sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Varandas e a ética merdosa, da elite merdosa

Na vida deparamo-nos com vários tipo de situações: as chatas, as tristes, as alegres ou as efusivas. Também há outro tipo de situação que não consigo nomear, mas que posso descrever: é aquele misto de sensação em que estamos de tal modo amedrontados com o que possa acontecer, que ao mais pequeno brilho de sol quase que rebentamos de euforia. É uma espécie de síndrome de Estocolmo, mas amplificado a uma escala quase infinita.
O Sporting tem-me proporcionado momentos em que passo por esse tipo de situações. Fico alegre com cada vitória nossa e um dos momentos mais efusivos da minha vida terá sido com o golo do Miguel Garcia ao Az Alkmaar ou do André Cruz ao Salgueiros, a 14 de Maio de 2000. Também me proporcionou coisas chatas, como aquele empate em Setúbal há dois anos, nos últimos minutos. Mas ultimamente tem-se aprimorado em proporcionar momentos tristes aos seus adeptos. O jogo contra o Boavista foi de uma tristeza sem fim, como tantos outros jogos que fizemos nestas últimas semanas. Quanto à situação de Síndrome de Estocolmo elevada à décima potência, passei por ela ontem. Dei por mim a ouvir deliciado o comentário cândido e simpático do comentador de serviço da SIC, relatando coisas como "até nem estão a jogar mal", "bom inicio de jogo", "controlo sobre o campo", quando o que eu via na TV era o Sporting a jogar contra um banal PSV, que sem grande esforço marcou 3 golos em jogadas que pareciam saídas de jogos de treino contra equipas inferiores. Cheguei ao ponto de exuberar com a exibição de uma equipa só porque ela conseguia transportar a bola da defesa para o ataque em 3 ou 4 toques de bola. Rejubilei de satisfação por ver que o nosso meio-campo conseguiu ontem falhar menos saídas para o ataque do que tem sido costume. E a cereja em cima do bolo, que foi a entrada de um avançado jovem, que por razões que se desconhecem não foi inscrito na Liga, mas que ao fim de 70 segundos em campo fez o que mais ninguém em campo estava a conseguir fazer: marcar um golo.
Hoje, encaro um jogo do Sporting assim mesmo. Só espero que façam umas jogadas bonitas ao longo dos 90 minutos, que falhem poucos passes e que tenham vontade em contrariar a tendência negativa dos jogos. Mas só isso não chega. Acho que ontem até jogámos um poquito melhor que no Bessa (ou menos mal, se preferirem), mas só isso não chegou para impedir a derrota diante de um adversário que jogou a passo a maior parte do tempo.
As coisas poderiam ter sido muito diferentes se quem comanda o clube percebesse que no futebol não ganham as boas intenções, nem aquela ética bacoca que uma determinada elite ainda hoje defende para o nosso clube. Quem ganha é quem tem os profissionais mais competentes, mais sabedores e mais trabalhadores, sejam eles os directores, os médicos, os treinadores ou os jogadores. Logo à cabeça surge-nos a questão do treinador, cuja (falta de) competência para treinar o Sporting já havia sido demonstrada na época passada. Justificar a sua continuidade com a desculpa de que não se deveria despedir alguém que ganhou duas taças, é um argumento cobarde e intelectualmente indigente. Cobarde, porque revela falta de coragem que quem decide em assumir o óbvio. Intelectualmente indigente, porque revela a fraqueza de espírito desta gente, que preferiu esconder-se atrás de uma ética duvidosa do que assumir a vontade em ter uma equipa ganhadora. A mesma ética duvidosa que muitos defenderam, em 2015, para não se despedir Marco Silva, que havia ganho sofrivelmente uma taça, coroando uma época onde a produção desportiva foi pouco mais que medíocre. A mesma ética que impediu o Sporting de ter procurado treinador mais capaz do que o sofrível Paulo Bento e os seus meritórios segundos lugares ou que defendia a continuidade de Peseiro na época passada, porque ele era uma pessoa simpática e coiso.
Será que esse tipo de decisões, tomadas contra essa ética merdosa do nosso clube e alimentada por uma elite não menos merdosa, só poderão ser tomadas por presidentes "aditivados" e mentalmente desequilibrado? Será muito pedir um presidente com personalidade forte, que saiba o que quer e não tenha medo de pensar e tomar decisões pela sua própria cabeça?
Não sei o que o nosso departamento de futebol pensa neste momento. Mas há um pensamento que me invade e me prende os movimentos, tal o pânico que me inspira. Leonel Pontes, já se viu, não tem arcaboiço para estas andanças. Mas se por ventura tiver a sorte de lhe cair um ou duas taças no colo, arriscava-se a continuar treinador para a próxima época. Pelo sim, pelo não, aconselho Hugo Viana e companhia a procurarem um excelente treinador para pegar na equipa já durante esta época, não vá o Leonel ganhar mesmo as taças e depois, lá está, terem de o manter para a próxima época, porque despedir um treinador assim não é "bonito".
Já não peço contratações de bons jogadores, nem inscrição dos nossos jovens na Liga. Só peço um bom, excelente treinador para disputar o que falta desta época com a dignidade que o nosso emblema merece. Temo muito que se isso não acontecer, Varandas dificilmente terá oportunidade em preparar mais épocas, enquanto presidente.

3 comentários:

  1. Os meus festejos com a conquista da Taça de Portugal devem ter durado pouco mais de cinco minutos, pois logo me assaltou a ideia que iríamos levar com o Keizer por mais uns tempos. Infelizmente os meus receios vieram a confirmar-se e hoje não tenho dúvidas em afirmar que teria de bom grado trocado a 17ª taça pelo despedimento do treinador no final da época e pela humilhação na Supertaça.

    ResponderEliminar
  2. o sofrível paulo bento com um orçamento de 20 milhões ganhou 2 taças e 2 supertaças e só não ganhou campeonatos porque tinha um guarda redes fraco e sem estaleca ( franguicio )e devido também a algumas arbitragens manhosas . alem disso ainda teve que levar com um individuo que foi dos piores presidentes que o SCP já teve .

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Concordo com a parte do presidente. Filipe Soares Franco foi mau a todos os níveis, mas teve a sorte do seu mandato ter coincidido com uma fase má do benfica, pelo que sem fazer grande esforço, conseguiamos acabar os campeonatos em segundo lugar. A herança do FSF, essa sim, foi uma herança pesada.

      Eliminar