terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

A Tragédia

A tragédia do passado domingo não começou naquele dia. Para contarmos a sua história, temos de recuar até ao Verão de 2018. Algures entre Junho e Agosto.
Em finais de Junho de 2018, estava a nação sportinguista empenhada na luta fratricida que resultou na destituição de Bruno de Carvalho como presidente do Sporting Clube de Portugal. A comissão de gestão que assumiu transitoriamente a direcção do clube, bem como a administração da SAD que esta nomeou, tiveram em mãos a tarefa hercúlea de iniciar a preparação da época a mês e meio do seu inicio.
Com a maior parte dos melhores jogadores do plantel de abalada, com o despedimento do treinador contratado pela direcção anterior, com a tesouraria da SAD embargada devido ao adiamento do empréstimo obrigacionista, parecia estarem todas as condições reunidas para que esta época fosse uma época não de zero, mas de -1, como foi a de 2013/2014. Ninguém no seu perfeito juízo poderia exigir-nos a conquista do título de campeão nacional 2018/2019, pelo que poderíamos enfrentar toda a época sem essa constante pressão de sermos os melhores. Sem o chato do anterior presidente para apertar com os meninos, e com os candidatos a presidente a darem de barato esta época como perdida, parecia estar tudo preparado para um reset no Sporting.
Com JJ fora, havia condições para voltar a apostar na nossa miudagem, até porque as rescisões do verão criaram um imenso espaço para eles. A falta de folga na tesouraria era uma desculpa mais que aceitável para justificar um parco investimento do plantel. A contratação de Peseiro para treinador principal era o primeiro motivo de desconfiança, mas face à baixa fasquia com que iniciávamos a temporada, até era aceitável o seu regresso a Alvalade.
Durante o verão chegaram algumas boas notícias. Afinal Bruno Fernandes, Bas Dost e Bataglia voltaram atrás na sua decisão de rescindir unilateralmente, ajudando a emprestar alguma qualidade ao tal reset que teríamos de fazer este ano. Mas foi sol de pouca dura.
Incompreensivelmente, a SAD liderada por Sousa Cintra preferiu enveredar por outros caminhos. Dispensaram-se jogadores da casa e acarinhados, como Francisco Geraldes, Matheus Pereira, Demiral, Domingos Duarte, entre outros, para abrir espaço a Gudelj, Sturaro ou Diaby. Nani, apesar de pouco acrescentar à equipa, vale pelo facto de ser um dos nossos símbolos. 
Depois começaram os nós górdios. Primeiro a novela Sturaro, muito mal contada e que espero que não tenha nada a ver com a ida de Ronaldo para a Juventus. Depois as cegadas com o estágio da pré-época e os jogos de preparação. A novela Viviano logo no primeiro jogo oficial. Por fim, a fraca qualidade exibicional da equipa. Qualquer semelhança entre este Sporting e o de 2013/2014 era pura coincidência.  Coincidência mesmo era o facto de termos começado na frente, fruto das vitórias arrancadas a ferros nos primeiros jogos, bem como de um empate sufocante na Luz.
Diz a Lei de Murphy que se alguma coisa pode correr mal, então vai correr mal. E nunca um clube do mundo tem tanta apetência por comprovar as Leis de Murphy como o Sporting Clube de Portugal. O resto já todos sabem: um arrastar tenebroso ao longo da época, apenas intervalado pela leve esperança de um interlúdio holandês da nossa sina.
Marcel Keizer prometeu muito e ainda hoje choro baba e ranho quando tento saber do que foi feito daqueles jogadores que deram aquele recital de bola em Vila do Conde. Mas numa época marcada por equívocos, também Marcel Keizer se enrolou neles, ao ponto de hoje não sabermos o que é que quer para esta equipa. Não vou aqui analisar a sua abordagem ao nosso último jogo, pois não tenho paciência nem vontade para essa auto-mutilação. Dou apenas este exemplo: quando a perder por 1-4, Keizer decidiu-se a fazer a segunda substituição por volta dos 80 minutos, fazendo entrar Petrovic em jogo. Já o médio despia o fato de treino, quando Diaby marca o golo que lhe seria anulado. Keizer, desistiu de meter Petrovic, convencido que "só" teria de recuperar dois golos, quando se apercebe da decisão do VAR de anular o golo. Voltando à estaca zero, seria de esperar que Keizer recupera-se a ideia anterior de lançar Petrovic. Mas não, afinal parecia haver um plano B (ainda estou a tentar perceber como iria implantar o plano A), e aos 85 minutos lá resolveu lançar Jovane Cabral na equipa, para o lugar de... Raphinha.
Eis a tragédia.

4 comentários:

  1. Completamente de acordo com este post. Em tudo.
    Fica a dúvida, o que se passa com Marcel Keiser ?

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    1. Fácil, fácil: chegou e tentou implementar o seu sistema; depois começaram as imposições do Fivelas e do Mendes (Viviano, M.Luis, Jovane, Acuna, Montero, etc) e, sem jogadores para a rotação, rebentou com os mais utilizados, que já não conseguem interpretar fielmente o sistema.

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  2. o keizer tem 50 anos , jogou ? ate aos 31 e é treinador por mais ou menos 10 anos , tendo treinado 1 clube na 1º liga na holanda , o ajax , por ser sobrinho do grande jogador Keizer , extremo esquerdo da equipa que foi tricampeã europeia .pensavam que o traidor fivelas tinha descoberto outro mourinho ? eu também jogo ao euromilhões mas nunca me saiu nada .

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