terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Sinais de esperança

A estreia de Marcel Keizer não podia ser mais auspiciosa, surpreendendo até mesmo os mais optimistas. Todos os sportinguistas sabiam que esta equipa estava em sub-rendimento nas mãos de Peseiro, que os nossos jogadores poderiam fazer muito melhor. Mas poucos esperavam que, em apenas duas semanas, o nosso futebol se transfigurasse desta maneira. Não tenho memória de uma troca de treinadores ter sido tão bem aproveitada como esta. Nem mesmo Inácio, quando substituiu Materazzi em 1999, conseguiu uma entrada tão fulgurante.
Ontem, num dos estádios mais complicados do nosso campeonato, vimos um Sporting com personalidade, intermediando momentos de futebol genial com outros de puro pragmatismo. Não haverá sportinguista algum que não se tenha deliciado com as trocas de bola ao primeiro e segundo toque no meio-campo, permitindo à equipa transportar o jogo quase de forma vertiginosa para o ataque. Parece impossível, mas esta era a mesma equipa que há umas semanas atrás atacava com chutões de Coates para a frente, ou que na época passada andava a trocar a bola no meio-campo, numa "ideia de jogo" que ainda hoje é incompreensível. Qualquer semelhança entre este Sporting e o que levou quatro 4 golos do Portimonense, é uma triste coincidência. Só espero agora que os defensores de Peseiro metam em definitivo a viola do saco e desapareçam para a galáxia mais distante.
Tendo Marcel Keizer feito com distinção o seu tirocínio, resta-nos agora olhar para o resto da época, para tentarmos perceber o que é que ainda há para fazer. E se por um lado os sinais iniciais são muito animadores, por outro há que ter alguma sobriedade e não embandeirar já em arco. Até porque o próprio Keizer reconheceu, na flash-interview, que há ainda muitos aspectos a melhorar. E temos mesmo de melhor. Renan, por exemplo, apesar das intervenções decisivas na segunda parte, teve algumas abordagens com os pés que voltaram a causar calafrios. Os nossos laterais ainda estão longe de convencer. Continuo a achar que Bruno Gaspar é um Schelotto versão morena e Jefferson, como alternativa a Acuña, parece curto. O meio-campo parece a zona do terreno onde temos maior qualidade, especialmente desde que Wendel começou a jogar. Mas se por um lado o nosso meio-campo revelou ontem momentos de genialidade, por outro teve alturas do jogo onde se deslumbrou e desconcentrou, especialmente após o 3-1. Já no ataque, Diaby revelou-se ainda pouco entrosado na nova dinâmica do colectivo, relevando demasiada atrapalhação. E depois Bas Dost, o nosso abono, que continua a ser a única opção para homem-golo da equipa, restando-nos aqui a esperança de que a nova dinâmica de jogo da equipa distribua por mais jogadores a missão de marcar golos, tirando-nos a dependência do holandês voador, relevada nas últimas temporadas.
O caminho faz-se caminhando e domingo teremos mais um desafio a este novo leão. Jogaremos em casa contra uma equipa que faz o jogo típico do nosso campeonato: autocarro em frente à baliza e pontapé para à frente para os contra-ataques. 
Que o nosso bom futebol continue a ser demonstrado em campo, é tudo o que para já peço.

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