terça-feira, 2 de maio de 2017

Modalidades: o presente e o futuro

Se me perguntassem se na próxima época preferia ser eliminado da Liga dos Campeões logo no play-off ou chegar à final e levar 7-0 do Barcelona, eu responderia que preferia ir à final. 
É uma conversa de merda, bem sei, mas é algo que teremos de analisar e opinar nas próximas semanas: a aposta desta época nas modalidades foi positiva, assim-assim ou negativa?
Começo pelo óbvio futsal. Partindo do princípio que seremos campeões nacionais, pois somos de longe a melhor equipa do campeonato, como ficará a fotografia final após a derrota do passado domingo? Fizemos um mau jogo, em contraste com o bom jogo feito na meia-final. Mas chegámos lá à final, fomos vice-campeões europeus e a amplitude dos números é enganadora. Sofremos 7 golos porque a determinada altura do jogo tivemos de ir para a frente e correr riscos. Como dizia o comentador do jogo, é algo que nos últimos tempos desconhecemos, que é estarmos a perder por muitos e termos de arriscar tudo para inverter o resultado. Também aqui se paga o facto de sermos oriundos de um campeonato pouco competitivo, onde o nosso principal rival tem decaído de nível, ao contrário do que se passa em Espanha. É certo que a aposta no plantel desta época permitia-nos sonhar mais alto e que em função disso as expectativas levantaram-se. Mas, caramba!, não podemos agora embandeirar por um discurso derrotista só porque perdemos a final da principal prova europeia de clubes. É nestas alturas que temos de ter nervos de aço, respirar fundo, analisar a prova, mudar o que correu mal e conservar o que correu bem. Tal como as grandes descobertas da ciência, também aqui temos de chegar lá por tentativa e erro. Logo agora que iremos usufruir do nosso novo pavilhão, era impensável retroceder o caminho daquela que é, neste momento e de longe, a nossa melhor modalidade de pavilhão.
Depois do futsal, o andebol. Aqui, em vez da prova nacional, que me parece já algo improvável de conquistar, temos boas hipóteses de repetir a vitória na taça Challenge. Uma vitória numa prova europeia de clubes também é algo que não pode ser desprezado, pelo que a sua vitória terá sempre impacto na forma como faremos o balanço ao nosso andebol. Modalidade onde em tempos liderámos o palmarés, é o espelho da indigência que nos dirigiu nos últimos 20 anos. Se havia modalidade onde teríamos sempre que ter brio era esta, porque éramos lideres. Entretanto fomos ultrapassados por porto, benfica e ABC, pelo que quando recomeçámos a aposta na modalidade quase que começámos do zero. Nestas 3 últimas épocas recuperámos algum do nosso prestígio na modalidade, com vitórias na taça de Portugal e uma maior luta pela conquista do título. Esta época, face ao reforço da equipa, tínhamos esperanças em algo mais. A forma como perdemos os jogos decisivos, especialmente o jogo em casa com o porto, foi tremendamente desmotivador. Também aqui temos de manter os nervos de aço, e analisar bem o que se passou de errado. Se queremos voltar a liderar nas modalidades, temos de acarinhar aquelas onde o nosso palmarés é mais forte. E o andebol é uma delas.
O hóquei em patins também vai fazendo o seu caminho de afirmação. Sem o show-off do futsal ou as expectativas do andebol, esta modalidade vai crescendo e amadurecendo, num campeonato onde já lá estão porto e benfica fortíssimos. Aqui temos todos a noção que ainda é cedo para se exigir mais do nosso hóquei. Esperemos pelas próximas épocas para vermos se podemos sonhar mais alto ou não.
Isto no dia onde se fala no possível regresso do voleibol ao Sporting, estupidamente extinto dois anos depois de sermos campeões nacionais. Louvo o empenho desta direcção, no ano em que teremos o novo pavilhão, em fazer renascer aquele velho espírito ecléctico que caracterizava o nosso clube. Mas temos de ter consciência que não podemos chegar e conquistar logo tudo de uma vez. O que se passou esta épcoa com o futebol feminino é uma excepção, não é a regra no mundo do desporto. Há um caminho longo para se fazer e é nestas alturas que as direcções, os associados e os adeptos mais tem de estar juntos e em uníssono apontarem as setas para o objectivo final: fazer do Sporting a referência do desporto nacional, como foi em tempos.

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