segunda-feira, 15 de maio de 2017

Manter a sobriedade

Começo com um desabafo: ainda sou do tempo em que os sportinguistas diziam, e com orgulho, que éramos do único clube tetracampeão de Portugal. Hoje não só essa marca já é banal, como nos arriscamos a que daqui a um ano nos digam que somos os únicos a não ser penta... cala-te boca, que dás mau agoiro!
Adiante.
Perante a tragédia que está a ser este final de época, quando até estávamos a fazer uma 2.ª volta melhorzinha, tem-se estado a revelar aquela faceta tão típica nos sportinguistas: uma espécie de depressão, onde tudo o que está no clube é mau e o que está para vir é pior. É uma espécie de sebastianismo mas ao contrário. O sebastianismo acreditava no regresso do malogrado D. Sebastião para libertar a pátria subjugada. Nós acreditamos é na vinda de mais desgraças para o Sporting. E como já li algures na nossa blogosfera, esta época só não é mais trágica que a de 2012/2013 porque desta vez não acabámos em sétimo lugar...
Este fim de semana foi terrível para nós. As derrotas na Feira, no futsal, da equipa B... até a vitória do andebol teve sabor a derrota. Com os nossos vizinhos do lado em êxtase, foi com bastante custo que muitos de nós hoje tiveram de sair de casa para ir trabalhar e enfrentar o resto do mundo.
Com o jogo frente ao Chaves relegado para o mesmo plano que a final de sueca do Clube Recreativo de A-dos-Cãos, começamos já a fazer contas à próxima época. As palavras de JJ no final do último jogo foram mais um preparar de desculpas do que uma afirmação de vontade em preparar uma época radicalmente diferente desta. E se um dos problemas este ano foi a falta de atitude, assusta-me que quem tem o dever de a incutir demonstre (por enquanto) incapacidade em cultivá-la. Que não nos costumamos dar bem com inícios antecipados de época, já o sabemos. Que são muito os constrangimentos em ser um dos principais fornecedores de jogados à selecção, também o sabemos. Que pagamos uma pipa de massa a um treinador para, na medida do possível, tornear esses e outros contratempos, era o que eu gostava. 
Obviamente que precisamos de reforços em algumas posições chave do plantel, como nas laterais da defesa. Precisamos de mais um jogador no meio-campo que faça a diferença, puxe pela equipa, gere intensidade nas transições ou na posse de bola. Alguém para jogar ao lado ou à frente de Adrien. E precisamos também de um segundo avançado ou ponta de lança com faro para golo, que nos faça esquecer os Teos e os Castaignos desta vida. E isto se nenhuma das nossas pedras basilares sair, porque se Adrien, William Carvalho (não este, mas o da época passada), Rui Patrício, Coates ou Bas Dost saírem, terão de ser substituídos por alguém à altura.
Para já, não estou muito entusiasmado com os nossos reforços. André Pinto talvez seja uma boa opção para disputar com Rúben Semedo ou Paulo Oliveira o lugar ao lado de Coates, mas para já não será o "patrão" da defesa. Gelson Dala, pelo que tem jogado na equipa B, será o sucessor natural de Castaignos no plantel principal. Não acredito que JJ desperdice o talento do jovem angolano, a não ser que a pré-época corra muito mal para o avançado (benzo-me repetidamente!!!). Para as laterais, o primeiro nome não me entusiasma. Piccini soa-me demasiado a Schelotto, o que para mim é deprimente. O galgo pode correr muito e tal, mas na prática não é mais do que um Marian Had com jeito para a restauração italiana. A centrar é uma lástima e a defender não é regular. Curiosamente é o mesmo que se diz de Piccini. Quando à outra quase contratação, o filho de Bebeto, pergunto-me se um jogador "jeitozinho" do Estoril é o ideal para ser o dínamo do meio-campo do Sporting. Já nem vou ao ponto de perguntar o que é que este Matheus tem de diferente do nosso Matheus, do Geraldes ou do Gauld, não entro por aí (perdoem-me, mas tenho muitas dúvidas que qualquer um desses jogadores seja hoje uma opção válida para o onze inicial de um candidato ao título português). Se o objectivo era contratar alguém com ADN de estrela, então a escolha foi acertada. Agora se a ideia era injectar dinamismo e criatividade na equipa, mas sem o jogo pausado de Alan Ruiz, tenho dúvidas da utilidade dessa transferência. 
Para já não tenho muitos motivos para ficar entusiasmado com a próxima temporada, antes pelo contrário. Mas apelo a que todos os sportinguistas mantenham um pouco de sobriedade nesta fase da época, onde tudo nos parece mau ou não presta. Esperemos serenamente a preparação do plantel, o início da pré-época e os primeiros jogos amigáveis. Faço cruzes, e lá no fundo acredito, que esta época não tenha passado de um sonho mau, um dia difícil, o passo atrás antes dos três ou quatro à frente.

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