terça-feira, 30 de maio de 2017

Próxima batalha: o fim das promiscuidades

Surpresa das surpresas, a utilização do video-árbitro na final da Taça de Portugal não resultou em nenhuma catástrofe ou hecatombe. A tragédia anunciada de que o VA iria provocar quebras no ritmo da partida, com inúmeros tempos mortos, como se a verdade desportiva fosse algo acessório em alta competição, afinal não se verificou. Como sempre, no final o Estado Lampiânico virou o bico ao prego e o seu Al-Carnidão, com a bazófia e fanfarronice típica daquela banda, difundiu a mensagem de que com ou sem VA, o vencedor é sempre o mesmo.
Mas não percamos muito tempo com a bazófia carnidense. Afinal, com esta narrativa, estão a passar a mensagem de que o VA não é o Apocalipse do futebol. "Vencendo os mesmos" acabam por desviar o foco na diabolização das novas tecnologias, o que é bom. Acabaremos por ler e ouvir nos próximos dias os "cartilheiros" a pregar isso mesmo, que "o VA era uma arma de arremesso dos rivais, mas que no final ganham sempre os melhores". Ao que eu acrescentaria, "ganham os melhores, sem (tantas) injustiças pelo meio". Em Agosto ninguém estará contra o VA, agora transformado em ferramenta essencial do futebol moderno. Depois disso, logo veremos...
Entretanto o Estado Lampiânico continua a copiar o guião que o Sistema foi utilizando na década de 90 e seguinte. Um dos pontos desse guião era o de emprestar fornadas de jogadores à equipas mais pequenas, de forma a torná-las mais dependentes do grande "pai" porto, logo pouco propensas a criar-lhes dificuldades ao longo do campeonato. Este negócio, a confirmar-se, demonstra cada vez mais o grau de sofisticação atingido pelo Estado Lampiânico. Não só demonstra uma boa capacidade de reacção às adversidades, o que reflecte o seu vigor, como também mostra estar apetrechado com soluções para, à semelhança do Sistema, manter entretidos e junto a si a maior parte dos clubes portugueses.
A adopção do VA, por si só, como atrás se viu, não garantirá a transparência do futebol jogado. Como disse Norton de Matos, se um jogador quiser fazer penalti contra a sua equipa, fá-lo. É certo que a implementação, ainda que embrionária, do VA dissipará alguns erros grosseiros e que custam pontos. No entanto há muito mais no nosso futebol nacional do que o golo mal anulado por fora-do-jogo ou o penalti que não foi assinalado. E será na eliminação das promiscuidades entre equipas de futebol que os nossos dirigentes (do Sporting e não só) terão de se bater nos próximos tempos.

2 comentários:

  1. O VA, tal como está concebido, não nos protege dos árbitros tendenciosos. Basta recordar que só intervém a pedido do árbitro. Permite uma margem de manobra muito ampla. E que eu saiba a estrutura mantém-se intacta...

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    1. Concordo que o VA não é ainda o que nos irá proteger das más arbitragens, mas o mais importante é mesmo começar a implementá-lo. O melhoramento virá depois e acredito que será sempre para melhor.
      Quanto à intervenção, creio que o VA também possa intervir sem pedido do árbitro. Pelo menos foi o que eu percebi desta peça do Mister do Café:
      http://misterdocafe.blogspot.pt/2017/05/como-funciona-o-video-arbitro.html

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