terça-feira, 24 de setembro de 2019

A bazófia varandense ou como pela boca morre o peixe

Regra de ouro: se não queres ser lobo, não lhe vistas a pele. Também não a vistas se não tens arcaboiço para tal. Podes dar-te mal.
Vem esta introdução a propósito do presidente do nosso clube, o tal que me disse a mim, em Agosto, para não estar preocupado. Sim, esse mesmo. Aquele que diziam que futebol era "fácil, fácil". 
Começo por dizer que Frederico Varandas, enquanto médico do nosso clube, sempre me mereceu a mais elevada consideração. Depois de um inenarrável Gomes Pereira, onde tudo o que era aleijado e perneta passava nos testes médicos, sem falar as lesões crónicas que se arrastavam pelos corredores, Varandas surgiu como uma lufada de ar fresco no departamento médico. Como ele apareceu lá, não vou comentar. Com ou sem cunha, Varandas foi um excelente profissional e por isso merecedor de toda a estima do universo leonino.
Diz também outro ditado que "em arca aberta, o justo peca" ou "a ocasião faz o ladrão". Trocado por miúdos, diria que o sempre sábio povo quis assim caracterizar aquela coisa tão humana que é de ceder às tentações, quando elas nos aparecem à frente. E essas tentações surgem no futebol de diversas maneiras, todas elas muito apelativas: sob a forma de um contrato chorudo que lhe acenam de um campeonato mais competitivo, ou aquele reconhecimento público em festas e saraus, só ao alcance das personagens mais mediáticas. Enfim, lá saberão porque dizem que as luzes da ribalta são intensas e ofuscam quem delas se aproxima. 
Foi o que aconteceu em Maio de 2018 com Frederico Varandas. No meio de uma das tempestades mais violentas que assolou o território leonino, alguém soprou ao ouvido do respeitado e consagrado médico que estava ali uma oportunidade de ouro. Varandas, é fácil de imaginar, terá numa primeira fase afastado essa voz sussurrante, tal o temor que lhe inspiraria a ideia de tomar conta de um clube em cacos. Mas da mesma forma que o canto sussurrante das sereias guiavam os barcos dos inauditos viajantes contra as pedras, também o nosso consagrado médico se deixou hipnotizar perante outros "cantos de sereia". Viu ali a "arca aberta" da oportunidade de ascender a presidente do seu clube. De repente, todo aquele temor inicial se desvaneceu, os seus olhos arregalaram-se perante a prespectiva de se sentar na cadeira presencial, sentindo uma leve tesão com a ideia de deixar de ser tratado como "senhor doutor" e passar a ser o "senhor presidente". E foi assim que, ainda a poeira em torno de Alcochete andava pelo ar, surgiu-nos pela frente o doutor Varandas, qual Dom Sebastião a atravessar o nevoeiro, recebido logo pela comunicação social maldosa como herói providencial da nação leonina. Quando o leão deveria estar recolhido no seu covil a lamber as feridas, Varandas preferiu romper com tudo e declarar guerra. Foi o primeiro a mandar às malvas a tal "união" que agora defende, apresentando-se como candidato de umas eleições que nem sequer estavam cogitadas. Marcou um passo claramente maior que a sua perna.
O jovem médico, quiçá para demonstrar a sua faceta de herói duro e único com estofo capaz de reerguer a nação leonina, uma espécie de Churchill do Sporting, resolveu vestir a sua pele de lobo. O problema, logo para começar, é que Varandas não é "lobo". Não tem estrutura mental, arcaboiço intelectual ou conhecimentos empíricos de futebol para ser um "lobo". Ao contrário de Bruno de Carvalho, com quem Varandas se queria equiparar, o ex-médico não tem dom de palavra nem de oratória, não tem estofo para tomar uma decisão da qual possa resultar uma crise contra meio mundo desportivo. Varandas não despediu Keizer no final da época passada porque não tinha estômago para enfrentar as indignações dos Abrantes Mendes desta vida. Não foi até às últimas consequências com os processos de rescisão porque teve medo de perder a acção, mesmo sabendo que também a poderia ganhar. Preferiu aproximar-se de Jorge Mendes do que manter os princípios do Sporting. Nos momentos decisivos, Varandas encolhe-se. Tal como ontem Leonel Pontes se encolheu e tirou Vietto da equipa. Neste momento temos um clube que é o espelho de quem o dirige, isso é inegável.
Pelo meio, para dar mais crédito à sua pele de lobo, o cordeiro Varandas enveredou naquele caminho patético que encontra respaldo em muita "elite" croqueteira: aquela bazófia bacoca, importada do outro lado da segunda circular, que não é mais do que uma tentativa de infantilizar os sócios leoninos. Essa bazófia do "fácil, fácil", "não estou preocupado" ou "temos uma grande equipa", mais não serviu do que atirar areia para os olhos de todos aqueles que assistem espantados e consternados à queda abrupta da qualidade da nossa equipa de futebol. Há dois anos ombreavamos em Alvalade contra Juventus ou Barcelona. Hoje somos trucidados em casa por qualquer clube que saiba circular a bola e explore as nossas fragilidades defensivas. Fácil, não é?
Mas se a bazófia croquete de um Pedro Madeira Rodrigues foi facilmente desmascarada e ridicularizada pelo universo leonino, já a de Varandas custou-me que tenha sido aceite e engolida pelos sócios, pois um olhar atento pela campanha eleitoral já deixava adivinhar essas fragilidades no ex-médico. Por isso defendo que o mandato de Varandas seja levado até ao fim, para todos aqueles que o apoiaram e nele votaram sintam bem as consequências dos seus actos.
Quanto à presente época, onde à sexta jornada já estamos a 8 pontos do primeiro lugar, só peço uma coisa: um treinador competente e de renome, com pulso forte, para impedir que aquele balneário fique mais estraçalhado que a cidade da Kandahar.

4 comentários:

  1. Criticar a bazófia dos outros quando se dizem coisas como "ombreavamos com Barcelona e Juventus" é mesmo de quem não se enxerga.

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    1. Claro, porque a importância da minha opinião, ou de outro adepto qualquer, é igual à do presidente do Sporting Clube de Portugal. Pensava que tínhamos corrido com o presidente adepto precisamente para evitar mais conversas de café. Enganei-me.

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  2. ó chikenzinho , percebeste o que o homem queria dizer ou e´ preciso um desenho ?? quanto ao gago mental foi um patético erro de casting , embora o homem seja um pau mandado daquela elite merdosa que dirigiu os destinos do clube durante décadas com os resultados desastrosos ( tanto desportivos como financeiros )que tem como expoente máximo o rogerio alvez .

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  3. Se, como defende, o mandato do Varandas for levado até ao fim, temo que a SAD deixe de nos pertencer e o Clube ficará em tão más condições que dificilmente será recuperável.
    Eu compreendo que os sócios que elegeram este incompetente mereçam isso, mas infelizmente não é possível. tem que haver eleições de imediato correr com esta corja, especialmente com Rogério Alves que é, desde há muitos anos a esta parte, o cabecilha que, na sombra, e com o propósito de lucrar com a venda da SAD, tem levado o Sporting aos piores momentos da sua história.

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