domingo, 1 de setembro de 2019

#XauKeizer e outras pérolas da estrutura fantástica

Quando no domingo passado chegou ao fim o nosso jogo com o Portimonense, ri que nem um desalmado. Acabávamos de chegar ao primeiro lugar, jogando um futebol miserável, previsível, onde a única táctica coerente é a de "passa ao Bruno que ele resolve enquanto corre com a bola".
Apesar de saber que aquela liderança era tão normal como a do Famalicão no final desta jornada, não pude deixar de sentir aquela sensação que o futebol ainda nos consegue ir dando. Aquela sensação de "então e se...". Imaginei um Keizer de mangas arregaçadas, a correr ao lado dos seus jogadores puxando por eles, enquanto lhes gritava "run, run motherfuckers, the title its in front of you, go catch it". Imaginei o Beto e o Hugo Viana a colar excertos das notícias da derrota da Supertaça ou excertos dos mails do benfica nos cacifos dos jogadores. Imaginei um leão a lamber as suas feridas, a olhar para si próprio e dizer "sim, eu quero, eu consigo, vamos lá".
Tudo não passou de um lindo sonho de verão. Keizer continuou preso na sua teia de autismo e apatia, demonstrando uma ambição digna de uma anémona ou de uma tulipa holandesa. Como se temia, bastou apanhar pela frente uma equipa minimamente organizada, com qualidade na circulação de bola e matreira o suficiente para explorar as costas da nossa defesa, para toda a nossa estratégia se desmoronar como um castelo de cartas.
A sorte de Keizer é que o Sporting ainda não conseguiu despachar todos os seus bons jogadores. Tem-se esforçado para isso, mas alguns ainda vão ficando e aguentando o barco. Ontem, mais uma vez, lá teve de vir o Bruno Fernandes rebentar a defesa vila-condense e empatar o jogo, enquanto na segunda parte, após um ressalto de bola, Luis Phellype só teve de encostar para o segundo golo. Estava consumada a reviravolta, mas no estádio pairava aquela ideia de que tudo tinha caído do céu aos trambolhões. Keizer parecia ofuscado com tanta felicidade e lá decidiu que o melhor seria reter a bola no meio-campo e tentar acalmar o jogo, em vez de aproveitar o embalo da equipa e tentar matar o jogo a trinta minutos do fim.
O resto é sabido. O Sporting decidiu continuar a deixar de jogar, entregando a posse de bola ao adversário. Pelo meio, Keizer não soube equilibrar a equipa de forma a ela não ficar em desvantagem nos duelos do meio campo. Carvalhal cheirou o medo do seu adversário e foi com tudo para disputar o resultado nos últimos minutos. Coates é tão somente o espelho deste Sporting: perdido, desorientado, animicamente quebrado. E éramos nós os lideres da liga.
Pelo caminho, o padre de serviço fez-lhe o que competia. Decidiu sempre contra os mesmos nos lances duvidosos. Mas fica por aqui a minha crítica à arbitragem. Não consigo falar de arbitragem quando esta derrota é fruto único e exclusivo da nossa (falta) de atitude. Fosse com ou sem penaltis, não conseguiríamos ganhar este jogo porque o nosso treinador não teve ambição para tal. Mesmo que o Acuña até conseguisse meter aquela bola dentro da baliza, cairíamos no próximo jogo pois este treinador simplesmente não tem mentalidade vencedora, não é um campeão.
E a nossa direcção, como fica no meio disto tudo? Fica mal, como é óbvio. Keizer foi uma escolha pessoal do presidente e anunciado como peça fundamental da sua estrutura para o futebol. Ao fim destes meses todos até dói pensar nisto. Acredito que Keizer, antes de chegar a Portugal, soubesse tanto do Sporting e do futebol português como eu sei do Ajax e do futebol holandês - Pouca coisa. Mas para isso mesmo é que serve uma estrutura para o futebol. Hugo Viana e Beto estão lá para, entre outras coisas, explicar que o Rio Ave faz-nos sempre a vida negra em Alvalade e que Carvalhal é dos treinadores mais experientes do futebol português. Estão lá para explicar que o Sporting joga sempre, SEMPRE, para ganhar. Para lhe dizer que em Portugal é demasiado fácil marcar-nos três penaltis contra, termos mais cartões amarelos e jogadores expulsos do que os nossos rivais directos. E se Hugo Viana ou Beto não servem para isso, bolas!!!!, está lá o Varandas, que assistiu a isto tudo durante anos a fio sentado no nosso banco de suplentes. 
