segunda-feira, 25 de setembro de 2017

O costume

É fatal como o destino. Algures na época, acabamos sempre por perder pontos inesperados diante um adversário considerado fraco. Tem sido assim desde que me lembro de ver o Sporting jogar à bola. Quando fomos campeões em 2000, quando já liderávamos o campeonato isolados, fomos a Leiria empatar 1-1 com o União, que lutava então para não descer. Em 2002 também perdemos em casa com o Alverca, que acabaria o campeonato em último lugar. No tempo de Peseiro perdemos um campeonato graças à quantidade estupidamente elevada de pontos perdidos contra adversários mais fracos. Em 2007, Paulo Bento queixou-se e com razão da célebre "mão de Ronny", num jogo que perdemos em casa contra o Paços de Ferreira. Jorge Jesus coleccionou (demasiados) desaires semelhantes quando empatou em casa com o Tondela, nas duas últimas épocas. A única diferença, é que em 2000 e 2002 conseguimos perder pontos "apenas" nesses jogos, enquanto que nas eras Peseiro, Paulo Bento, Jardim, Marco Silva e JJ infelizmente os momentos "Moreirense" repetiram-se demasiadas vezes.
Era previsivel que o jogo de sábado passado tivesse alguma dificuldade acrescida, face aos dois enormes desafios que se iriam seguir. No entanto, sendo o nosso adversário o 16.º classificado, com apenas 5 pontos conquistados em 18 possíveis, 3 golos marcados contra 10 sofridos, a tarefa não se antevia tão complicada como se revelou. Esta época o Sporting tem-nos acostumado com entradas fortes em jogo, geralmente traduzidas em muitos golos, contrastando com finais de jogos algo sofriveis. Esperava algo semelhante neste jogo, apesar da equipa inicial não me ter inspirado grande entusiasmo. 
A partida em si foi muito má. Na primeira parte não estivemos em jogo e na segunda, salvo o periodo inicial quando empatámos e Gelson acertou na barra, praticamente não conseguimos mostrar mais futebol. Empatamos bem e se o adversário tivesse outro tipo de argumentos, se calhar nem um pontinho trazíamos. Apesar das boas indicações neste inicio de época, com a equipa a conseguir "mudar de chip" antes e depois dos jogos europeus, voltámos outra vez ao que estamos acostumados, em particular com este treinador: a incapacidade de nos concentrarmos no jogo, independentemente da sua dificuldade, quando outros desafios mais importantes estão à porta. Resta-nos esperar que este seja um momento sem repetição esta época, à semelhança do que se passou em 2000 e 2002.
E o que correu mal desta vez? Em primeiro lugar a equipa inicial, onde faltaram elementos de ruptura e irreverência. Bruno César é um jogador "certinho" e não de rasgos. Alan Ruiz continua a ser um elemento não decisivo da equipa. As ausências de Acuña e Podence, quando foram chamados algo intempestivamente na quarta-feira (especialmente Acuña). A ausência de Battaglia do onze inicial. A falta de inspiração dos nossos melhores jogadores, como Bruno Fernandes ou Gelson. 
E porque razão ficaram de repente os sportinguistas tão pessimistas em relação à presente época, quando ainda temos tudo para ser campeões? Basicamente porque a maior parte de nós está a reconhecer um filme que viu demasiadas vezes nos últimos anos. A adopção do VAR, apesar de ter reduzido o impacto dos erros de arbitragem nos nossos jogos, não os eliminou, como se viu no penalti sobre Doumbia que ficou por marcar. Os critérios disciplinares dos árbitros tem sido ridiculamente parciais, como de resto o Artista do Dia resumiu muito bem. Por fim, a "motivação" dos nossos adversários face ao que se vê contra os nossos rivais. A forma como o Moreirense "comeu a relva" em campo, em linha com a entrega de Feirense, Tondela ou Estoril nos jogos contra nós, face aos "passeios" que os nossos rivais dão. Ou as enérgicas críticas à arbitragem de Manuel Machado, em contraste com outros jogos onde foi ainda mais prejudicado.
É por isso que estes momentos "Moreirense" nos deixam de pé atrás. Porque sabemos que o campeonato, para o Sporting, não é um passeio. E que a forma mais rápida de perdermos esta competição é precisamente pensarmos isso, que teremos jogos que serão passeios. 

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