domingo, 20 de agosto de 2017

E Jorge Jesus puxou dos galões

No meu último post pedi à nossa equipa uma resposta inequívoca e categórica à mini-crise que surgira na semana passada. Se querem ser campeões ou lutar até à última jornada para o serem, teriam de ir a um dos mais difíceis estádios do nosso futebol, onde ultimamente não temos sido felizes, e fazer aí uma actuação focada, objectiva, coroada por um resultado sem margem para dúvidas. Uma vitória sem apelo nem agravo.
Também pedi a Jesus que neste momento de alguma descrença das nossas hostes na equipa, ele estivesse à altura dos pergaminhos que diz sustentar, da cultura táctica que diz conhecer, do vencimento que aufere, e soubesse engendrar um plano para transformar o futebol frouxo e incipiente dos últimos jogos, numa máquina de futebol atacante e goleadora.
Não sei se Jesus lê o que para aqui escrevo. Mas sei que acusou o toque que a nação sportinguista lhe mandou nestes dias. Na sua conferência de imprensa de ante-visão deste jogo, salvo as habituais jactâncias, JJ defendeu a qualidade dos jogadores e disse que seria uma questão de tempo até a equipa começar a jogar futebol de "nota artística". Felizmente foi logo no dia a seguir. Uma alteração no onze, combinada com outras alterações posicionais, e eis um leão de cara lavada. JJ puxou dos seus galões de "catedrático da bola" e disse alto e em bom som aos sportinguistas: "Estamos cá! E estamos para ficar!".
Do jogo jogado, nem vou gastar palavras, pois todos viram o mesmo que eu vi. Bruno Fernandes em grande, Adrien a recuperar a sua melhor forma e já a jogar melhor que nos últimos jogos, Battaglia a evoluir, como se viu no passe que isolou Coentrão no nosso terceiro golo. Na defesa, Coentrão merece destaque pelo modo como está a evoluir de forma, os centrais estiveram impecáveis, e Piccini... bem, Piccini ia marcando um grande golo, mas depois entusiasmou-se e ia dando asneira. Mas OK, não vou bater mais no ceguinho. Bas Dost foi... Bas Dost. Os suplentes estiveram em bom plano, envolvidos no quinto golo da equipa. Antes, Iuri desperdiçou um golo cantado. O nosso extremo é claramente uma alternativa muito credível a Acuña, mostrando que quando são bons e estão em forma, JJ também aposta na nossa formação.
O jogo de Guimarães era ingrato, pois se um mau resultado poderia remeter-nos para uma crise escusada, a vitória, mesmo pelos números que foram, não deixa de dar apenas 3 pontos. Ganhar em Guimarães era importante pelo sinal que daria da nossa equipa, mas este jogo estava longe de ser decisivo. Já em caso de perda de pontos, poderia ser decisivo mas pelos piores motivos. Decisivo será sim o jogo de Bucareste. E aqui assume importância esta última vitória, pois liberta a equipa de algumas dúvidas que poderiam ter sobre sim mesma, além de que acalma os adeptos antes do importante encontro na Roménia. E hoje não haverá sportinguista à face da terra que não ache possível repetir a façanha em Bucareste. JJ já sabe qual é o caminho que tem que seguir. Agora é dirigir os seus jogadores por esse caminho.
Última palavra para a crispação que esta semana reinou entre os sportinguistas. Se criticávamos éramos sportinguenses, se não criticávamos éramos carneiros. Essa dicotomia é patética e não serve nenhum desígnio do nosso clube, apenas serve aos rivais. Acima de tudo temos de ter sentido crítico e temperamento nas críticas que fazemos. Na pré-época insurgi-me com a condenação que muitos sportinguistas já faziam à sua equipa, com base nos golos que sofríamos. Disse que era uma apreciação errada e que deveríamos dar tempo aos jogadores. Pedi sobriedade aos comentários, principalmente de figuras públicas, como Nicolau Santos. O próprio Nicolau Santos já veio reconhecer, 3 semanas depois, que precipitou-se no comentário que fez, sobretudo em relação a Mathieu. Na última semana assisti a algo parecido, o que demonstra que certas pessoas não aprendem. Realmente não fizemos bons jogos em casa contra Setúbal e Steaua, mas nada ainda estava perdido. Havia que esperar pela resposta da equipa, que veio ontem. E terá de ser assim nos próximos tempos. Não somos hoje os melhores do mundo só porque ganhámos em Guimarães, como não seremos uma porcaria se perdemos em Bucareste. O jogo de Bucareste é decisivo porque implica aceder a um cheque de quase 13 M€. Mas não é decisivo para o desempenho da equipa até ao final da época. Até ao final da época terá de ser jogo a jogo, vitória a vitória, golo a golo. Sem sportinguenses nem carneiros, só com sportinguistas.

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