quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Considerações sobre PMR – A questão “Jorge Jesus”

Tenho seguido atentamente a pré-campanha em torno das próximas eleições presidenciais do Sporting. Enquanto não surgem mais candidaturas oficiais, debruçar-me-ei, por agora, pela única oponente à actual direcção.

Independentemente do currículo profissional de Pedro Madeira Rodrigues, que me parece interessante, creio que para ser presidente do Sporting ainda faltam outro tipo de características que PMR não tem revelado nestes dias. Falo de um discurso arrebatador, carismático, de líder. Mas, sobretudo, de coerência. E o assunto do treinador esbarra precisamente nesse aspecto: coerência.

Inicialmente PMR revelou que, caso fosse eleito, trabalharia de bom grado com Jorge Jesus. Após o anúncio de que o treinador fazia parte da comissão de honra de BdC, o candidato optou por excluir JJ dos seus planos. Questionado sobre como arranjará dinheiro para despedir JJ, PMR tem apostado num ingénuo“acredito que ele se demitirá”, coisa que o próprio treinador já afirmou que não fará. PMR aproveitou um fait-diver para justificar correr do clube o actual melhor treinador no nosso campeonato, quando uns dias antes estava entusiasmado para trabalhar com ele.

E o que levou PMR a mudar em poucos dias a sua posição, numa decisão a quente (ele que tanto critica as decisões a quente de BdC)? Como diria Jack-O-Estripador, vamos por partes.

I – Qual a opinião que PMR tem sobre JJ?
Uma das perguntas que deveria ser feita a PMR é se é ele o “Citylion” do Camarote Leonino. Creio que a pergunta apenas foi feita no “Sporting160” e não obteve uma resposta clara. É uma pergunta importante, porque uma coisa é ter uma opinião sobre alguém ontem, mas alterá-la hoje por despeito a algo que se passou. Outra coisa é nunca ter gostado dessa pessoa, mas em público passar inicialmente uma ideia contrária para dar uma imagem conciliadora, para à primeira ocasião descartá-la. Basta consultar o arquivo do Camarote Leonino para sabermos o que pensava o “Citylion” de JJ e concluirmos que era uma questão de tempo, ou oportunidade, até JJ ser descartado por PMR.

II – Mas JJ tem lugar no Sporting nos próximos meses?
A partir do momento que a actual direcção decidiu renovar com o actual treinador, creio que é uma pergunta redundante. Temos de verificar os seguintes factos: a rescisão com Jorge Jesus é milionária. Fala-se em 15 milhões, mas também já li 20 milhões com a equipa técnica. Mas também estamos a falar no melhor treinador actualmente a treinar em Portugal. Creio que antes se deveria perguntar se faria sentido despedir JJ nesta altura. E pensar que JJ simplesmente diz “adeus e um queijo” ao Sporting em caso de vitória do PMR é demasiado ingénuo para ser levado a sério.

III – Que sentido faz despedir JJ em Março?
Faz tanto sentido como o Barcelona despedir Messi, que também está a passar por uma fase menos boa. A não ser que no dia seguinte apresentassem CR7 como reforço do plantel. O que mesmo assim não poderia ser visto como um bom negócio, pese embora o actual grande momento de CR7.
Quando o Sporting rescindiu com Marco Silva, pagou algumas dezenas de milhares de euros para despedir um treinador que, por muito bom que fosse, ainda não era mais do que promissor. E para o seu lugar veio um treinador tarimbado e consagrado.
A não ser que PMR anuncie Capello, Guardiola ou Simeone como treinador do Sporting, quem vier será necessariamente pior que JJ.

IV – O que é que PMR tem a ganhar com isto tudo?
Parece um paradoxo, mas ganha coerência. Coerência com aquilo que escreveu durante os últimos meses no Camarote. Mas aquela coerência que procura agora mostrar na campanha eleitoral perdeu-a. Não pode anunciar “princípios” em cortar com JJ mas depois esquecer-se deles e falar em reatar relações com os “agentes desportivos” (Doyens, Gestifutes, etc.). Ou falar em “exigência” mas depois esbanjar milhões em despedir o melhor treinador que passou pelo Sporting desde, digamos assim, Bobby Robson…

No final talvez ganhe os votos daqueles sócios que, por exemplo, em 2001 acharam bem que não tivéssemos contratado José Mourinho para ser o nosso treinador.

Sem comentários:

Enviar um comentário