segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Sporting: Tropeçar nos nossos equívocos no território armadilhado do futebol português

Ando de mau humor e com a crença em baixa.
Esta época tinha tudo para correr bem. Somos treinados pelo melhor treinador actualmente em Portugal e temos um plantel equilibrado e recheado de talentos como não tínhamos desde 2002. Começamos a época algo receosos, mas se as primeiras exibições foram um pouco àquem das expectativas, já os resultados vieram a confirmar o que se esperava. Conseguimos a qualificação para a Liga dos Campeões e no campeonato somámos uma série de jogos só com vitórias.
Hoje, nos últimos dias de Fevereiro, ainda não temos nada perdido. Vencemos a taça da carica, mantemos a esperança no apuramento para a final da Taça de Portugal, na Liga Europa temos fundadas expectativas em chegar aos quartos de final. No campeonato, que é a prova que mais nos interessa, ainda podemos sonhar com a conquista do caneco. E quando numa competição já só nos agarramos ao "sonho", então é porque algo não correu assim tão bem.
Na próxima sexta-feira jogaremos já aquele jogo que, se perdermos, não haverá sonho algum que nos valha. Irrita-me chegar ao inicio de Março e já estarmos a fazer os "jogos decisivos", onde uma perda mínima de pontos nos atira para fora da luta pelo título. Um presidente em guerra aberta contra tudo o que é lobbie anti-Sporting, o melhor treinador que poderíamos alcançar, um plantel qualitativamente melhor em relação aos últimos anos, um investimento forte no mercado de Inverno, mas no final chegamos a Março e já andamos a lutar pela sobrevivência. E porque é que chegámos a este ponto, assim tão cedo? Por duas coisas.
Em primeiro lugar, o terreno armadilhado que é o futebol português. Não há aqui novidade nenhuma, desde que me lembro, o nosso futebol tem tanta disputa dentro de campo como fora das quatro linhas. Sabíamos que esta época iria ser particulamente agitada, pois o Sistema quer a todo o custo derrubar o Estado Lampiânico. O benfica pentacampeão, juntando-se a um porto falido e na maior seca de campeonatos desde os anos 70, era a pior coisa que o Sistema poderia enfrentar. E por isso lançaram logo de inicio uma ofensiva em larga escala para derrubar o EL. Começou com a divulgação dos e-mails, passou para a pressão sobre os árbitros e o VAR. Em sentido oposto, o Estado Lampiânico respondia onde é mais forte, pela comunicação social que domina, tentando minimizar e descredibilizar as denúncias portistas. No centro do furação está a arbitragem, que tal como um barco à deriva num mar tempestuoso, vai balouçando de um lado para o outro, conforme sopra o vento mais forte. Os últimos jogos dos nossos rivais tem sido verdadeiros recitais de impunidade, escandalosos favorecimentos dos homens do apito, sem falar de algumas convenientes exibições das equipas contra quem jogam. No inicio da época cheguei a ter a esperança de que o VAR viesse por fim à pouca vergonha que é a arbitragem nacional, mas hoje sei que me enganei. Continuam os favorecimentos, as impunidades e as protecções aos do costume. 
Em segundo lugar, e não menos importante, os nossos próprios equívocos. Continuamos a perder pontos impensáveis contra equipas que estão nos últimos lugares. Com os sete pontos perdidos até agora contra Estoril, Vit. de Setúbal e Moreirense, estávamos hoje sossegados e isolados na frente. Não vale a pena gritarmos que temos de jogar a 120% para sermos campeões em Portugal, quando não ganhamos jogos que ganharíamos a jogar a 80 ou 90%. Noutro dia vi JJ, na mesma frase, dizer que vê mais além porque é muito bom, mas falhou por não ter tirado Bas Dost mais cedo. E, pergunto eu, para que preciso de um treinador muito bom, que vê mais longe do que os outros, mas depois teima em cometer os mesmos erros de sempre? Para que é que fomos gastar 6 milhões em Wendel para ficar na bancada e depois não temos dinheiro para ir buscar um Raphinha a Guimarães para ser titular? Porque não temos espaço no nosso plantel para Francisco Geraldes mas continuamos a insistir em Brian Ruiz? Porque é que andamos a rebentar fisicamente com Gelson e Bruno Fernandes, mas depois mandámos Iuri Medeiros embora e não apostamos em Misic ou Wendel? 
Os nossos dois rivais estão a travar uma luta titânica pelo domínio do nosso futebol. Na década passada começamos a perder força precisamente quando benfica e porto começaram essa luta. A queda do Sporting foi um dano colateral à tendência de bipolarização do futebol português. Hoje o Sporting não é outra vez um dano colateral graças à tenacidade de Bruno de Carvalho, que teima em remar contra a maré. Mas não tenhamos ilusões, pois o nosso espaço é cada vez mais reduzido, assim como reduzido é o tempo que temos para recuperar esse nosso espaço. 
Estamos numa altura em que mais do que visionários, precisamos de espíritos pragmáticos dentro do Sporting. 

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