dois anos JJ facilitou (o Tondela estava em último lugar) e lançou Ewerton no jogo, sem ritmo de competição. A equipa entrou em jogo sem velocidade e foi surpreendida pela forma aguerrida como os tondelenses entraram. O penalti e expulsão de Rui Patrício ajudaram a complicar um jogo que, em situação normal, teria sido facilmente vencido por nós. A dualidade de critérios de Jorge Ferreira fez o resto.
Por isso é importante que Jorge Jesus encare este jogo da mesma forma que encarou o jogo na Grécia: focado nas debilidades do adversário e apostando em golpeá-lo logo nos momentos iniciais da partida. Ao nível das nossas entradas em Guimarães e em casa ante o Estoril. E caso o resultado atinja um fosso mínimo de 2 ou 3 golos, então sim fazer a gestão do esforço da equipa, evitando manter em campo jogadores demasiado fatigados. Pepa e alguns jogadores do Tondela já prometeram fazer um grande jogo em Alvalade, de grande intensidade. Provavelmente, apostarão tudo em 1) retardar ao máximo o primeiro golo do Sporting e 2) mesmo em desvantagem, aproveitar a nossa fadiga/desligamento nos últimos 20 minutos de jogo para tentar equilibrar a partida. Daí a importância de uma entrada forte nossa em jogo, traduzida em golos, e uma gestão inteligente de esforço na 2.ª parte que impeça os sobressaltos sentidos nas últimas partidas.
O Tondela virá a Alvalade, como de costume, disposto a comer a relva toda. Jogarão com o autocarro à frente da baliza e um ou dois corredores lá na frente para explorar as nossas subidas. Tacticamente, acredito que seja menos complicado marcar golos a este Tondela do que ao Feirense, por exemplo. Em Santa Maria da Feira, principalmente na 2.ª parte, mostrámos que também sabemos abrir espaços contra equipas "certinhas". Velocidade nas alas, acutilância no corredor central, não inventar nas bolas paradas. E muita fome de vencer, para vingar os últimos resultados dos beirões em Alvalade. Seja em fato de gala, seja com fato de macaco.
Para o campeonato, depois do Tondela, iremos jogar ao Moreirense e receberemos o porto, antes de nova interrupção do campeonato por causa das selecções. É importante chegar ao jogo com o porto com os 21 pontos somados. Em casa, com um pleno de vitórias para o campeonato, teremos motivação mais do que suficiente para batermos os andrades no nosso estádio. 
Sábado é dia de esfolar o borrego. Mais um nesta época. 

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

A matança dos borregos continua!

