quinta-feira, 2 de março de 2017

Balanço da campanha eleitoral

A menos de 48 horas do início do acto eleitoral, penso que já é possível fazer o balanço da campanha eleitoral dos dois candidatos à presidência do Sporting.
Tal como as campanhas eleitorais para os nossos órgãos políticos, também esta teve a particularidade de ter sido pobre, ficando pela "troca de galhardetes" entre os candidatos e predominando o soundbyte face ao debate de ideias ou projectos.

Contexto eleitoral:
Antes de fazermos o balanço destas últimas semanas, temos de analisar o actual momento do clube. Ao fim de quatro anos de mandato, Bruno de Carvalho pode muito bem apresentar como seus trunfos eleitorais a recuperação económica e desportiva do clube. Da falência inevitável, passamos a clube lucrativo. Renegociámos a dívida com a banca e conseguimos um excelente contrato de patrocínio com a NOS. 
Desportivamente, nestas últimas épocas, a equipa principal de futebol tem estado na luta pelo campeonato. Os sócios e adeptos ainda não esqueceram a última época, onde o campeonato nos fugiu por razões exógenas. Junte-se a isto a recuperação de modalidades históricas do clube, como o andebol e o hóquei em patins, a consagração hegemónica do nosso futsal e o aparecimento bem sucedido do futebol feminino. A cereja no topo do bolo será a concretização do Pavilhão João Rocha, que finalmente debelará uma das lacunas mais preocupantes do nosso clube, que era a falta de um espaço único nosso para as modalidades.
A recuperação dos sócios, o crescimento das assistências no nosso estádio, a onda verde criada em todo o país a que assistimos quando jogamos fora. Tudo sinais de uma vitalidade que há quatro anos julgávamos já irremediavelmente perdida para o nosso clube. Perante a constatação clara e evidente que o nosso clube está melhor em 2017 do quem em 2013, seria muito difícil a qualquer adversário ganhar as próximas eleições ao actual presidente.

Dos candidatos à presidência:
Apesar do mini-tabu, era por demais evidente que Bruno de Carvalho se candidataria ao próximo acto eleitoral. A sua candidatura surpreendeu quem tem vindo a defender que nestes quatro anos se tem assistido à divisão dos sócios. A lista de apoiantes abrange vários quadrantes políticos, sociais e económicos de sócios do clube. A presença de, por exemplo, José Maria Ricciardi na sua comissão de honra é um bom exemplo dessa abrangência: se por um lado a presença deste nome lembra um passado negro recente, por outro lado BdC não quis ostracizar um sócio que, diga-se em abono da verdade, representa um segmento da nossa sociedade do qual ainda necessitamos - a banca.  É este tipo de pragmatismo que espero que BdC empenhe no clube, caso ganhe as eleições. 
Após alguns esboços de reacção, do lado da oposição apenas saiu um nome, o de Pedro Madeira Rodrigues. O candidato surpreendeu inicialmente pela forma motivada como se apresentou aos sócios. Prometeu trabalho, vitórias e uma estrutura "fortíssima" para o futebol. A forma como se soube cercar de uma imprensa "amiga" era um desanuviamento face aos últimos anos de conflito entre o Sporting e a Comunicação Social. Com um currículo profissional competente, PMR parecia ser um nome credível para ser alternativa ao actual presidente.

Decorrer da campanha:
Tendo o duplo prejuízo de ser um desconhecido e ter de correr contra o tempo, PMR tentou logo de inicio puxar pelos focos mediáticos. Agradou-me inicialmente a motivação que empregou nestas eleições, em contraste com algum desgaste evidenciado por BdC. Com o passar do tempo a candidatura de PMR foi perdendo gás. Foi-se percebendo que o seu projecto para o futebol era, afinal, uma manta de retalhos e de terceiras opções. Apesar das boas indicações iniciais e da sua boa prestação no debate com BdC, o candidato acabou por resvalar para o ataque pessoal e por um quase doentio anti-brunismo. Nos últimos dias, a sua campanha entrou numa completa agonia, não parecendo ter capacidade para, sequer, se aproximar de um resultado eleitoral semelhante ao de Bruno de Carvalho.
Bruno de Carvalho soube nestas semanas proteger a sua imagem. Parecendo demasiado defensivo, outras vezes cansado, o actual presidente conseguiu manter algum distanciamento sobre o seu opositor, negando-se a entrar no ataque pessoal. Após o debate televisivo, BdC voltou a usar a sua plataforma favorita - o Facebook - para desferir alguns ataques a PMR. Apesar desta fase mais crispada da sua campanha eleitoral, tal acabou por passar praticamente despercebido aos sportinguistas, pois estes estavam mais entretidos a assistir ao espalhanço do seu opositor. 
Apesar da campanha eleitoral pouco inspirada de BdC (em 2013 esteve muito melhor), acabou por beneficiar da mediocridade da campanha adversária, mostrando que por vezes o silêncio é de ouro (que lhe sirva de lição para o futuro).

Prognósticos para sábado:
À primeira vista, pelo que as redes sociais e os blogs vão reproduzindo, diria que a única dúvida para sábado é se Bruno de Carvalho vai ganhar por muito ou por pouco. Os espaços de opinião tem sido concordantes no que toca ao merecimento do actual presidente em ter mais um mandato à frente do clube. Mesmo os opinadores contra a actual direcção reconhecem que a campanha de PMR ficou aquém das suas expectativas. Mas será mesmo assim no mundo real?
A questão que aqui se põe, e é onde PMR deposita a sua esperança, reside no facto de que os espaços de opinião não constituem uma boa amostra do universo de eleitores. Primeiro, porque quem aí comenta se calhar nem pode votar no sábado. Segundo, atente-se que as novas tecnologias são mais utilizadas por faixas etárias inferiores, logo com menor capacidade eleitoral activa. Creio que tal foi evidente nas eleições de 2011, onde o eleitorado brunista, mais numeroso mas jovem, foi batido pelo eleitorado mais antigo de Godinho Lopes (urnas desaparecidas à parte). Confesso que neste momento não tenho a percepção sobre quem apoiará esse eleitorado mais antigo, pelo que aqui talvez resida a chave da vitória folgada de BdC. Ou da sua derrota.
Uma vitória de PMR será sempre uma grande vitória sua. Já BdC, se não conseguir um resultado expressivo (acima de 60/70% sempre), deverá encara-lo com um aviso à sua navegação. Mas deixarei essa análise para depois de dia 04 de Março.

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