quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Voltar ao lugar onde fomos felizes

Diz o adágio popular que nunca devemos voltar ao local onde já fomos felizes. Fredy Montero já foi feliz em Alvalade e os sportinguistas já foram felizes com ele no Sporting. Tal como escrevi aqui há uns dias, a sua saída em 2016 foi um erro que nos custou caro. Mas fará sentido trazê-lo de volta agora, passados dois anos da sua saída?
Montero foi uma das figuras que marcaram o nosso futebol entre 2013/2014 e 2015/2016. Está ligado ao bom arranque da época de Leonardo Jardim, apesar de ter perdido fulgor a meio da temporada. Passaria de titular indiscutível a suplente de Slimani, sem perder aquele sentido de profissionalismo que sempre o caracterizou. Assim de repente lembro-me de três jogos em que saltou do banco para marcar golos decisivos: foi assim na final do Jamor em 2015, quando marcou o golo do empate, foi assim em 2015/2016 quando perto do fim marcou o golo da vitória ao Nacional e também na reviravolta em Alvalade contra o Braga, onde ganhámos  depois de estarmos a perder por 0-2.
A sua saída em 2015/2016 foi-nos apresentada como um mal menor, pois seria o resultado da nossa ausência da Liga dos Campeões nessa época, além de que era um negócio de ocasião por um suplente de 28 anos. Se financeiramente a sua venda até resultou, desportivamente foi um fiasco. Ninguém se lembrou de que Slimani poderia ter passado parte da segunda volta a ser cozinhado em lume brando, com a história do castigo-não-castigo. Teo Gutierrez, que poderia ser o sucessor de Slimani na posição de matador, passeava-se nas praias da sua Colômbia natal. Barcos, que veio para o Sporting no meio do negócio de Montero, não marcou qualquer golo. E pelo caminho cedemos dois empates sem golos em Guimarães e em casa diante do Rio Ave, que permitiram a aproximação do benfica e consequente ultrapassagem após o derby. Com Montero teria sido diferente? Nunca saberemos a resposta, mas atendendo à apetência do "Avioncito" em marcar golos decisivos saltando do banco, podemos acreditar que sim. Pior do que com Barcos, não ficaríamos de certeza.
Chegados à presente temporada, vemos todos que a equipa necessita de mais uma opção atacante. Temos dois avançados, o mortífero Bas Dost, o ponta de lança tradicional de área, e o móvel Doumbia, aquele avançado rápido e ideal para jogar contra equipas subidas, que como sabemos não abundam na nossa Liga. Precisávamos de uma outra opção, especialmente para o lugar de Bas Dost, que nos permitisse suprimir as suas falhas ou ausências. Um jogador que previsivelmente passe mais tempo no banco do que a jogar, mas que a sua chamada á equipa permita garantir entrega e empenho na procura do golo. E o golo. Na primeira volta esse lugar esteve entregue a Gelson Dala, que no entanto foi pouco utilizado por JJ, talvez por não ter ainda maturidade suficiente para desempenhar o papel de suplente decisivo. Saíndo a pérola angolana para Vila do Conde, ficava o plantel com um lugar vago. Pensar que Rafael Leão preencheria a posição, é algo ingénuo. O nosso "menino" ainda tem que crescer e aquela posição pede mais experiência do que irreverência. Vindo Fredy Montero, parece-me óbvio que é a melhor escolha para esse lugar. E sendo Fredy um homem-golo, a sua vinda não será certamente para ombrear com Podence, que tem mais mobilidade e menos golo que o colombiano. São jogadores diferentes e que jogam em pontos distintos do terreno, podendo até se complementar.
Resta agora perceber se a idade não amaciou o instinto matador do colombiano, que ainda hoje é criticado pela forma pouco intensa como por vezes actuava em campo. Ou se pelo contrário, a experiência tornou-o ainda mais incisivo e aguçou-lhe aquele sentido que os pontas-de-lança mais experientes tem, de conseguir estar no local exacto onde aquela bola cai redondinha.
Uma coisa é óbvia, para sermos campeões esta época, temos de fazer uma segunda volta perfeita. E para conseguirmos essa perfeição, temos de nos dotar dos melhores possíveis para cada posição. Estou a gostar da nossa abordagem ao mercado de Inverno, pois é essa mesma perfeição que se está a tentar assegurar. E se assim for, não haverá perna aberta, passadeira encarnada estendida ou bancada em ruínas que nos consiga parar.

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