Este ano andamos a matar borregos atrás de borregos. Ontem matámos mais um: vencemos fora para a fase de grupo da Liga dos Campeões, o que já não acontecia desde 2008!!! E em tempo de matar borregos, vem aí mais outro, daqueles gordinhos que até irritam como nunca o conseguimos matar antes: vencer o Tondela em Alvalade!
O jogo de ontem poderia ter sido histórico, pois uma vitória de 5 ou 6 golos fora, ainda por cima quase todos marcados na primeira parte, é sempre algo de valor numa competição como esta. E quem diria que o nosso Sporting, que ainda há uns 3 anos não conseguia vencer fora o Maribor, chegava a um dos estádios europeus mais complicados e impunha um futebol de classe.
Como disse na minha antevisão, se quiséssemos sonhar com algo mais do que o 3.º lugar no nosso grupo da LC, tínhamos de ganhar ontem. Agora tudo é possível e parafraseando o já falecido José Torres, "deixem-nos sonhar!". O Barça, como se viu ontem, está a voltar ao nível que nos foi habituando nestes últimos anos. Aqui será praticamente impossível sacar pontos. Resta-nos esperar por dois jogos fabulosos ante a Juventus e... que o sonho se torne realidade.
A exibição na Grécia seria imaculada caso os últimos minutos do jogo fossem apagados. Não foi isso que tirou o brilho da nossa exibição, mas deixou um travo amargo na boca. Jorge Jesus disse, e com razão, que para competir na Liga dos Campeões não podemos relaxar com tanta auto-confiança. Da mesma forma que no ano passado fomos atraiçoados em Madrid nos últimos minutos, também na Grécia passámos por calafrios finais desnecessários. Há que incutir na cabeça dos jogadores que os jogos só estão ganhos depois do apito final do árbitro e não antes. A tremideira que se tem sentido nos últimos jogos tem de desaparecer de vez.
E porque temos tremido tanto na parte final dos jogos? Temos entrado bem, pressionando e marcando cedo. Ainda há bem pouco tempo os sportinguistas se queixavam que dávamos sempre 45 minutos de avanço ao adversário. Nestes últimos jogos, salvo o jogo com o Feirense, não tem sido assim. Entramos fortes, marcamos golos e criamos oportunidades, sem deixar jogar o adversário. Pelo que me apercebo, há jogadores que quebram fisicamente apartir dos 70 minutos. Bruno Fernandes, Acuña, Bas Dost ou até Gelson, acabam os jogos de rastos. Acho que JJ mexe tarde na equipa, por exemplo contra o Estoril e Feirense só mexeu quando já estávamos a ser sufocados. E não há necessidade para isso, pois temos no banco bons substitutos: Doumbia, Iuri, Podence (quando regressar), Bruno César e... Matheus Oliveira. Sem Adrien, perdemos alternativas de qualidade ao actual trio do meio-campo. Bruno César é competente, mas falta-nos algo mais. Pergunto-me se não estará na altura de começar a dar minutos ao Bebeto junior, para vermos se temos ali alternativa credível. Também temos Petrovic, é certo, mas para posições mais recuadas. Precisamos de mais alguém no miolo, que saiba segurar a bola e pautar o jogo.
Por fim a lateral esquerda. Dos últimos 4 golos sofridos, 3 tem a Jonathan Silva envolvido. Não estou a dizer que a culpa é só dele, mas sim que o nosso lateral canhoto não está de momento a dar a segurança defensiva necessária à nossa equipa, principalmente em alturas onde devíamos ter o jogo controlado. Caso Coentrão continue lesionado ou se venha a constatar que não tem condições para jogar assiduamente ao longo da época, acho melhor que comecemos a procurar alternativas dentro do plantel (adaptar Ristovski à esquerda? voltar a insistir em Bruno César? Equipa B?) ou de fora.
Sábado jogamos com uma das bestas negras de Alvalade nos últimos anos. Irrita-me a forma desinibida como o Tondela, que leva de tudo e todos, chega a Alvalade e come a relva para nos vencer. Se há jogo onde temos de golear, é no próximo. E sem arrepios no final.

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

O VAR: entre o Estado Lampiânico e o Sistema, nós!

