segunda-feira, 18 de setembro de 2017

André Geraldes, és tu?

Assim de repente, tenho de puxar pelas minhas memórias de adolescência, para me lembrar de um arranque de época tão positivo como este. Fosse o Sporting de Robson de 1993/94 ou o de Marinho Peres de 1990/91, são mais de duas décadas que temos de recuar para assistir a um começo tão promissor. E se em 1993/94 ainda lutámos quase até ao fim pela vitória no campeonato (malditos 3-6...), em 1990/91 perdemos o fulgor a meio e acabamos a 13 pontos do campeão benfica (a vitória só valia 2 pontos). Ou seja, como diz o nosso treinador e bem, isto não é como começa, é como acaba. Por isso não vale a pena entrar em euforias.
Mas, euforias à parte, nada nos impede - antes pelo contrário! - de aplaudir o que de bom o nosso clube tem feito, até porque algumas coisas representam um corte radical com o nosso passado mais recente. Destaco sobretudo dois aspectos: a política de aquisições e a estratégia de comunicação. Falemos hoje do primeiro.
Desde que Bruno de Carvalho chegou ao Sporting, que a nossa política de contratações tem falhado sobretudo em adquirir alternativas fiáveis aos nossos melhores titulares. O nosso onze base de 2013/2014 até 2016/2017 era praticamente o mesmo: Rui Patrício manteve-se e quem o substituia nem sempre o fez da melhor forma. Cedric saiu e Schelotto ou João Pereira não estiveram à sua altura. Jefferson esteve na esquerda, substituído por Marvin na última época. Nos centrais, passámos de Rojo/Maurício para Maurício/Sarr ou Tobias, e depois para Coates/Semedo. No meio-campo William e Adrien mantiveram-se, enquanto João Mário tirou o lugar a André Martins e Gelson a Carrillo. Na frente, Slimani e Fredy Montero mantiveram-se, com Teo pelo meio a espreitar. Ano passado Bas Dost rendeu Sli na frente. Em traços gerais foi essa a evolução do plantel em quatro épocas. Tirando a entrada de Coates ou Bas Dost, creio que não tivémos mais nenhum upgrade de qualidade dos jogadores. Gelson Martins e João Mário vieram na formação, pelo que nestes casos não podemos falar de "aquisições". E mesmo Bas Dost não é propriamente um "upgrade", mas sim uma manutenção de qualidade face a quem substituiu.
Esta época tem sido muito diferente. Nas laterais podemos por em questão a disponibilidade física de Coentrão ou a qualidade de Piscinni (que até tem subido de rendimento), mas defensivamente estamos melhor que nos últimos anos. No meio-campo contratámos dois verdadeiros reforços - Battaglia e Bruno Fernandes. Para as alas adquirimos Acuña e mandámos regressar Iuri. Na frente, Doumbia tem-se revelado uma boa alternativa a Bas Dost. Falta ainda André Pinto, que verá a sua hora chegar assim que começarem os castigos aos nossos centrais, e o Bebeto Júnior, que espero ver já na Taça CTT "reclamar" por uma oportunidade no onze para o campeonato. Ristovski idem.
Escrevi algures entre as eleições de Março último e o final da época passada, que precisávamos de um director desportivo a sério. Octávio Machado chegou com um objectivo que praticamente se esfumou na primeira época que aqui esteve. Tínhamos de ter algo completamente diferente. Não mais um papagaio para mandar larachas para a imprensa ou fazer cara feia no banco de suplentes. Mas, entre outras coisas, ajudar à definição de uma política de contratações incisiva, com igual competência para efectivar contratações "complicadas". 
Se há palavra que ajuda a definir a política de contratações do Sporting desta época, é COMPETÊNCIA.  E não estou a falar apenas da qualidade dos jogadores. Refiro-me também ao timing (quase todos antes ou logo no inicio da preparação), bem como do esforço negocial nos casos onde aparentemente houve mais dificuldades, como com Doumbia. 
Confesso que não conheço bem a estrutura directiva do nosso clube. Sei que Carlos Vieira faz parte da área financeira, Vicente Moura era das modalidades até sair e que André Geraldes assumiu a parte da direcção desportiva do nosso futebol profissional. Ou, como agora se chama, o seu team manager. Desconheço qual a essência desta nova nomenclatura, mas acredito que seja basicamente a mesma do clássico "Director desportivo". 
A mudança de paradigma da nossa política de contratações coincidiu com a chegada de André Geraldes a team manager do nosso futebol profissional. No passado, prespectivando-se que seria ele a ocupar o cargo de Octávio, tive dúvidas de que a sua escolha fosse a mais acertada. Não sei bem se realmente a construção do plantel actual foi obra sua, mas sendo - como parece que é - apenas me resta engolir as minhas anteriores dúvidas e saudar o nosso presidente pela humildade em delegar essas competências no seu director, bem como a clareza de escolher essa pessoa para o cargo. E que no final da época possa alegremente dizer que André Geraldes "Foi a pessoa certa para o lugar certo!". 

Sem comentários:

Enviar um comentário