domingo, 20 de maio de 2018

Desolação final e os tempos difíceis que aí vem

Hoje seria a derradeira oportunidade para levarmos algo de positivo desta época, mas os acontecimentos dos últimos dias tornaram esse aspecto irrelevante. A derrota de hoje é o corolário de um desabamento que começou há duas semanas em Alvalade, quando ainda tínhamos algumas aspirações a acabar positivamente a temporada. É um final de época parecido com o de José Peseiro em 2005. Se bem que aqui com consequências mais gravosas.
O balanço de 2017/2018 é necessariamente negativo. A época começou tremida, mas a certa altura pareceu que tínhamos um plantel capaz de bater-se até ao fim nas quatro frentes em que jogávamos, com boas exibições pelo meio. Um empate em Setúbal e uma derrota no Estoril deixaram-nos prematuramente fora da luta pelo campeonato. A conquista da taça da Liga foi um feito importante, até porque foi a primeira vez que ganhámos esse troféu, mas foi muito pouco. Perder o segundo lugar e a taça de Portugal da forma como se perdeu, é imperdoável para uma equipa que até meio da época tinha aspirações a ser campeã.
O modelo de Jorge Jesus esgotou-se completamente em Alvalade. Hoje voltou a cometer os mesmos equívocos dos últimos jogos, lançando em jogo um William completamente sem ritmo nem cabeça para competir nesta fase da época. Fábio Coentrão arrastou-se em campo praticamente desde o início da partida. A perder, não queimámos a última substituição para, sei lá, lançar mais uma torre para o chuveirinho final. Uma supertaça e uma taça da liga em três épocas é muito pouco para um treinador que chegou ao Sporting com os pergaminhos que JJ trazia. Cada vez mais é evidente que sem o "Estado Lampiânico", JJ é a versão "made in Amadora" de José Peseiro.
Para alguns jogadores também chegou ao fim o seu tempo. Seja porque foram empurrados para a porta da saída, seja porque eles mesmos se alhearam do clube, é tempo de dizermos adeus a jogadores como Rui Patrício ou William. Aqui só espero que ambas as entidades (jogadores, agentes e clube) mantenham a dignidade até ao fim e evitem a vergonha de arrastar pela rua um processo litigioso. E que os sportinguistas lhes prestem a homenagem que creio que lhes é merecida.
Bruno de Carvalho também terá de tirar as devidas ilações de tudo o que se passou nos últimos dias. A sua falha de liderança atingiu o cúmulo do ridículo de o clube não ter estado hoje representado oficialmente na tribuna. Pelo que disse ontem, parece que o presidente levará às últimas consequências a sua saída do Sporting, que passa por enfrentar os sócios em AG. É a continuação da guerra civil entre sportinguistas.
Adivinham-se tempos conturbados em Alvalade nas próximas semanas. Isto tudo quando se deveria começar a preparar uma época que deveria ser de reset, com uma nova equipa técnica e de renovação do plantel. Com um presidente a dirigir o clube a partir de uma trincheira, sem team manager, com um treinador que agora não saberemos se sai ou não, com jogadores que não saberemos se vão rescindir com o Sporting ou não, com a comunicação social diariamente a meter carvão... 
Só peço uma coisa a quem ficar. Que a próxima temporada seja preparada e iniciada com o mínimo de dignidade que esta instituição centenária, os seus sócios e simpatizantes merecem. E que não se esqueçam que em primeiro lugar estão sempre os interesses do Sporting Clube de Portugal.

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