Quinta jornada, quinta vitória. Podia ter sido um jogo com história simples, do género "má primeira parte, mas segunda parte de nível embala leão para mais uma vitória". Mas não, sportinguista que se preze não se contenta com vitórias fáceis. E lá tivemos nós de entrar em modo "hara-kiri" nos últimos momentos do jogo, para depois sim, ganharmos mais um jogo "à Sporting".
O Feirense é uma das equipas mais complicadas da Liga, principalmente a jogar em casa. Faz parte do mesmo lote de Chaves, Estoril ou Marítimo. Equipas pequenas, com orçamentos limitados, mas tacticamente muito certinhas e com filosofias de jogo que vão muito além do autocarro. 
Adeus Santa Maria da Feira, olá Atenas. Amanhã jogaremos uma importante cartada na Liga dos Campeões. Ainda é o primeiro jogo, é certo, mas para sonharmos com algo mais do que o terceiro lugar neste grupo, qualquer deslize é o seu fim. Uma vitória amanhã deixa-nos logo na frente da luta pelo terceiro lugar e abre-nos excelentes prespectivas para tentar o segundo lugar. Uma derrota praticamente nos arreda da luta pelos primeiros lugares do grupo, restando-nos ombrear com o Olimpyakos por um lugar na Liga Europa. O empate, como este jogo é fora, não será mau do ponto de vista da luta pelo terceiro lugar. Mas deixa-nos com pouca margem de manobra para mais.
Sejamos realistas, para passarmos aos oitavos de final da Liga dos Campeões, teríamos de fazer pelo menos 9 pontos (o benfica passou com 8 no ano passado e a Roma com 6 há dois anos, mas são casos muito raros). Isso implica obrigatoriamente vencer os dois jogos com o Olimpyakos e ganhar pelo menos um jogo a Juventus ou Barcelona. Por isso, amanhã, se quisermos fazer história nesta competição, só há um resultado possivel: a vitória.
Olhando novamente para a competição interna, vimos entretanto como os discursos se vão ajustando às necessidades. E convêm que os sportinguistas estejam atentos a estes "sinais dos tempos" e não deixem que lhes façam o ninho atrás da orelha. É que já vi alguns sportinguistas a alinhar nos discursos dos nossos rivais, o que sinceramente não me agrada.
Vamos por partes. O Al-Carnidão, como já se esperava, usou a sua última vitória in-extremis para atacar o VAR, usando como de costume a sua típica basófia e fanfarronice. Diz a cartilha que afinal o benfica não só não perde pontos com o VAR como até os garante. Nada de mau por aqui, pois eu prefiro estar dois pontos à frente sem espinhas do que quatro pontos com calimeros em choro compulsivo. Mas dois pontos são dois pontos, e o Estado Lampiânico lá começou com o seu típico trabalho de ameaça e coação, como a entrevista de Luis Bernardo ao Record. E mais se seguirá nos próximos dias, estejam atentos.
A novidade vem do velho "Sistema", que após a vitória do benfica desatou num ataque cerrado ao VAR. Basicamente a narrativa portista é que o VAR não serve para nada, pois o benfica continua a ganhar com marosca. Este discurso é perigoso, e para mim não é nada inocente. Quem está no poleiro do futebol nacional obviamente que não quer que estejam sempre em cima dele a escrutinar o seu trabalho. O VAR, com todos os seus defeitos, é uma arma de escrutínio e estamos bem melhor com ele do que sem ele. Não sei se o Sistema estará já preparado para tomar de assalto o nosso futebol, ou se o EL está já tão enfranquecido que se deixe derrotar. Mas que esta conversa de desvalorizar o VAR já está a ser lançada com o alto patrocínio dos baluartes andrades, isso está. E quando vejo sportinguistas a amplificar essa desvalorização, alinhando na conversa de um dos nossos rivais, fico preocupado.
Em Portugal, o VAR está na sua primeira época de implementação. O projecto é ainda isso mesmo, um projecto. Precisa de ser estudado, analisado e alterado naquilo que melhor servirá o desporto. Tenham lá a santa paciência, mas um fora do jogo mesmo de um milímetro é um fora-do-jogo. E continua a ser fora-do-jogo dependendo do entusiasmo (ou falta dele) do video-árbitro. Não nos percamos em truques comunicacionais ou clubites mal amanhadas. Foquemo-nos só e apenas na verdade desportiva e em contribuir para a sua valorização. Conversa de lobos com pele de carneiro, não obrigado!

