segunda-feira, 8 de outubro de 2018

#NotPeseiro ou #PeseiroNãoDá

Quando no princípio de Julho escrevi este texto, estava impregnado de optimismo. Acreditava que era desta que o meu clube, conhecido por ter o karma mais negativo da Via Láctea, ia finalmente dar um pontapé nas forças más, oferecendo aos sportinguistas uma história de final feliz. Após um ano em que perdeu tudo no benfica, JJ conseguiu regenerar-se e limpou o campeonato na época seguinte. Peseiro, na mesma situação, foi despedido por maus resultados no início da época seguinte. Herrera, o patinho feio do dragão, ofereceu o último campeonato ao porto. No Sporting, conseguimos passar uma meia-final europeia épica, para depois perdermos a final de forma ridícula no nosso próprio estádio. O Sporting de Peseiro teria todas as condições para dar um pontapé no karma, mas isso "só acontece nos filmes". As coisas na vida real são diferentes.
O que aconteceu durante o verão de 2018 lembra-me aqueles namoros de férias, que todos tivémos na adolescência. Em Agosto vamos para a praia ou para a terrinha e por lá apaixonamo-nos por aquela rapariga deslumbrante, com quem acabamos a trocar beijinhos ao por-do-sol. No final das férias estamos convencidos que aquela relação está firme como uma rocha, mas com o regresso à cidade, à vida real, constatamos que tal não é possível, restando-nos a feliz memória de um verão bem passado. O Sporting 2018/2019 é parecido com isso. O inicio do campeonato superou-nos as (baixíssimas) expectativas que tínhamos e por momentos chegámos a acreditar na possibilidade de uma surpresa. Mas com o mês de Setembro e o regresso às aulas, fomos descendo à terra da nossa triste realidade. O futebol praticado era sofrível, apenas disfarçado pelos resultados positivos. A derrota em Braga, o quase descalabro ucraniano e esta última goleada algarvia marcam o fim do nosso lindo mas impossível sonho. 
E porque é este sonho impossível? Desde logo por tudo o que rodeou a preparação da época, cujas condicionantes são sobejamente conhecidas. Esperávamos um campeonato de "ano zero", ao nível de 2013/2014. Mas como o nosso plantel este ano até teria qualidade superior ao de Leonardo Jardim, tínhamos uma secreta esperança de repetir o feito do madeirense, pelo menos no que toca a lutar pelo campeonato até ao fim. Mas o problema é que José Peseiro não é Leonardo Jardim. Nem de perto, nem de longe.
José Peseiro tem actualmente um conjunto de rótulos que são conhecidos, como o do "pé frio". Não é só o campeonato perdido de 2004/2005, mas também as épocas no Braga e aquele final de temporada no porto, em 2015/2016. Outro rótulo que traz é o de privilegiar o futebol atacante, usando como exemplo precisamente a época em que perdeu tudo no Sporting. Ainda hoje vejo muito sportinguista a chorar-se por Peseiro não ressuscitar essa máquina trituradora de futebol atacante que era o Sporting em 2004/2005. 
A máquina de futebol atacante de José Peseiro não deu para conquistar um campeonato onde o campeão somou a miserável soma de 65 pontos. Perdemos jogos em casa com o Marítimo, Nacional ou Penafiel e fora em Setúbal. Levámos 3-0 no Funchal. Este foi o grande Sporting de 2004/05. Antes de treinar o Sporting, Peseiro tinha subido de divisão o Nacional e foi adjunto de Queiroz no Real Madrid. Depois de treinar o Sporting, Peseiro não conquistou praticamente nada de relevante, apesar de ter passado duas vezes por Braga e ter feito meia época com o porto, tendo levado os andrades à final da Taça de Portugal. O currículo de Peseiro está ao nível, digamos assim, de Paulo Sérgio. Pensar que Peseiro teria capacidade para nos levar a discutir o título até ao fim, estando os nossos rivais minimamente preparados para o mesmo, é utopia pura. Tão pura como a "máquina de futebol atacante" que, como se percebe, nunca existiu. 
Outro rótulo utópico que Peseiro entretanto obteve, já durante a corrente temporada, é a de ter modificado o seu modelo de jogo, passando a privilegiar mais parte defensiva em vez da avassaladora máquina atacante. Essa é a forma de justificar a absurda insistência do nosso treinador em utilizar o duplo pivô. O jogo de ontem é paradigmático desse absurdo: no lance do terceiro golo do Portimonense, que nasce de um canto, toda a equipa está a defender dentro da área, deixando dois ou três jogadores adversários à entrada da área sem marcação. Nakajima teve tempo para tudo, dominar a bola e colocá-la onde queria. Ainda bem que Peseiro está hoje mais defensivo, senão... Isto sem falar nas constantes perdas de bola no miolo, os chutões de Coates para a frente (lembram-se desse nossa grande playmaker chamado Polga?), as ridículas substituições no fim do jogo, as dispensas de jogadores prometedores como Matheus ou Geraldes, etc., etc.
Esta época, com este treinador, não vamos lá. Mas a mudarmos nesta altura, que mudemos garantidamente para melhor. Se é para virem Paulos Sérgios ou Vercauterens, então deixem ficar como está. Sempre poupamos em indemnizações.

1 comentário:

  1. Acho que o Peseiro levou à final da Taça UEFA e foi pelo lance de má memória com o luisão que não fomos campeões...e até jogávamos à bola nesse ano. Dá lá um pouco de tempo e no final da época fazemos contas. É aí que se fazem as contas finais.

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