quarta-feira, 20 de setembro de 2017

A equipa de ontem e o padre Manuel Mota.

Se há competição que os sportinguistas mais se estarão "nas tintas" para a ganhar, ela é a Taça da Liga. Desde o famoso penalti do Pedro Silva, até ao "dolo sem intenção", esta competição é apenas a prova da forma como o nosso clube tem sido tratado pelas altas instãncias do futebol nacional: mal e porcamente.
Já era expectável que entre dois jogos para o campeonato no espaço de oito dias, e uma semana antes de recebermos o Barcelona e depois o porto, este jogo fosse encarado mais como um treino, tipo aqueles torneios de inicio de época, onde mais do que a vitória em si, interessa é dar ritmo ao jogadores e criar alternativas de jogo.
Apesar do empate sem golos, gostei de um modo geral da prestação dos jogadores. Não da "equipa" em si, pois juntar onze jogadores sem rotinas entre eles não é suficiente para criar uma "equipa de futebol". Mas houve sem dúvida oportunidades que foram aproveitadas. Outras nem tanto.
Começamos pela defesa. Num jogo contra outra equipa que também se apresentou com segundas linhas, mais interessada em defender o empate do que procurar a vitória, já se esperava que não tivéssemos muito trabalho defensivo. Mas do pouco que houve, os nossos defesas estiveram bem. Salin, excepção feita a uma deficiente reposição de bola com os pés na primeira parte, esteve seguro. Tobias e André Pinto também demonstraram consistência a defender, pecando apenas na fase de construção de jogo, onde ainda não estão ao nível da dupla titular. Os laterais também estiveram bem a defender. Destaque para Ristovski, que esteve muito bem na estreia e foi mesmo o jogador que ontem mais deu nas vistas. Raramente perdeu bolas para o rápido Piqueti e quando teve de atacar fê-lo bem. Jonathan esteve ao nível que nos habituou, muito combativo e voluntarioso, por vezes revelando alguma falta de serenidade.
No meio campo foi Petrovic quem esteve em destaque. Ganhou muitas bolas e na primeira parte foi o principal construtor de jogo da equipa. Enquanto teve pulmão foi um elemento preponderante, decaindo na segunda parte por clara falta de frescura física. Matheus Oliveira teve alguns pormenores interessantes mas ficou um pouco àquem do esperado. Precisa nitidamente de mais minutos de jogo para ganhar ritmo e rotinas. Já Alan Ruiz, por mais minutos que tenha, não consegue passar daquele "rame-rame" do costume. Posiciona-se bem, consegue ganhar espaços, mas quando recebe a bola demora uma eternidade para saber o que fazer com ela. Ontem teve (mais uma) oportunidade falhada para mostrar ser uma opção válida para titular da equipa. Bruno César foi o bombeiro do costume, correndo, posicionando-se, marcando as bolas paradas. De tanto para fazer, pouco acabou por fazer. Mas Bruno César é isso mesmo, um pau para toda a obra, o "habilidoso" da equipa que serve para tudo um pouco, sem ser especialista em coisa alguma.
Na frente, Doumbia não esteve nem bem nem mal. Ganhou espaços e bolas para golo, mas pecou na finalização. Por fim Iuri Medeiros, de quem se esperava muito mais do que apresentou ontem. Iuri mostrou bons pormenores no sábado passado e na retina de todos está o bom final de jogo que fez em Guimarães. Contudo, sente ainda dificuldades em assumir o jogo atacante, demonstrando alguma incapacidade para se libertar do peso da camisola. Face à habitual fadiga que Acuña acusa nos finais dos jogos, continuo a achar que Iuri é a melhor alternativa ao argentino. Mas com o regresso de Podence, e com Bruno César sempre à espreita, é tempo de Iuri arrepiar caminho, para demonstrar que tem lugar no nosso onze.
Por fim os suplentes. Battaglia e Acuña não trouxeram muito mais ao jogo. Acuña tentou dinamizar o flanco esquerdo e a sua entrada coincidiu com uma maior acutilância atacante de Jonathan, lembrando por vezes alguns dos melhores pormenores de Coentrão na ala. Podence entrou melhor, dando velocidade ao ataque. Contudo decaiu ao longo do jogo, deixando-se enrolar por alguma ansiedade. Precisa também de jogar mais vezes para recuperar a forma física e mental.
Uma nota também para o árbitro Manuel Mota, um dos padres do Estado Lampiânico. Num jogo sem grande interesse, o homem do talho revelou ontem que bem merece a estima que lhe depositam as altas instâncias do EL. Impressionante a forma passiva como ao longo do jogo actuou disciplinarmente sobre a equipa insular. Rídicula a forma como condicionou o jogo nos últimos 10/15 minutos, apitando toda e qualquer queda dos jogadores maritimístas, permitindo-lhes queimar tempo e quebrar o ritmo do jogo. O que aqui me assustou não foi tanto a arbitragem em si, mas sim aquela sensação de que se o padre faz uma missa destas numa prova menor, nem imagino o que poderá fazer em jogos para o campeonato. E é bom que toda a equipa perceba isto: temos de entrar em todos os jogos com a máxima atitude para ganhar, pois se caímos no erro de ter de depender dos padrecos, eles bem que nos fazem a extrema-unção.

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