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Eu Show Bruno

Ponto prévio: É por demais claro e evidente que o nosso actual presidente tem sido maltratado um pouco por todo o jornalismo lusitano. Tudo é pretexto para o atacar, denegrir e enxovalhar, como por exemplo inventar suspeitas de violência doméstica sobre a sua ex-mulher. Impunha-se portanto uma atitude forte, incisiva e esclarecedora da sua parte. E não é de agora, já é de há muitos anos.
As recentes decisões do conselho de disciplina da FPF também tem sido, no mínimo, polémicas. Não me vou alongar por aqui, refiro apenas o recente caso do túnel. Todos viram quem começou, quem provocou, quem prevaricou. A pena daqui resultante para o nosso presidente é absurda. O mesmo conselho de disciplina que pariu tal decisão foi o mesmo que, perante uma nítida agressão de um jogador de futebol a outro colega de profissão, encolheu os ombros e virou costas. Actualmente este é o estado do nosso futebol: um nicho de oportunistas que querem sacar o máximo com o mínimo esforço possível, acompanhados de cobardes que se encolhem perante o poder estabelecido, perante a passividade do poder político e judicial. Impõe-se hoje mudar este estado de coisas.
As notícias, o burburinho, o rumor, que sempre se levanta em torno do Sporting, não é inocente. Tem uma fonte bem definida e colunas que ampliam esse ruído. Vejamos por exemplo as recentes transferências de Adrien, Mitroglou e a não transferência de William Carvalho. Sobre Mitriglou foram levantadas suspeitas e insinuações graves por parte de um agente de futebol, que até poderão configurar gestão danosa por parte do actual presidente do benfica. Veja-se no entanto sobre quais transferências se tem posto o foco mediático. Junte-se a isto a recente saída de Nuno Gomes da pasta ligada à formação encarnada, sobre a qual nada de relevante se ouviu pela mídia portuguesa. O mais pequeno rumor sobre o nosso clube é chafurdado até à exaustão pela painelagem futebolística. A mais bombástica revelação sobre o nosso clube do lado é imediatamente abafada e remetida para o esquecimento.
O espaço de Bruno de Carvalho na Sporting TV é, por isso mesmo, importante. É um espaço mediático qb, com a vantagem de ser amigável, pois é dentro de sua casa. Mas da mesma forma que as atordoadas no Facebook acabaram por ser infrutíferas, pois o protagonista banalizou a sua utilização, também o tempo de antena na Sporting TV correrá o mesmo risco de se transformar numa manifestação pífia, caso não seja usada com a devida parcimónia.
O que se passou ontem não foi uma entrevista esclarecedora, focada e incisiva. Foi um circo.
Li hoje na nossa blogosfera que deveríamos prestar mais atenção ao conteúdo do que à forma. Estou de acordo. E o conteúdo do espectáculo de ontem até foi interessante. Desmontaram-se as incríveis decisões dos órgãos federativos. Bruno prometeu que os responsáveis pelas más decisões pagarão por elas nas devidas instâncias. O homem que lutou contra os fundos, que promoveu a adopção do VAR, que introduziu as milionárias cláusulas de rescisão nos contratos, que construiu o pavilhão João Rocha, que negociou com a banca melhores condições para o nosso clube, afastando o fantasma da falência, prometeu levar a justiça futebolística às instâncias judiciais civis. Eis Bruno de Carvalho, o homem que transforma causas perdidas em causas ganhas.
Mas a forma como tudo isto foi apresentado não pode ser afastada ou negligenciada. Estamos no século XXI, onde a imagem, as estratégias de comunicação e o impacto mediático ditam as regras. É assim tão difícil perceber isto, PORRA?!?!?! Nos próximos dias os painéis de opinião irão passar horas a fio a discutir a discutir as "nalgadas no Serpa", o "paizinho do Joel", "o casaco pele de camelo do Bruno", etc., etc., etc. Do essencial pouco se falará.
Depois do que se passou ontem, Meirim provavelmente patrocinará outro castigo exemplar e inédito em Portugal sobre um dirigente desportivo. Aposto em mais de um ano de suspensão. Curiosamente as coisas dentro de portas tem corrido bem nestes últimos 3 meses, precisamente enquanto tem durado os últimos castigos a Bruno de Carvalho. Se é coincidência ou não, não sei. Mas que o tempo parece estar a ser melhor aproveitado pelo nosso presidente, lá isso parece. E se o preço para continuarmos na senda dos resultados desportivos positivos é o silêncio de quem nos dirige, intermediado por estes momentos de comédia, então que a coisa role assim até Maio. E depois sim, diremos todos que o homem é um visionário!

