segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

#NotKeizerBall

Poucochinho.
Antes do jogo, ouvi muito sportinguista a lamuriar-se da tragédia que estaria prestes a chegar. Sérgio Conceição iria entrar com tudo em jogo e só a ajuda divina nos poderia impedir de sermos goleados no nosso próprio estádio. O jogo em si não revelou a tão temida humilhação em casa. Pelo contrário, até foi equilibrado. Quem não soubesse da classificação das duas equipas até seria tentado em concordar que, pela forma como decorreu a partida, o empate satisfez as duas equipas. Aqui começaram os nossos problemas.
Tarde fantástica de Janeiro, com muito sol, muita gente, muitas famílias a deslocarem-se ao estádio, numa tarde onde revivi os clássicos vespertinos nos idos anos 80. A hora do jogo confirmou tudo aquilo que sempre soubemos mas que alguns teimam em ignorar: o futebol disputado à luz do sol faz toda a diferença. O ambiente estava propício a um grande espetáculo de futebol, com o estádio cheio e as claques a puxar pelos seus clubes. Infelizmente o futebol jogado não correspondeu à envolvência. Poucas oportunidades de golo, num jogo mais tático do que espetacular. No final o empate não nos serviu para nada que não a constatação do óbvio, de que este ano, em matéria de primeiro lugar, estamos conversados. O resto logo se verá.
Pedir a uma equipa onde Jefferson, Bruno Gaspar, Gudelj e Diaby são titulares, com duas substituições forçadas pelo meio, que ganhasse ao porto, já saberíamos que não seria tarefa fácil. Mas estando nós a uma distância já tão considerável da frente, e estando a jogar em casa, pedia-se mais à equipa que o mero controlo do seu adversário. Insistir na titularidade de Diaby com Raphinha já  recuperado, soa-nos pouco racional. Marcel Keizer teve um momento no jogo, já na segunda-parte, onde poderia ter arriscado e trocava o lesionado Wendel por Jovane ou Luiz Philippe, forçando um assalto final à baliza de Casillas. Arriscava dar espaço ao adversário e até a perder o jogo, mas para quem privilegia o futebol de ataque, não esperava outra coisa. Até porque, nesta altura estar a 8 ou a 11 pontos do primeiro seria quase a mesma coisa. Mas estar a 5 ou a 8 pontos faria muita diferença. Se Keizer espera mesmo que o porto perca 8 pontos nesta segunda volta (ou até 10 ou 12, vá) continua a demonstrar que não conhece a realidade do futebol tuga. Nem tem a seu lado que lhe explique.
Keizer não passou de treinador bestial para banal, mas tem havido nestes últimos jogos alguns equívocos da sua parte que me tem deixado com a pulga atrás da orelha. É certo que já as goleadas contra Aves e Nacional foram enganadoras, pois foram precedidas de entradas em falso da nossa equipa. Mas nestes dois casos houve força e engenho para dar a volta. Ver a incapacidade de criarmos situações de perigo em Guimarães e em Tondela, bem como o entorpecimento da equipa durante o jogo contra o porto, deixa-me derreado. O que mais me irrita nisto tudo, é que com tanta esperança na mudança da filosófica de jogo, chamando inclusivamente mais a jogo os nossos miúdos, voltamos a jogar o mesmo futebol que jogávamos quando Peseiro era o treinador. Keiser tem agora a oportunidade de ouro para demonstrar o que vale enquanto homem do futebol. Se tem capacidade para abanar os jogadores e voltar ao registo de quando entrou no clube. Se não conseguir cumprir esta tarefa, continuando a enrolar-se nos equívocos que se tem envolvido nos últimos jogos, não lhe auguro um grande futuro como treinador do Sporting.
Entretanto, bastou umas horas a navegar pelas redes sociais para descobrir (mais uma) polémica entre sportinguistas. Um grupo de miúdos resolveu tirar uma foto onde gozava com a velha máxima Rui-Patriciana de "levantar a cabeça" e com a dicção do nosso presidente. A enxurrada de posts indignados com o raio dos fedelhos, seguidos de outra não menor avalanche de posts enaltecedores dos novos libertadores do sportinguismo, levaram-me a pensar se, afinal, não é só o treinador mas todo o Sporting Clube de Portugal que está a viver um grande equívoco.

2 comentários:

  1. Desconcerta-me essa última frase!! Foi mesmo só a característica histeria facebookiana que o levou a essa questão?!?? É, evidentemente, todo o Sporting que vive um grande equívoco! E, como toda a gente há muito sabe, não é coisa de agora.
    Mas como toda a estrutura organizativa de federação, liga, arbitragem e quejandos vivem de equívocos, vai indo tudo bem.
    Aliás é também de conhecimento que a própria administração do País vive de equívocos.
    E para fazer de conta de que a realidade não é esta inventou-se há uns anos (há duvidas na data), para amainar as coisas, uma instituição alternativa que aglomera uma grande percentagem de hipotéticos protestantes, anestesiando-os.

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    1. Caro conana, se calhar não expressei bem a minha ideia. Acho que neste momento estamos numa fase onde temos muita coisa para pensar sobre o nosso clube: aposta na formação, modalidades, política de relações institucionais com os outros clubes, etc. Há muita matéria relativa ao nosso clube para ser discutida, e que deveria merecer toda a nossa atenção. Transformar uma piadola de miúdos num assunto de lesa-pátria sportinguista, é de uma imbecilidade tremenda. Note que não estou a criticar os miúdos, por sinal até grandes sportinguistas e assíduos seguidores de tudo o que é Sporting. Estou a criticar quem decidiu tornar aquela foto num assunto de estado.

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