domingo, 2 de setembro de 2018

Que dizer das próximas eleições?

A menos de uma semana do desenlace eleitoral, é tempo de fecharmos os olhos, respirar fundo e pensar na opção final que iremos tomar no sábado.
Sempre que penso no próximo acto eleitoral não posso deixar de também pensar em como foi possível virmos aqui parar. Caso não se lembrem, há 5 meses atrás ninguém pensaria que estivéssemos nesta situação. Num jogo que tinha tudo para ser épico, uma aselhice de Coates abriu uma caixa de Pandora que ainda hoje não conseguimos fechar. Seguiram-se vários episódios cada um ainda mais deprimente que o outro. Foi o post descabido do presidente, foi o inenarrável motim no balneário, foi a fabulosa suspensão do plantel, foi o jogo com o Paços, foi a lombalgia, foi, foi, foi...
Enquanto o plantel de futebol profissional masculino se dilacerava numa revolta sem precedentes, acompanhada por uma tomada de posição absurda de Jaime Marta Soares, um empréstimo obrigacionista ficou suspenso, o que obrigou a que o reembolso do anterior tivesse de ser adiado. Nem a perspectiva de uma reestruturação da dívida da SAD acalmou os ânimos. Um final de época desastroso, culminando com o hediondo ataque a Alcochete, lançou o Sporting para um turbilhão de onde ainda hoje tentamos sair. 
Ninguém saiu bem desta história toda. Bruno de Carvalho, que com a sua teimosia e autismo não soube afastar-se a tempo de nos poupar a realização de uma AGE destitutiva, na qual foi trucidado. Os jogadores do Sporting, alguns deles símbolos inquestionáveis do clube, que claramente se aproveitaram de uma situação de fragilidade da sua entidade patronal, para zarpar para outras paragens mais bem remuneradas. O treinador, que tentou passar pelos pingos da chuva de responsabilidade que claramente teve no desfecho da época, bem como dos acontecimentos que levaram ao motim do balneário, restando saber se fez tudo isto por dolo ou por incompetência. Quem sofreu com tanta cadência de murros no estômago e na cabeça fomos nós, os sócios e os adeptos. E cabe-nos a nós, sócios, decidir como sair do buraco para onde nos empurraram.
Da lista de candidatos à presidência apenas levo a sério 3 ou 4 deles. Descarto Rui Pego, que até poderia ter ideias interessantes mas cuja colagem ao presidente do Leixões matou à nascença qualquer hipótese de ser levado a sério. Pedro Madeira Rodrigues, que parece não ter aprendido nada do último acto eleitoral, continuando no seu registo snobe e arrogante. Tavares Pereira, que pese embora a sua boa equipa, falta-lhe notoriedade social e desportiva para que seja visto como sério candidato a presidente do Sporting. Por fim Dias Ferreira, atraiçoado em 2013 pela escolha "Futre", tenta cavalgar algum do eleitorado brunista descontente, mas não me parece ter espaço para ombrear entre as verdadeiras candidaturas presidenciais.
E as verdadeiras candidaturas presidenciais são três, não tenhamos ilusões. O próximo presidente do Sporting sairá do trio composto por Varandas, Ricciardi ou Benedito. Podemos até acrescentar Dias Ferreira neste lote, mas só por caridade. E dos três presidenciáveis, em quem irei votar?
Frederico Varandas lembra-nos aquela rapariga que é a primeira que conhecemos quando chegamos a um sítio pela primeira vez. Ao inicio parece-nos a última coca-cola no deserto, mas depois à medida com que vamos conhecendo o resto das raparigas, percebemos que aquela afinal é mais um trambolho. Varandas tinha a áurea de "Sousa Martins do Sporting", o nosso médico que cura tudo o que é maleitas e despista as mais insondáveis mazelas nos testes médicos. Após os acontecimentos de Alcochete, surgiu com uma áurea de salvador do balneário, homem providencial no terramoto que se abatia sobre Alvalade, comandante do exército de resgate do leão. Ao assumir-se cedo como candidato, ainda antes de haver eleições marcadas, Varandas ergueu uma onda verde onde arrastou muitos adeptos conhecidos, que hoje acredito que estarão arrependidos pela posição precocemente tomada. Varandas decepcionou nos debates, revelando fragilidades oratórias e retóricas básicas. A aura de salvador do clube foi caindo à medida que o próprio admitia que os acontecimentos ultrapassavam em muito o "trauma" dos jogadores. Hoje, Frederico Varandas é o que conseguiu nos dias seguintes ao ataque de Alcochete. Desde então que não conseguiu acrescentar mais nada de notório à sua campanha, além de não ter descolado da imagem de alguém que usou um dos momentos mais negros do clube como trampolim. 
José Maria Ricciardi era, inicialmente, uma piada de mau gosto que alguém conta num funeral. Provocava mais embaraço do que riso. O braço direito do DDT teve a coragem de vir a jogo, mas parecia-me ser a coragem daquele soldado que por desespero que lança sozinho contra mil inimigos. O anuncio de que José Eduardo era o seu homem forte para o futebol, ou que estava a aliciar membros da comissão de gestão, adensou ainda mais a ideia de que toda a sua candidatura era patética. Mas enganei-me redondamente. Ricciardi tem aquela desfaçatez típica de quem assumiu ruinosamente cargos de relevo no nosso país, conseguindo passar uma imagem de si como competente, honesto, isento, juntando isso a outros atributos que tão apreciados são pelos portugueses, como poder ou influência nas altas esferas. Basta algumas conversas com sócios e adeptos do Sporting para se perceber que o perfil de Ricciardi é considerado como o adequado para conduzir os destinos do nosso clube nestes tempos tormentosos. E não porque Ricciardi tenha esta ideia para a SAD, aquela para as modalidades, ou aqueloutra para os escalões de formação. Nada disso. Ricciardi é considerado como adequado, porque simplesmente é Ricciardi, o primo do DDT. Não vale a pena tecer aqui considerações de índole gastronómica, sobre croquetes ou rissóis. Sei bem o que significaria para o nosso clube ter o JMR à frente dos seus destinos. Mas não tenho grandes ilusões para sábado. Ricciardi é o favorito à vitória.
Por fim, João Benedito. Provavelmente serei queimado nos autos-de-fé das redes sociais pela heresia que vou dizer, mas se há alguém que pode continuar o BOM brunismo, Benedito é essa pessoa. Se é possível haver brunismo sem os excessos de linguagem, a constante exposição mediática ou as relações tempestuosas com o balneário, essa pessoa é Benedito. Se há alguém que me garanta, nesta fase, que continuará a apostar nas modalidades, é Benedito. Se há alguém que me garanta que continuará a lutar contra o Estado Lampiânico ou o ressurgimento do Sistema, é Benedito. Se é possível lançarmos um empréstimo obrigacionista para pagar o anterior e dar liquidez à nossa tesouraria, sem que isso implique a entrada de "investidores fantasma" na SAD ou qualquer outro cenário de perda da maioria do clube, essa pessoa é Benedito. Os indefectíveis de BdC poderão vir com as teorias da conspiração, de que Benedito é um fantoche ou testa de ferro, mas isso não passa disso mesmo, de teorias. Benedito inicialmente apresentou-se com uma postura algo artificial e mesmo teatral, mas basta ver como se comporta nos debates, nas posições que tomou sobre os debates na CMTV ou da ida da CG para a tribuna da Luz, para se perceber ao que vem. Benedito é a minha escolha por tudo isto, mesmo que neste momento pressinta que a vitória cairá para outro lado...

1 comentário: