sexta-feira, 9 de junho de 2017

O Bode Expiatório

Enquanto o mundo gira à volta da "guerra surda" entre Irão e Arábia Saudita ou das eleições inglesas, cá pelo burgo vão-se erguendo as vozes sobre o assunto que está na ordem do dia: as missas cantadas na catedral da Luz.
O jornal A Bola continua feliz e contente a viver na sua própria dimensão, assobiando para o ar como se nada fosse. Impunha-se aqui um outro tipo de jornalismo, se não de investigação pelo menos de informação. O que foi dito no Porto Canal é demasiado grave para ser ignorado, por mais firmes que sejam as convicções dos editores do jornal. É como se um jornal generalista se desse ao luxo de ignorar, por exemplo, as últimas buscas da PJ nos escritórios da EDP e REN. É actualidade informativa, ponto. Não deixa de ser irónico, que num contexto de padres, missas e sacerdotes, com a catedral em pano de fundo, seja o jornal popularmente conhecido pela "Bíblia" a prestar-se a estas figuras. Tudo na paz do Senhor, portanto.
Da mesma forma que no caso dos "vouchers" tudo começou por um desmentido categórico, passando depois por um "todos fazem" ou "ninguém se deixa corromper por tal", até à definição final do limite máximo para as prendas, também aqui tem sido delicioso assistir ao contorcionismo levado a cabo pelos spin doctores do Estado Lampiânico. A fase do desmentido nem 24 horas durou, pois aquele comunicado envergonhado e o cancelamento da entrevista ao primeiro-ministro tresandavam a comprometimento. A fase do "todos fazem" circulou um pouco por aí durante o dia de ontem. Ele era a fruta, muito mais grave que as missas, ou então o Cardinal, pior do que ter sete árbitros ao seu serviço. O argumento de que "eu porto-me mal mas ele porta-se pior" já não pega. Especialmente quando este tem sido o único usado nestes últimos 4 anos onde os escândalos se vão sucedendo. 
Hoje acordei e verifiquei que a narrativa do Estado Lampiânico é agora a do bode expiatório. Afinal a culpa é toda do Pedro Guerra, que não tem categoria, nem dimensão, para assumir o protagonismo que tem em nome do benfica. Acordaram hoje e descobriram que é um ser asqueroso e é uma das fontes do mal-estar do nosso futebol. E vão tentando incutir-nos a ideia de que terá sido ele, sozinho, a tecer a teia que onde o futebol nacional está enredado. Ou, numa linguagem mais canónica, tenha sido ele o doutor da igreja que criou a "religião" onde os padres rezam e o primeiro-ministro reina. 
Tudo acabará com Pedro Guerra a partir para o Dubai, quiçá para os braços do Arcanjo Gabriel. E pensarão todos que assim, da mesma forma que se passa o esfregão para limpar a nódoa, também o nosso futebol ficará de cara lavada e imaculado, tudo dependendo do tamanho da nódoa a limpar.
Veremos que mais terá Francisco J. Marques para mostrar. Uma coisa é certa, por estes dias irá andar muita gente nervosa e a dormir mal. 
P.S.- E o que dizer das palavras de Rui Vitória ao jornal espanhol "Marca", sobre a adaptação dos seus jogadores ao video-árbitro??? Delicioso!

1 comentário:

  1. Lá terá o Ruizinho Sonso de arranjar alternativas nos treinos às sessões de "mergulho na piscina", andebol ou boxe grego...

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