sábado, 5 de janeiro de 2019

Nós, as lampionices e as andradices

Lampionices.
Como seria de esperar, Rui Vitória lá teve de seguir o seu solitário caminho até à porta de saída do Seixal. O actual momento lampiónico precisava de um bode expiatório, papel esse que assenta que nem uma luva ao treinador entretanto despedido. Vitória, apesar dos títulos conquistados, estava completamente desacreditado junto da massa associativa encarnada. Não conheço nenhum benfiquista que, nesta altura, ousasse conceder uma ponta de benefício de dúvida ao treinador que conquistou o recorde de 88 pontos num campeonato. Isso diz muito do que os benfiquistas pensam do mérito da pessoa que treinava o seu clube nessa época. Sem carisma, sonso, com um discurso cheio de vacuidades, sem pinga de espontaneidade, certamente que Vitória irá desaparecer algures pelos desertos das arábias ou pelas estepes asiáticas, pois não acredito que algum clube europeu de topo o queira contratar. 
Apesar dos contratempos da nossa justiça, que não é propriamente conhecida pela sua celeridade, não há dúvida que o Estado Lampiânico ficou combalido com tudo o que saiu sobre o seu mecanismo. Os "padres", as "missas", o conluio com os "grupos de sócios organizados", as cartilhas com comentadores e jornalistas, as facilitações aos "clubes amigos" e, mais importante ainda, a queda de Paulo Gonçalves. Este rombo que o EL levou nos bastidores do futebol português acabou por se reflectir na performance da equipa no campeonato. A mediocridade do futebol lampiónico, que já era bem visível nas últimas campanhas europeias, ainda era por aqui disfarçada com a ajuda dos "padres", "missas", Bragas e Tondelas. Com o tempo, os "padres" foram-se afastando, chegando ao ponto "cereja em cima do bolo" de já expulsarem Jonas. Os clubes pequenos já vão batendo o pé ao clube DDT, pelo que se tornava cada vez mais difícil ao "Rei Midas" explicar aos seus sócios como é que a equipa que há duas épocas fez 88 pontos, apresenta hoje uma mediocridade de futebol (excepto com o Braga, claro está). Rui Vitória assumiu assim as vestes de "cordeiro pascal", sendo lançado aos lobos sem apelo nem agravo. Vieira ganha alguma margem de manobra, pois terá sempre a desculpa de ter de partir do zero a meio da época. Os adeptos, embalados pela mão presidencial e pela cartilha jornaleira, que ao contrário do que fizeram com Peseiro não perderam tempo em denegrir o trabalho do campino de Vila Franca de Xira, ficam assim com a sua atenção desviada do essencial. E o "essencial" desta história está bem à vista de todos: sem Paulo Gonçalves e os seus expedientes, este benfica é banal.

Andradices.
Com o ocaso do Estado Lampiânico, adivinhem quem é que voltou a aparecer? O Sistema, não ainda o velho Sistema da fruta e das viagens para o Brasil, mas que para lá caminhará se não lhe puserem a mão. Esta jornada mais uma vitória tangencial, mais uma ajudinha milagreira. Podem refilar que o protocolo do VAR não permitiria anular aquele lance, mas não é por isso que ele não deixa de ser ilegal. Já perdi a contagem aos lances duvidosos cuja avaliação, nesta época, descai sempre para o lado dos andrades. Os "padres", percebendo de que lado toca agora a música que embala as suas missas, lá se começaram a adaptar à nova realidade. É voltar a ver Maxi Pereira a passear incólume pelos relvados, acompanhado por Felipe.
Empurrados pelos seus novos amigos, os andrades lá vão conseguindo passar "à rasquinha" nos vários jogos que tem disputado. Por enquanto ainda conseguem disfarçar as suas limitações com a "garra" ou "força de vontade" com que conseguem entrar em jogo. O seu futebol é semelhante ao da última época, marcada pelas correrias dos seus avançados e constante bombeamento de bolas para a frente. Não é um futebol bonito mas é eficaz. Veremos até quando dura essa eficácia.