sábado, 2 de setembro de 2017

O Al-Carnidão volta ao ataque: o mercado de Agosto

Todos estarão recordados da feliz expressão que o grande sportinguista José de Pina inventou para a cartilha, o "Al-Carnidão". Pois bem, depois de algumas semanas escondido, eis que o Al-Carnidão nos volta a entrar pelas nossas casas, entoado até à exaustão. E desta vez os seus argumentos são tão absurdos e tão ridículos, que chega a ser doentio. Nem os benfiquistas mais sérios acreditam no que lhes tentam impingir, tal é a desfaçatez da narrativa inventada. E eu já vi a reacção de muitos nas redes sociais. 
Tudo começou com os últimos dias do mercado de verão. Basicamente os três clubes grandes de Portugal tiveram a seguinte prestação:
Clube X: Vendeu 4 dos seus titulares da época passada: o guarda-redes, o defesa direito, um defesa central e um avançado. Nenhum dos seus substitutos parece estar à altura de quem saiu, excepção feita de quem chegou para ponta-de-lança. Fez muito dinheiro com as vendas, é certo, mas o investimento no plantel ficou muito à quem desse valor recebido.
Clube Y: Vendeu vários jogadores, dos quais só um é que costumava ser titular: o ponta-de-lança. Substituiu-o no plantel por outros avançados que estavam emprestados e que tem vindo a fazer um bom inicio de campeonato. Compraram um guarda-redes, que deverá ser suplente.
Clube Z: Vendeu 4 jogadores que eram titulares: um defesa central, dois laterais e um centro-campista, que também era o seu capitão de equipa. Para os seus lugares chegaram jogadores que são actualmente titulares indiscutíveis, estando a equipa a jogar melhor futebol que no ano anterior. O investimento foi forte mas é compensado pelos ganhos em vendas.
Olhando para os três clubes, o X parece ter feito o melhor mercado, pelo menos em dinheiro. No entanto a qualidade do plantel formado parece, até agora, inferior ao que tinha antes. O clube Y mantêm a sua base, fazendo da estabilidade a sua grande arma. O clube Z perdeu o seu capitão, mas ganhou melhores jogadores para posições deficitárias no seu plantel, inclusivamente a posição onde estava o capitão de equipa. Os clubes X,Y e Z são perfeitamente identificáveis. Como também é perfeitamente identificável que dos três, foi o clube X quem ficou mais a perder neste mercado em qualidade. Como para o Estado Lampiânico é impensável o seu clube ficar atrás do que quer que fosse, urgia olear a sua máquina propagandista para distorcer a realidade, vendendo a ilusão de que o clube X tinha, afinal, sido o grande triunfador do mercado. E o clube Z o grande derrotado.
O Estado Lampiânico há muito que definiu o Sporting como alvo a abater. Quer pelo facto do nosso presidente ser muito crítico sobre a sua actuação, quer porque o EL ainda não se sente muito à vontade para atacar o Sistema. É um pouco como aquele fanfarrão lá da rua, que tendo medo do matulão do tamanho dele, tenta virar-se contra outro alvo mais vulnerável. É certo que a vulnerabilidade do Sporting já não é a mesma de há 3 ou 4 anos, mas ainda não estamos no patamar do porto. Temos conseguido e aprendido a defender melhor. Mas ainda somos o alvo. Resta-nos a consolação de que os ataques que nos fazem são cada vez mais ridículos e absurdos.
Escrevi aqui, algures no final da época passada, de que precisávamos de uma estrutura mais competente para o nosso futebol profissional, de modo a conseguirmos implementar uma política de contratações diferente dos últimos anos. O nosso scouting era o calcanhar de Aquiles da direcção de Bruno de Carvalho, pois eram poucas as nossas contratações que se conseguiam impor na equipa principal, com qualidade acrescida. Este ano assistimos precisamente ao contrário das últimas épocas, pois de quem entrou, poucos não se tornaram titulares de imediato. Com a agravante de que a qualidade da equipa e do futebol praticado subiu face aos últimos anos. Sem comparar com os nossos adversários, esta constatação bastaria, por si só, para reconhecer o bom mercado de verão do nosso clube.
Em relação a vendas, saíram 3 titulares cujo rendimento não parecia condizente com aquilo que queríamos para a equipa. Marvin, Schelotto e Rúben Semedo foram bem vendidos, rendendo quase 20 milhões em vendas. A quarta saída (a efectivar-se) será a mais importante do ponto de vista desportivo. Adrien Silva, além de capitão, era o dínamo do nosso meio-campo nestas últimas épocas, bem como da selecção campeã da Europa. Mas depois da novela da época passada, e atendendo à idade do jogador, era uma saída mais do que esperada. E pode-se dizer que a SAD tratou e bem de colmatar a sua saída, contratando um jovem promissor jogador, Bruno Fernandes, e o raçudo Battaglia. E veremos se a partir de agora, Matheus Oliveira não terá mais chances de mostrar o seu valor a JJ. Quanto a William, sobre quem cheguei a escrever um requiem em tom de despedida, a sua permanência é sem dúvida alguma uma mais valia para a nossa equipa. O West Ham era demasiado pequeno para a sua categoria, mas acredito que os ingleses lhe tenham acenado com um ordenado milionário, daqueles de dar a volta à cabeça, apostando mais em pôr o jogador a forçar a sua saída do que propriamente em discutir seriamente a sua compra com o Sporting. Esta forma de negociar já funcionou em tempos com o Sporting, basta-nos lembrar de João Moutinho. Mas agora já não é assim. William ficou, será o nosso capitão, e merece um trabalho específico para recuperar anímica e moralmente do mercado. E acredito que a nossa estrutura de futebol estará à altura de o fazer.
Este foi o mercado que tivemos, em termos genéricos positivos. Mas será que o Al-Carnidão dirá o mesmo sobre ele? Claro que não. Uma das nossas melhores contratações afinal tinha sido oferecida e recusada pelo benfica, que agora sim, vai apostar a sério na formação!!! Gabigol preferiu o benfica ao Sporting, porque o benfica é grande e não porque estes lhe vão pagar 40% do seu milionário ordenado. Jimenez não saiu e Garay e Gaitan não vieram porque o benfica não quis. Mitroglou não saía por 25 M€ mas saiu por 15€ (mais um pouco e Gabigol sairia tão caro como o grego). William, que afinal já era um trinco de classe mundial, é agora vítima de escravatura, pois o Sporting cortou-lhe as pernas. Até com Schelotto foram embirrar...
Mas isto não ficará por aqui. Nos próximos dias aposto que o presidente do West Ham continuará a ter tempo de antena para ir despejando as suas alarvidades. E não me admirava nada de que o pai do Gelson Martins viesse dar uma entrevista ou que se viesse a descobrir que o Sporting proibiu Acuña de treinar em Alcochete com cuecas vermelhas. Enquanto isso Eliseu continuará a espalhar classe pelos relvados, Vasco Santos apitará mais uns jogos e Gabigol será o novo fenómeno do futebol mundial, depois de Renato Sanches.