E a cereja em cima do bolo, da nossa tal estrutura que Varandas prometia ser fantástica, é a incapacidade de conseguir contratar um trinco ou um ponta de lança com o mínimo de capacidade para jogar de inicio na nossa equipa. Pelo contrário, desbarataram os melhores que lá tínhamos: Nani, Montero, Bas Dost, agora Raphinha, e veremos como será com Bruno Fernandes. Pelo caminho ficou a prometida aposta nos jovens, que se esfumaçou assim que o estágio suíço terminou. 
A menos de cinco horas do fecho do mercado rezo à espera que a maravilhosa e ultra fantástica estrutura de futebol do Varandas desencante um ponta de lança e um trinco com capacidade para jogar no onze inicial. E que tenha a lucidez de perceber que com este treinador não vamos a lado nenhum, que temos de ir buscar outro com outro perfil.
Por fim uma palavra para o estado do nosso clube. Estamos compulsivamente a vender, em alguns casos mesmo em modo "saldos". Foi a venda de Bas Dost, com números ridículos, foram as saídas a custo zero de vários excedentários do plantel, é a tentativa quase desesperada de despachar Bruno Fernandes, foi agora este empréstimo de Bruno Gaspar a um clube com quem estamos em litígio, sem qualquer contrapartida financeira para o nosso lado. E agora parece que nos preparamos para vender aquele que tem sido o nosso melhor extremo no início do campeonato. Porquê esta postura frenética de vendedor compulsivo? Há alguma coisa nas contas do clube que não sabemos? O que é que mudou nas últimas semanas? Não concretizámos o empréstimo obrigacionista? Não conseguimos acordo com uma entidade bancária para fazer o factoring do contrato da NOS? Ou a direcção dá uma explicação cabal sobre esta loucura dos últimos dias ou então sinto-me tentado a acreditar que existe mesmo um plano para desfalcar o plantel, com o intuito de desvalorizar a SAD... e todos sabemos como terminaria essa história. 
Frederico Varandas cada vez mais se assemelha a um daqueles betos arrogantes e bazófias da Lapa, que acha que é o maior porque o pai lhe ofereceu um Maserati. O futebol era o mais fácil, a sua estrutura a melhor do mundo, ele o messias salvador do clube. Esperemos sinceramente que Varandas desça à terra nas próximas horas e perceba onde lançou o clube. A continuar desta maneira, não lhe auguro melhor destino do que Godinho Lopes em 2013. 

4 comentários:

  1. Viram, têm visto os jogos da equipa sub-23? Qualquer dia, teremos de jogar com eles e nem ficaríamos nada mal servidos.

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  2. "Há alguma coisa nas contas do clube que não sabemos?"
    Se alguém não sabe quanto é que é preciso vender para equilibrar as contas do orçamento desta temporada é porque não quer, visto que é público e aprovado em assembleia geral. E digo mais: se o Bruno Fernandes fica, com um impacto da renovação de contrato, estás vendas não vão ser suficientes

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  3. O desfalque do plantel serve dois propósitos, desvalorizar-nos financeira e desportivamente, colocar os sócios perante duas hipóteses, a falência ou a venda da SAD a preço de saldo. Rogério Alves, o master mind da golpada, o coveiro do Sporting, está de novo no bom caminho para conseguir aquilo que já tinha tentado com Godinho Lopes e que só não conseguiu porque apareceu um maluco que lhe estragou os planos.

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    1. Cheira mal, é certo, mas cheira-me que é isso mesmo.

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