E nós.
O Sporting vai seguindo o seu caminho. A derrota de Guimarães foi justa, pois foi o espelho de uma exibição fraca frente a um Vitória que jogou muitíssimo bem. Foi este Vitória que ganhou no porto, virando um resultado de 2-0 para 2-3, e que perdeu pela margem mínima na Luz. Foi um tropeção desnecessário, pois vimos aumentar a distância para o primeiro classificado, mas foi justo. Entretanto conseguimos o apuramento para a final-four da Taça da Liga e voltámos às vitórias no campeonato, diante de um difícil Belenenses. As exibições continuam bem acima das do tempo de Peseiro, mas sentimos que ainda falta muita coisa para apurar. O ataque ao mercado de Inverno, onde até agora só se contratou um avançado e fez-se regressar Geraldes, ainda está longe de ter respondido aos nossos anseios. Continuo a achar que precisávamos de melhores defesas laterais, mais da direita do que da esquerda. E mais opções para o meio-campo, que como se viu nos últimos jogos, fica logo abalado com lesão ou castigo de um dos seus titulares. Aqui não compreendo como se possa considerar que um putativo empréstimo de Adrien não seja uma boa aquisição para a equipa. Adrien será sempre uma opção muito válida no nosso plantel, seja como titular ou como substituto, pelo que ficaria muito satisfeito com o seu regresso.
Quanto aos negócios mendianos que neste Inverno voltámos a fazer, falarei disso num outro post. Mas não posso deixar de expressar o meu desalento pelo facto de, mais uma vez, termos dado mostras de não ter memória, deixando entrar em nossa casa quem muito fez para a destruir.

2 comentários:

  1. Ir de chapéu na mão bater à porta do Mendes é caminho andado paara ser recebido com um "anda cá, meu arlequim florido, como queres ser comido?".
    Mendes é um negociante:: é vender-lhe um dedo, que ele fica com a mão; é comprar-lhe a mão e receber alguns dedos...
    Só o chama quem quer - ou precisa! Mas precisar dele deve significar apenas e só o serviço de intermediário:"Você representa aquele jogador, quanto custa? X? Damos Y, já com a sua comissão incluída" - e serve, serve, não serve... passe bem!
    São condições claramente definidas, que ele aceitará bem, mas... o problema irá surgir nas condições intermédias, tipo " se ele fizer x jogos, são mais z milhões; se fizer x+y jogos recebe mais a Torre de Belém", etc, etc. Nos empréstimos, quase seguramente que tentarão impingir-nos condições gravosas no final.
    Está na nossa mão aceitar ou recusar - e fixar uma data limite para a conclusão dessas negociações.
    Mendes, repito, é um negociante, tanto mais duro quanto mais nos mostrarmos "macios". Por isso, logo que lhe mostremos que preferimos cumprir as condições que fixamos do que sair delas para ganhar um negócio que "desejamos muito, muito", ou ele não quer mais negociar connosco ou aproxima-se como parceiro.
    O problema estará em cedermos: uma vez só que seja e lá se vai a "virgindade!

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    1. O Liondamaia está a analisar o Mendes como sendo um negociador normal e de bem. Não corresponde à realidade. O Mendes é um negociador que usa todos e quaisquer meios ao seu alcance para condicionar, pressionar e chantagear quem tem o azar de negociar com ele. O Mendes mente sem ter vergonha disso. O Mendes faz-se rodear de associados que mentem também sem vergonha nenhuma (basta lembrar o sócio do Mendes que, sendo tuga, veio "negociar" a Alvalade a falar inglês ou o genial ajuntamento no Dubai onde foi forjada a fantástica eleição da "academia" de carnide como "melhor do mundo" com o nome do Cristiano Ronaldo associado à "produção de talentos" na dita.)
      O Mendes não só é um trapaceiro como o SCP só tem a ganhar se se mantiver a uma distância considerável do gajo. Que mais não seja para evitar os eventuais estilhaços quando rebentar o carrossel de fugas ao fisco ...

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